Caixa Geral de Depósitos: Qual a estratégia para reforçar a cultura organizacional?

Com um plano inovador de Team Building, que combina diversão e aprendizagem, a CGD procura criar um ambiente estimulante e inclusivo.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a reforçar a sua estratégia organizacional com uma abordagem inovadora nos eventos internos, de acordo com Nuno Martins, administrador Executivo da instituição bancária. Num contexto de rápidas mudanças, a capacidade de adaptação e evolução da Cultura Organizacional torna-se cada vez mais essencial para a empresa.

Nesta entrevista, Nuno Martins fala do plano estratégico da CGD, que inclui um pilar dedicado à «Cultura, Pessoas e Transformação», e que visa garantir e posicionar a empresa para um crescimento sustentável, assim como as iniciativas que contribuem para a coesão interna e para o desenvolvimento contínuo dos colaboradores.

 

Qual é a estratégia da CGD no que diz respeito a eventos internos?
Num contexto onde as mudanças são rápidas e imprevisíveis, a capacidade de adaptar e fazer evoluir a cultura organizacional torna-se essencial. Neste âmbito, a Caixa definiu no seu plano estratégico um pilar dedicado à Cultura, Pessoas e Transformação, que engloba um conjunto de iniciativas que asseguram a empresa para um crescimento sustentável – onde a coesão que resulta de cada evento interno contribui significativamente.

Numa instituição financeira de grande dimensão como a Caixa, os eventos internos permitem interacções entre departamentos e o aprofundar do valor da contribuição de cada um para o objectivo de continuar a melhorar o serviço ao cliente.

A estratégia passa não só por proporcionar momentos internos aos colaboradores que visem a promoção de networking entre as diferentes áreas de negócio do banco, como também por associar cada evento ao reforço de competências-chave para a organização. Aptidões que são trabalhadas de uma forma divertida e num ambiente disruptivo e “out off the box”.

Procuramos, assim, criar momentos que estimulem não só o bem-estar e a motivação dos nossos colaboradores, mas que também estejam alinhados com os valores da Caixa. Enfatizamos o desenvolvimento das “soft skills” na instituição, onde as actividades de team bulding têm um papel fundamental ao complementar os programas de formação estruturantes para cada função. Desta forma, contribuem para o crescimento pessoal e profissional das nossas pessoas.

 

Que iniciativas de team building a CGD já desenvolveu e quais é que ainda irá desenvolver este ano?
A Caixa tem uma variedade de iniciativas de team building, que incluem workshops de liderança, actividades ao ar livre, sessões de formação colaborativas, sessões de concepção focadas em resolver desafios específicos da organização e eventos desportivos. Estes eventos foram intensificados desde 2022 e, actualmente, cada equipa tem a oportunidade de experienciar momentos que combinam a partilha das melhores práticas de trabalho, com momentos de convívio e descontração.

Em 2024, voltamos a apostar na realização destas dinâmicas inter-direcções, com foco na qualidade de resultados para o cliente final. A própria comunicação de objectivos tem tido como complemento estas actividades, onde mais do que informar se pretende a colaboração na definição dos mesmos e o compromisso e motivação para a sua implementação.

Na Caixa, assim como nas diferentes instituições, temos diferentes skills e realizamos funções distintas. Estas acções permitem tirar partido do valor individual e direccionar para o desenvolvimento de uma equipa com um objectivo comum.

A palavra de ordem é “acreditar” e quando o fazemos com este propósito nenhum objectivo é impossível. E esta mensagem acaba por ser incorporada nas actividades de team building, seja quando o desafio é construir uma jangada de cartão e fazer atravessar a equipa num percurso de água com ela, ou quando se passam conhecimentos de Tameshiwari, com o objectivo de concentrar a força e energia em áreas especificas.

Estes são apenas alguns exemplos das actividades que têm vindo a ser desenvolvidas desde Janeiro e que irão acontecer até ao final de 2024. Nas iniciativas para este segundo semestre, destaco, por exemplo, as actividades incorporadas na semana internacional da sustentabilidade da Caixa e a final da competição interna do Global Management Challenge – onde participam equipas de diferentes geografias – que, este ano, será dinamizado em Cabo Verde. O objectivo é o de promover a interculturalidade e a diversidade de conhecimentos.

