Autonomia ou Respeito pela Autonomia… dos Outros: um Princípio Ético!
Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy
Capacidade de uma pessoa tomar uma decisão não forçada baseada nos dados e informações que tem disponíveis. Isto é Autonomia! Conceito derivado do grego, que podemos encontrar na moral, na política, na filosofia e na bioética, que significa “aquele que estabelece as suas próprias leis”.
Conceito este que aparece como denominador comum, em particular ao nível organizacional, mas não só! Na nossa vida também. Ansiamos que uma criança no seu processo de desenvolvimento, mesmo ainda no berço, consiga segurar com as suas mãos o biberão e beber o seu leite – passa a demonstrar o seu primeiro sinal de autonomia. E, a partir daí, qualquer sinal de fazer as coisas por si mesmo são sinais evidentes que se está a tornar um indivíduo cada vez mais autónomo.
Mas o peso deste conceito, que muitas vezes nos passa despercebido, é disseminado constantemente. Raro é o anúncio de divulgação de uma oportunidade profissional que, ou apele a pessoas autónomas, ou que não garanta que a função que irá exercer possui um elevado grau de autonomia. Evidente que ao falarmos hoje em dia de autonomia, tal como tantos outros, nos confrontamos com uma evolução conceptual face à génese do termo.
Na perspetiva mais neurobiológica e psicológica é um conceito que tem sofrido acelerada revisão, situando-se muito na imprevisibilidade da resposta às interações relacionais que estabelecemos e à forma como estruturamos as nossas decisões face a um determinado contexto. Numa perspetiva ética, mais importante que a autonomia é o respeito pela… autonomia! Com apelo ao designado bom senso, de uma forma mais sensitiva ou às boas práticas com que atuamos em determinado contexto, numa lógica mais objetiva. Ou ainda, se entendermos, numa perspetiva jurídica, como suporte formal à responsabilidade pessoal por todos e quaisquer atos.
Sejamos claros. A autonomia seja entendida como Valor, Princípio Ético, Direito ou Competência, é um conceito de primordial importância. Estamos num mundo em que a informação é plenamente disseminada, em que divulgação de dados e factos nos chega facilmente. Como tal, há que assumir decisões, com transparência, objetividade e responsabilidade. E é neste processo decisional que se conquista a verdadeira autonomia. Sem dúvida que é um direito o poder optar, fazer escolhas. É uma competência comportamental e, como tal, alvo de aprendizagem e treino: no fundo, aprender a selecionar informação e treinar a comunicar com assertividade. Mas acima de tudo um Valor inalianável de escolher quem me pode representar, mas de efetuar as minhas próprias escolhas, assumindo com toda a responsabilidade qualquer decisão. E um Princípio Ético, pois induz um padrão de comportamento em Sociedade.
Este é um conceito que terá que ser, mais que nunca, defendido. Cada Estado ou Sociedade, cada Organização ou Pessoa, tem o direito às suas escolhas e à sua tomada de decisão, no respeito fundamental pela Lei, mas no respeito pela liberdade de escolha dos outros. Tal como no juramento de Hipócrates: “Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém.”
Mais que autonomia, é respeitar a autonomia dos outros: como qualidade estruturante e como suporte à dignidade do ser humano. É premente, hoje, colocar a Autonomia na sua vertente Ética!