Bem vindos à Transformação. A Mudança já era!

Por João Nuno Bogalho, Gestor de Pessoas. Coordenador de pós-graduações no Instituto Piaget

 

Quando, no início do segundo semestre deste ano lectivo, preparava a “Disciplina de Humanidade e o Futuro: Paradigmas e Dinâmicas”, estava longe de imaginar que no momento da sua conclusão, sentisse que a sua aplicabilidade, necessidade e contemporaneidade, fossem tão evidentes.

No espaço de apenas duas a quatro semanas, concentram-se um conjunto de acontecimentos que, pelo menos a mim, me fazem pensar e que partilho

Em 3 dias choveu numa região da China, o equivalente a um ano inteiro.. Gerando destruição de estruturas e matando umas dezenas de pessoas. Uma semana antes, na Alemanha, cheias devastavam populações. Simultaneamente, fogos incontroláveis na Sibéria e na costa Oeste dos Estados Unidos. Uma semana depois de se baterem recordes absolutos de temperatura do ar, acima dos 50º, matando pessoas, e terminando em fogos que apagaram do mapa localidades.

Abordámos o Paradigma Ecológico, e o Contrato Natural. Onde sobressai esta necessidade absoluta da Humanidade entender, respeitar e preservar a Natureza. Não em actos isolados e reactivos, mas de uma forma estrutural intrínseca em que o Homem é parte integrante de um sistema natural, e não o seu manipulador.

No espaço de apenas uma semana, duas entidades particulares colocam seres humanos no espaço, em vôos experimentais, de forma autónoma, abrindo portas à comercialização e democratização do acesso às viagens espaciais. Enquanto um país continua a acoplar componentes à sua estação orbital. Uma nota particular ao facto de que o New Shepard tem como combustível, hidrogénio e oxigénio.

Abordámos a Humanização do Espaço, em distintas e até contraditórias visões de vantagens e desvantagens. Aulas espectaculares estas. Sendo que uma das grandes desvantagens ainda apontada por alguns, está relacionada com os enormes e impensáveis custos, nomeadamente no preço final para o potencial viajante. Recordo-me que na minha juventude, os preços de um simples vôo comercial Lisboa – Paris – Lisboa, tinha preços inatingíveis para a maioria. Valia a pena ir no Sud Express durante 27 horas. Hoje, pouco mais de 30 anos depois, há jantares bem mais caros que esse mesmo bilhete. O mundo ficou tão mais pequenino. Talvez não demore assim tanto tempo, até ser possível viajar no espaço…

O último ano e meio trouxe-nos, também, a urgência de adaptar a Educação e o Ensino. A tentativa de adaptar novos canais e acessos, insistindo na necessidade de manter conteúdos. A constante luta por  manter real esse inalienável direito à educação. Alunos e pais, docentes e não docentes, sabemos bem os desafios pelos quais passámos nos últimos dois anos lectivos. A crescente discussão sobre como garantir o ensino, começando  também a surgir vários debates sobre o que ensinar, nestas novas e diferentes potencialidades.

Abordámos os Saberes Críticos do Futuro e que competências transferir para as novas gerações. A importância das competências Sociais, de integração na Natureza, da Ética. A importância do que é Universal e de respeito pela Humanidade. A adaptabilidade e flexibilidade, a incorporação do pluralismo, aceitação e valorização da diferença.

Por distintos locais do planeta surgem cada vez mais revelações de casos de corrupção, de povos a ganhar coragem para enfrentar regimes totalitários.

Os Jogos Olímpicos, desta vez a culminar a primeira Olimpíada de 5 anos. Sendo um evento de demonstração da dimensão desportiva do ser humano, por ser global e universal, não foi isento de inúmeros boicotes de origem política, e outras polémicas diversas. No entanto, e apesar de serem um dos momentos universais de congregação dos povos e de apelo à Paz Universal, foram interrompidos 3 vezes. Uma por via da primeira guerra mundial em 1916, outras duas pela segunda guerra mundial em 1940 e 1944. E agora, um adiar, perante uma novo inimigo à escala mundial. Tokyo 2020 a acontecer em 2021.

Esta Pandemia contemporânea, que a todos afeta indistintamente. Não discrimina com base em nada. Género, cor, crença religiosa, orientação sexual, nível de riqueza ou pobreza, local do planeta. Nada. A total universalidade de um inimigo comum, que rompeu com tantas crenças e dogmas.

E pergunto-me eu. Estamos ou não estamos a mudar o paradigma? Estamos, ou não, a ser forçados a rever tudo e a redefinir prioridades? Estamos, ou não, perante a necessidade de recomeçar? Eu sei que sim. E mais do que isso, está a acontecer de uma forma extremamente rápida.

O tempo demora cada vez menos tempo.

E o Futuro de amanhã é cada vez mais diferente do Futuro de hoje.

Bem vindos à Transformação. A mudança já era!

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