Cinco sinais de que pode estar a auto-sabotar a sua carreira (e como evitá-los)

Na maioria das vezes, não damos conta de que estamos a auto-sabotar a carreira. Surge disfarçada de “bons conselhos” para nos proteger, mas é a voz interior que vai alimentando a dúvida e destruindo a auto-confiança. Uma especialista em recrutamento partilha com a Fast Company sinais que podem indicar comportamentos auto-sabotadores.

 

O mercado de trabalho está preparado para oferecer ao profissional o emprego dos seus sonhos. Aspirações vocacionais que antes eram meros desejos já estão à disposição e os avanços e promoções na carreira já não estão a anos de distância.

Se não acredita, há dados que o comprovam, e aqui pode estar o primeiro indicador de uma manobra de autossabotagem. Uma pesquisa recente nos EUA mostrou que, nos últimos dois anos, 63% dos profissionais receberam uma promoção e, para apoiar as necessidades dos colaboradores, quase 50% das empresas gastaram mais em upskilling em 2022.

Contudo, na era em que o colaborador está no centro, Roxanne Calder, fundadora e managing director da EST10, consultora australiana especialista em recrutamento, revela que os comportamentos auto-sabotadores são uma constante.

Aperfeiçoe o trabalho que conhece. Neste momento é muito arriscado mudar de emprego, de empresa, de sector ou conseguir uma promoção. Com o aumento das taxas de juros e o elevado custo de vida, é muito melhor ter a segurança do emprego, da empresa e da chefia que conhece. E se não resultar? Tem compromissos financeiros e uma família a seu cargo, que depende de si.

Mas e se resultar? Na vida, não há garantias. Cada cenário económico tem o seu próprio conjunto de riscos e forças externas. Se adicionarmos o desemprego elevado e um excedente de candidatos, é uma proposta ainda mais arriscada, uma vez que a sua posição é totalmente substituível.

Trabalhar a partir de casa. “Eu trabalho mais.” Isso pode ser verdade, mas se trabalhar em casa mais de um ou dois dias por semana estará a jogar à roleta com a sua carreira. Ou seja, não é visto o suficiente. Essas oportunidades de “brilhar” através da partilha de ideias, do brainstorming e da resolução de problemas perdem-se. O mesmo acontece com valiosos momentos de construção de ligação e confiança. Essas interacções sociais com colegas contribuem para o seu desempenho.

Se está a iniciar um novo trabalho, não pode subestimar a experiência de aprendizagem por osmose no escritório. Nem a interacção cultural e o envolvimento, que contribuem para aumentar as suas hipóteses de sucesso.

Simplesmente não estou pronto. Ou talvez precise de mais formação, mentoria, upskilling e mais seis meses de trabalho? Concorda com tudo isto, apesar de o seu gestor apostar em si. Raramente estamos prontos, mesmo nos momentos perfeitos.

A beleza deste momento específico é que os empregadores estão perfeitamente conscientes das necessidades de formação para melhorar as competências dos seus colaboradores. Os gestores sabem que precisam de ser pacientes e solidários. Da mesma forma, esperam que os seus colaboradores sejam empenhados, resilientes e dispostos a ficarem “prontos”.

Limites. A vantagem da pandemia foi termos melhorado a capacidade de dizer “não”. Demorou a chegar e os ambientes de trabalho e cultura organizacional melhoraram. Mas os limites não são estáticos. Precisam de revisão e reajuste constantes, de acordo com as mudanças do ambiente geral.

Os seus “não” podem estar a impedi-lo de oportunidades de aprendizagem, causando estagnação na carreira. Isso também pode atrasar a ligação e colaboração de equipa e bloquear os “sim” do gestor e dos colegas.

“Quiet quitting”. Faz o seu trabalho e ponto final; não há o “ir mais além”. Originalmente, “desistir silenciosamente” era usado para protestar contra a cultura proeminente de excesso de trabalho na China. Desde então, transformou-se no comportamento ocidental no local de trabalho.

A COVID-19 ensinou a defender os direitos dos trabalhadores no local de trabalho. Demorou muito e foi uma mudança importante no status quo. Mas quais são as circunstâncias da sua “desistência silenciosa”? Baseia-se no excesso de trabalho e direitos ou simplesmente na luta por não querer dar mais? Se o seu mote for: “Não sou apreciado, por isso não farei mais do que me é pedido”, é praticamente garantido que não será apreciado.

Na maioria das vezes, não damos conta de que estamos a auto-sabotar a carreira. Surge disfarçada de “bons conselhos” para nos proteger, mas é a voz interior que vai alimentando a dúvida e destruindo a auto-confiança.

Em muitos casos, o comportamento autodestrutivo, como a auto-sabotagem profissional, está enraizado na ansiedade. E que após o medo, preocupação e apreensão vividos nos últimos anos, os mecanismos de auto-protecção justificam-se.

Mas este não. Na sua essência, a auto-sabotagem é o padrão de repetir comportamentos pouco saudáveis, que nos impedem de fazer as mudanças necessárias para alcançar objectivos. Se nada mais estiver garantido, a sobrevivência no novo mundo de hoje exige aceitar a mudança. Sucumbir à auto-sabotagem profissional quase certamente significará sabotar outras partes da vida.

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