Aumento dos salários (da função pública) e subsídios para a indústria automóvel e plano de renovação de… electrodomésticos. É assim que este país quer impulsionar o consumo interno
A China está a entrar numa das épocas do ano com maior consumo. Os feriados de Ano Novo, que acontecem de 29 de Janeiro a 4 de Fevereiro, são um ponto-chave para medir a temperatura da procura interna e os líderes económicos estão a tomar medidas para incentivar o consumo. A mais recentemente anunciada diz respeito ao aumento salarial na Função Pública, que poderá beneficiar 50 milhões de trabalhadores, avança o El economista.
Segundo dados estatísticos, até 2023 os funcionários públicos representavam 10% dos empregos urbanos da China. O referido aumento será de, pelo menos, 500 yuans por mês (cerca de 66 euros), o que representaria 5% do salário médio recebido por estes trabalhadores.
O economista da Bloomberg, Eric Zhu, diz que é «pouco provável» que um aumento salarial deste tipo «mude a situação do ponto de vista macroeconómico», mas ainda assim «constitui um passo positivo» após os vários cortes salariais que estes trabalhadores têm sofrido nos últimos anos.
A inflação na China manteve-se estável no ano passado e tudo indica que a procura interna está a começar a recuperar, também graças aos esforços do Governo com incentivos fiscais, como cortes de impostos para empresas e particulares, e aumento das despesas públicas.
Uma das principais medidas adoptadas foi o “plano de renovação” dos electrodomésticos, que além de estimular os gastos, pretende modernizar o sector. A novidade deste ano é o alargamento do programa de troca de electrodomésticos a 12 categorias de produtos. Além de fornos, micro-ondas, purificadores de água, máquinas de lavar louça e vaporizadores de arroz, há também telemóveis, tablets e relógios inteligentes.
Os clientes podem receber um subsídio de até 20% no preço do produto, com um limite de 2.000 yuans para electrodomésticos e 500 yuans yuans para dispositivos digitais.
Segundo fontes do Ministério do Comércio chinês, este plano de substituição de electrodomésticos aumentou as vendas do sector em 2024 em 27,2 mil milhões de euros e quase 30 milhões de consumidores beneficiaram de subsídios para a aquisição de electrodomésticos, aumentando o volume de vendas em 45,85 milhões de unidades.
Mas este não é o único programa que está a expandir-se. Os subsídios para a indústria automóvel foram alargados para incluir o abate de veículos que não cumprem as normas de emissões actuais no país. Os compradores de veículos eléctricos também podem receber até 15.000 yuans em apoios, enquanto os que compram veículos de combustão tradicionais receberão até 13.000 yuans.
O governo espera impulsionar as vendas de automóveis particulares com esta medida, cujo sector começou a recuperar no final do ano passado após a implementação de apoios.
Segundo o Ministério do Comércio, mais de 2,9 milhões de veículos foram descartados e 3,7 milhões de veículos novos foram comprados através do programa de subsídios, gerando 920 milhões de yuans em vendas.
O Centro de Investigação e Tecnologia Automóvel da China prevê mais de 4,1 milhões de trocas adicionais de veículos até 2025, gerando mais de 580 mil milhões de yuans em vendas. Também aumentaram os apoios no sector dos transportes públicos de forma a renovar (e electrificar) a frota de autocarros nas cidades.