Cerca de 30% dos trabalhadores não estão satisfeitos no trabalho, mas 80% dos gestores acham o contrário

Segundo o mais recente estudo do Capgemini Research Institute, “People Experience Advantage: How companies can make life better for their most important assets”, apenas 28% dos trabalhadores que não desempenham funções de gestão afirmaram estar satisfeitos com o seu trabalho, enquanto 80% dos gestores acreditam que os seus colaboradores estão satisfeitos.

 

O estudo revela que 34% dos trabalhadores inquiridos planeiam deixar a empresa onde estão actualmente no prazo de um ano, e que destes, a maioria (66%), planeia fazê-lo já nos próximos três a nove meses. Ainda que os valores adequados dos salários constituam um dos principais factores no que diz respeito à satisfação dos assalariados, mais de metade dos trabalhadores abrangidos pelo estudo (52%) afirmou que, continuariam a considerar abandonar o seu actual empego, mesmo que lhe fosse oferecida a mesma posição noutra empresa com o mesmo nível de remuneração. Esta tendência reforça a necessidade de as empresas agirem rapidamente no sentido de reforçarem a retenção dos seus principais talentos.

Ao invés, 97% dos trabalhadores que têm experiências positivas com o trabalho, manifestaram a sua intenção de continuarem na mesma empresa onde estão durante o próximo ano. E 96% revelaram que se sentem enquadrados e motivados. O estudo conclui que as experiências positivas no trabalho são essenciais para a saúde das empresas e que, podem mesmo, ter um impacto económico positivo. De facto, cerca de metade (48%) dos gestores das empresas onde foram reportadas experiências de trabalho positivas afirmaram que o nível de satisfação dos seus clientes melhorou como consequência indirecta.

Apesar de 92% dos gestores inquiridos acreditarem que as suas equipas são felizes no trabalho, o estudo conclui que apenas 30% dos trabalhadores partilham desta opinião. Estabelecer o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal continua a ser uma preocupação fundamental para todos, com 65% dos trabalhadores e 61% dos gestores a citá-lo como o aspecto mais importante da sua experiência profissional. A necessidade de alcançar um equilíbrio real continua a ser uma das principais preocupações dos colaboradores, uma vez que apenas 29% consideraram que podem ausentar-se, e só 28% afirmou que o seu horário de trabalho é suficientemente flexível para lhes permitir conciliar trabalho e vida familiar e pessoal.

Outra preocupação crítica para os trabalhadores está relacionada com o propósito do seu trabalho – isto é, saberem porque fazem o que fazem. Perto de três quartos dos inquiridos consideraram que para eles este é mesmo o aspecto mais importante de todos na sua experiência laboral. Assegurar que os colaboradores têm uma compreensão correcta e completa das funções que desempenham, bem como de quais são as perspectivas de progressão na carreira e do potencial de crescimento que podem esperar alcançar nas empresas onde trabalham, são aspectos fundamentais para melhorar a sua experiência e aumentar os níveis de retenção de talento nas empresas.

O estudo alerta também que, à medida que as empresas vão desenvolvendo uma relação de equilíbrio entre os modelos de trabalho remoto e presencial, torna-se imprescindível que prestem uma maior atenção à flexibilidade. Quase cerca de metade dos trabalhadores inquiridos (48%) e 87% dos gestores estão satisfeitos com as oportunidades de trabalharem de forma remota. Estes dados corroboram as conclusões avançadas por um estudo anterior que revelou que 66% dos colaboradores que se sentem micro-geridos são também aqueles que afirmaram que estão cansados do trabalho remoto. Daqui se infere que incutir o sentido de autonomia e confiança entre os colaboradores é fundamental para o sucesso do modelo de trabalho remoto.

A aprendizagem e o desenvolvimento de competências também são destacados pelos trabalhadores como sendo aspectos importantes (65%). No entanto, apenas 28% declararam que o seu trabalho lhes permite aprender e desenvolver novas competências. As empresas têm, portanto, aqui uma grande oportunidade para colmatar esta lacuna.

O estudo recomenda às empresas que desenvolvam uma estratégia de RH interfuncional para proporcionarem uma experiência inclusiva a todos os seus colaboradores, independentemente da sua faixa etária, das funções que estes desempenham, ou/e do estatuto que possuam. Esta estratégia poderá contribuir para consolidar experiências díspares e criar uma cultura corporativa mais consistente e homogénea.

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