 

Na sua perspectiva, a aprendizagem combina com a diversão?
A aprendizagem e diversão é, comprovadamente, uma combinação eficaz. É assim que começamos na nossa infância e faz sentido que se aplique também no decurso da nossa vida. Para alem disso, o sucesso passa por uma aprendizagem activa, combinada com elementos lúdicos, onde as mensagens são retidas de forma natural e em tempo real, aumentando a retenção de conhecimento e a melhoria da compreensão do “eu” e do “nós” enquanto equipa.

A diversão durante os eventos de team building cria uma experiência emocional positiva, a qual se torna fundamental para uma aprendizagem eficaz e um sentimento de bem-estar e de pertença à equipa e à Caixa.

Um evento de team building tem compromisso e tarefas individuais. Cada elemento tem ownership do contributo que coloca ao serviço do resultado da equipa. Esta é uma fórmula que procuramos trazer do team building para a Caixa e para o trabalho diário. Cada evento traz, por isso, mais energia, mais motivação e mais compromisso para com a nossa missão.

 

De que forma são programadas as actividades de team building na CGD? São actividades temáticas? Quais os critérios?
Os eventos são programados todos os anos no âmbito do Plano de Formação da Caixa. Por norma, são actividades customizadas para atender às necessidades de cada colaborador e aos objectivos estratégicos da organização. Em cada actividade, existe sempre um mote ou tema principal, a partir do qual o evento se desenvolve, como inovação, foco na qualidade, comunicação, confiança, sustentabilidade ou bem-estar. Mesmo nos programas de formação desenvolvidos, são incorporadas acções offsite, com dinâmicas de team building, sempre que possível.

Os critérios para a selecção destas actividades incluem a relevância para os objectivos estratégicos, o feedback dos colaboradores e a diversidade de experiências oferecidas, com foco especial no desenvolvimento das soft skills e na promoção da aprendizagem ao longo da vida.

 

De que forma os eventos internos contribuem para a cultura organizacional da CGD?
Os eventos internos, sejam eles estruturados ou informais, são pilares fundamentais na cultura da Caixa, uma vez que ajudam a criar um sentimento de comunidade e pertença. Pela sua natureza, promovem, de forma natural, os valores essenciais construídos a partir dos 148 anos da nossa história e de confiança dos nossos clientes.

Todos os dias, a empresa tem de se adaptar, de forma contínua, ao seu envolvente, às necessidades e à forma de trabalhar dos nossos clientes. Além disso, também tem de se adaptar com os seus colaboradores e com o modo como interagimos internamente e criamos valor. No entanto, a Caixa deve fortalecer o que cria de melhor ao longo da sua história, entender bem e ser fiel ao que a distingue no mercado. As actividades reflectem, por isso, princípios como a colaboração, inovação, qualidade, rigor, responsabilidade e compromisso com a excelência.

Estes eventos promovem, também, um ambiente mais inclusivo, onde a interacção entre os diferentes departamentos e níveis hierárquicos quebra barreiras e melhora a comunicação e o espírito colaborativo em toda a organização. Num evento desta natureza, onde a participação vai desde a gestão de topo até à base, não existem hierarquias e todos colaboram ao mesmo nível, sendo que, muitas vezes, até invertem papéis.

 

Que objectivos estão, afinal, inerentes aos eventos internos da CGD?
Os eventos são uma oportunidade para fortalecer a cultura Caixa, desenvolver talentos e impulsionar o desempenho organizacional, através de uma aprendizagem ao longo do percurso profissional de cada colaborador.

Neste sentido, os eventos internos de team building da Caixa são desenhados para atingir vários objectivos, que estão alinhados com os pilares do plano estratégico: pessoas, cultura e transformação.

Melhorar a comunicação: facilitar uma comunicação mais aberta e eficaz entre os elementos das equipas;

Fortalecer relações: construir e fortalecer os laços pessoais e profissionais entre os colegas;

Promover a colaboração: incentivar a cooperação e o trabalho em conjunto para alcançar objectivos comuns;

Aumentar a motivação: aumentar a motivação dos indivíduos;

Desenvolver competências: melhorar competências específicas, como orientação para resultados e/ou cliente;

Estimular a criatividade: criar um ambiente que estimule a inovação e o pensamento criativo;

Gerar confiança: construir relações de confiança entre os elementos das equipas;

Alinhar objectivos estratégicos: garantir que todos se encontram alinhados com a visão da direcção e/ou organização;

Promover a inclusão: fomentar um ambiente inclusivo onde todos se sintam valorizados e ouvidos.

 

De forma global, pretende-se aumentar a coesão entre as equipas, promover o desenvolvimento de competências a vários níveis e reforçar o compromisso de todos com os valores da empresa.

