CEGID: Uma cultura inclusiva e diversificada com recurso à tecnologia

Num mundo cada vez mais globalizado e em constante mudança, as organizações estão cada vez mais conscientes de que a diversidade de pessoas é fundamental.

Esta diversidade permite-nos compreender o contexto em que estamos inseridos, antecipar cenários, tomar melhores decisões e criar organizações inclusivas, onde todos encontram um sentimento de pertença e oportunidades de desenvolvimento e progressão profissional. É um facto que, construir equipas com diferentes perspectivas e experiências, não só enriquece o ambiente de trabalho, como também melhora os resultados globais dos negócios e promove a inovação dentro das organizações.
Na área dos Recursos Humanos, quado falamos em diversidade, referimo-nos a uma série de características e experiências que os colaboradores proporcionam às organizações, que, entre outros aspectos, podem estar relacionadas com o género, idade, etnia, orientação sexual e contexto cultural.
Existem cada vez mais medidas regulamentares que visam promover um tratamento justo e igualitário entre colaboradores, mas estas nem sempre estão implementadas nas organizações. A tecnologia, mais concretamente os avanços tecnológicos como a Inteligência Artificial, automatização e análise de dados, permitem transformar a forma como os Recursos Humanos gerem os processos internos, abrindo um mundo de novas oportunidades para promover uma cultura diversificada e inclusiva dentro das organizações.

A DIGITALIZAÇÃO COMO MOTOR PARA A DIVERSIDADE
A digitalização é um dos grandes drivers para criar um futuro mais inclusivo e diversificado, na medida em que possibilita a implementação de políticas que incentivam a diversidade de inúmeras formas. Começando pela aquisição de talento, as plataformas digitais de recrutamento ajudam a atingir um segmento mais alargado de candidatos, independentemente da sua localização geográfica. Actualmente, o Curriculum Vitae “cego” já está a ser aplicado em muitos processos, o que facilita não só o recrutamento de candidatos com diferentes perfis, mas também a diminuição de preconceitos – por vezes inconscientes – durante o processo de selecção de candidatos.
Da mesma forma, as soluções digitais de captação de talento também contribuem para eliminar barreiras, tanto físicas como sociais. Isto permite, por exemplo, às pessoas portadoras de alguma incapacidade – como dificuldades de mobilidade, visuais ou auditivas – aceder a um maior número de oportunidades de emprego. As tecnologias específicas de apoio, juntamente com as adaptações ao ambiente de trabalho digital, conseguem proporcionar à sociedade uma maior igualdade de oportunidades e criar culturas organizacionais mais inclusivas.
A digitalização também reduziu de forma significativa as limitações geográficas que nos eram impostas no passado. Graças à tecnologia, os colaboradores conseguem comunicar e colaborar em tempo real, independente da sua localização geográfica. As plataformas digitais proporcionam um espaço em que as distintas equipas podem colaborar e partilhar ideias para a tomada de decisões de forma eficaz, garantindo que todas as vozes são ouvidas, independentemente da sua localização ou função na organização.
De facto, as soluções digitais são um grande aliado para promover uma cultura inclusiva e diversificada dentro das organizações. Através das plataformas de formação online e os conteúdos interactivos, é possível proporcionar formação aos colaboradores sobre diversidade e inclusão, de uma forma escalável e personalizada. Estas iniciativas ajudam a sensibilizar as equipas para a importância da diversidade e para a criação de ambientes de trabalho inclusivos.
Embora a digitalização ofereça um imenso potencial para um futuro mais diverso, é importante reconhecer que tanto os preconceitos como a desigualdade podem ser mantidos no digital, pelo que é fundamental garantir que as plataformas tecnológicas são desenvolvidas tendo em conta políticas de inclusão e diversidade.

PROMOVER POLÍTICAS DE INCLUSÃO ATRAVÉS DA TECNOLOGIA
A incorporação de políticas de inclusão e diversidade nas organizações é uma prioridade para os gestores de Recursos Humanos, e o recurso à tecnologia permite- lhes implementar algumas políticas de forma muito mais eficaz. O software de gestão de talento, por exemplo, desempenha um papel fundamental neste domínio por várias razões. A primeira, consiste no facto de permitir uma análise de dados mais rigorosa para uma tomada de decisões informada e sustentada em dados, recolhendo e analisando todas as informações disponíveis sobre as equipas e o desempenho da empresa. Isto proporciona às organizações informação valiosa para serem capazes de identificar lacunas no que diz respeito à diversidade, definir objectivos mensuráveis e tomar decisões mais informadas sobre políticas de Recursos Humanos, para alcançar uma cultura organizacional inclusiva.
Por outro lado, estas soluções tecnológicas são um apoio fundamental para as empresas serem capazes de criar planos de formação e de progressão de carreira mais personalizados, de forma a promover a igualdade de oportunidades entre todos os colaboradores dentro de uma organização, uma vez que os colaboradores têm acesso a planos de desenvolvimento personalizados para o crescimento profissional de cada um.
Além disso, as soluções de gestão de talento podem contribuir de forma significativa para a redução da disparidade salarial entre homens e mulheres. Através da criação de KPI específicos para cada colaborador, bem como da monitorização e acompanhamento contínuo do desempenho de cada um, os profissionais de Recursos Humanos podem mesmo implementar correções no processamento salarial base anual, no sentido de minimizar as disparidades salariais dentro da organização.
Percebemos então, que a tecnologia pode servir de catalisador para a mudança para as empresas. Os princípios da inclusão podem ser integrados no desenvolvimento tecnológico, garantindo que os produtos e serviços são acessíveis a pessoas com incapacidades ou limitações. Da mesma forma, a tecnologia pode facilitar a educação e a sensibilização através de plataformas de aprendizagem digital, proporcionando recursos e oportunidades para que indivíduos de todas as origens adquiram novas competências e conhecimentos. Ao tirar partido da tecnologia para promover políticas de inclusão, podemos fomentar um futuro mais equitativo e inclusivo para todos. Por outro lado, a tecnologia permite a comunicação e a colaboração de forma virtual, o que quebra qualquer tipo de barreira física, assim como permite aos colaboradores comunicarem e partilharem ideias em tempo real, apesar da sua localização geográfica.
É importante referir que a tecnologia por si só não consegue criar uma cultura organizacional inclusiva e diversa. As empresas devem utilizar a tecnologia como sendo um aliado, em conjunto com uma liderança determinada, políticas inclusivas e esforços contínuos para criar um ambiente que valoriza e apoia a diversidade. O discernimento humano, a empatia e a aprendizagem continuam a ser essenciais para utilizar eficazmente a tecnologia e criar um local de trabalho inclusivo.
Em suma, a diversidade no ambiente de trabalho deve ser mais do que uma mera declaração no papel: é imprescindível abordá-la de forma efectiva e genuína. As pessoas são a chave para o sucesso das organizações e, cada vez mais, aspectos como a diversidade e inclusão ditam a diferença entre uma empresa e outra. Se queremos colaboradores empenhados, motivados e comprometidos com a organização, devemos criar ambientes de trabalho verdadeiramente enriquecedores e equitativos e, para isso, não nos podemos esquecer da tecnologia.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Transformação Digital” na edição de Julho (n.º 151) da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

Ler Mais