Boa Governação: Ética, Transparência e Responsabilidade

A designada boa governação é um tema mais que atual e transversal na gestão dos nossos dias. Rege-se por princípios universais de uma democracia inclusiva, participativa, transparente e responsável. Salienta, ainda, princípios humanistas e, logicamente, de respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. Pilar, pois, fundamental de um Estado de direito e garantia de igualdade de acesso a serviços sociais de base.

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

 

Com um mais intenso impulso no ESG, ou impulsionado, por este, mais do que o entendimento concetual expresso, o que se torna fundamental na análise do mundo laboral, e até da Sociedade, é a preocupação pela definição de uma conduta ética e de responsabildade em toda a cadeia produtiva, mas também no modus operandi, não só social, mas também das lideranças, sejam elas ao nível micro das Organizações, mas também do próprio Estado.

Atualmente, é impossível pensar em governança corporativa e social sem pensar nos efeitos da crise climática, nas discussões sobre direitos humanos, tão atuais nos impactos que os conflitos internacionais aportam,  e o papel social que as organizações exercem dentro deste contexto. Mas pede-se às organizações que transformem diretrizes em ações objetivas e, se necessário, quando não cumpridas se apurem as responsabilidades e ajam em conformidade. Só há uma forma de garantir responsabilização: transparência. E não há que ter medo da mesma, pois a integridade é um mote fundamental.

Apontam-se, pois, pilares essenciais a levar em linha de conta para que uma boa governação exista de forma assertiva, mas acima de tudo que seja credível para as Pessoas. Mas como se costuma dizer “prevenir é o melhor remédio!”. É aconselhável executar-se um programa estruturado de gestão de riscos. Há riscos potenciais para o negócio, em que um deles pode ser crítico: perder-se Talento. Mas também, avaliar-se a relação com outro stakeholders da Organização, já que não atuamos de forma isolada. Para se definirem estratégias de mitigação, há que manter uma avaliação contínua.

Mas existem tónicas determinantes para que consideremos afirmar uma boa governação: a Ética, a Integridade, os princípios e direitos fundamentais associados ao Trabalho. E não basta o que está declarado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), se não se cumprir. Afirmar um propósito e a dignidade do Trabalho, até a sua expressão nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, são cruciais. Mais que nunca o Efeito Pigmaleão está presente. Apesar de o desejarmos na sua verdadeira aceção – “quanto maiores as expectativas que se têm relativamente a uma pessoa, melhor o seu desempenho”, o contrário também se pode aplicar. Ou seja, a perceção de falta de Ética e de propósito e corrosão na dignidade perante o trabalho, pode, em definitivo, comprometer o sucesso de um negócio e tornar uma organização com resultados positivos, a aproximar-se do abismo.

Não só pela sua definição, mas afirmar a boa governação significa participação, responsabilização e transparência. Apela, pois, ao compromisso de todos: Estado, Organizações, Pessoas. Mas não é um frenesim gerado pela moda, é acima de tudo afirmar Valores, melhorar a qualidade de vida das Pessoas e conseguirmos uma melhor Sociedade, verdadeiramente democrática e inclusiva.

Ler Mais