 

Que impacto têm as iniciativas de team building na produtividade e satisfação dos colaboradores?
A par do reforço do sentimento de pertença à equipa, este tipo de eventos proporciona um ambiente muito positivo onde as actividades desenvolvidas promovem o reforço de laços entre elementos das equipas. Tudo isto resulta num ambiente de trabalho mais harmonioso, cooperativo e com colaboradores mais motivados, mais comprometidos e mais felizes no dia-a-dia.

Sentimos que aquilo que é desenvolvido nestas iniciativas se transfere para a Caixa, em particular nos projectos multidisciplinares e de maior dimensão. Faz-se mais, melhor e com mais alegria.

 

Como é que a CGD recolhe feedback dos colaboradores sobre os eventos internos e atividades de team building?
O feedback é muito importante para nós. Cada evento é avaliado pelos colaboradores de uma forma simples e rápida, com o objectivo de medir o grau de satisfação com os eventos (aspectos positivos e áreas de melhoria). Apesar de o grau de satisfação ser na ordem dos 90%, estamos sempre à procura de sugestões e oportunidades para melhorar as actividades.

 

Que tipos de eventos são mais valorizados pelos colaboradores e porquê?
São valorizados particularmente eventos que combinam a aprendizagem, casos práticos e actividades off site. São exemplos disso os workshops interactivos, actividades ao ar livre e eventos que proporcionam o network e desenvolvimento pessoal. Todas as competências trabalhadas têm valências na vertente profissional e pessoal e o reconhecimento dessa mais-valia tem uma forte correlação na motivação e na aprendizagem.

 

É possível medir os resultados deste tipo de iniciativas? Que resultados pode partilhar?
O melhor barómetro que uma organização pode ter, neste tipo de actividades, é o feedback dos colaboradores que querem voltar a repetir no ano seguinte. Considerando que o evento do ano anterior teve óptimas repercussões, nomeadamente na dinâmica da equipa, no foco nos resultados e na capacidade de comunicação intra-equipa e inter-equipas, a chance de repetir no ano seguinte é maior. A motivação e o compromisso são sempre indicadores com impacto e reflexo directo após estas iniciativas.

 

De que forma as equipas de outras geografias são envolvidas na área de eventos internos?
O Grupo Caixa está presente em 18 países, distribuídos por quatro continentes, num total de mais de 12 mil colaboradores. Para uma organização com a dimensão da CGD, a solução passa por existirem eventos temáticos que juntam equipas de diferentes origens.

A título de exemplo, temos as seguintes iniciativas: a semana da Sustentabilidade, por exemplo, que permite trazer a Lisboa as equipas que, nas diferentes geografias, trabalham estes temas; o Global Management Challenge, que promove conhecimentos de gestão e de liderança entre as equipas que participam no jogo nos diferentes Bancos e/ou Sucursais do Grupo Caixa; e, ainda, o Encontro da Caixa Fora da Caixa para Colaboradores, o qual se realiza anualmente, onde todos são convidados a estar presentes.

O envolvimento de todas as geografias é também assegurado com eventos virtuais, que permitem uma integração global. Além disso, são promovidos intercâmbios de colaboradores que facilitam a troca de experiências e reforçam a coesão entre as diferentes geografias. O objectivo é assegurar que todos os colaboradores, independentemente da sua localização, tenham acesso a oportunidades de crescimento e de desenvolvimento – onde muitas vezes os especialistas internos dos temas assumem a mentoria e a dinamização das actividades.

 

Por fim, de que forma a área de eventos internos e team building poderá evoluir na CGD nos próximos anos?
Este tipo de eventos tem um vasto potencial de evolução, não só pela necessidade de acompanhar tendências tecnológicas ou o reforço de soft skills, como também pela necessidade crescente do foco ser na saúde e no bem-estar dos colaboradores. Já estamos a realizar eventos que integram, por exemplo, meditação e mindfullness – sendo que o objectivo passa por promover o seu alargamento a mais equipas.

Continuaremos a adaptar a nossa estratégia para estes eventos, com base no feedback dos colaboradores e nas tendências emergentes do mercado, garantindo um ambiente de trabalho cada vez mais positivo e produtivo. Adicionalmente, intensificaremos o foco no desenvolvimento de soft skills emergentes e na aprendizagem contínua, assegurando que os nossos colaboradores estão preparados para o contexto actual e futuro.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Team Building/Eventos Internos” publicado na edição de Agosto (n.º 164) da Human Resources.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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