
Cinco tendências que vão redefinir a Gestão de Pessoas em 2026
O modelo tradicional dos recursos humanos, baseado em processos uniformes e pacotes de benefícios standard, está num ponto de viragem. Em 2026, os recursos humanos vão assumir um novo papel: não são apenas executores mas sim arquitectos de ecossistemas humanos adaptáveis, éticos, e sustentáveis. A Coverflex identificou cinco tendências, que vão redefinir a forma como as empresas atraem as suas pessoas e cuidam delas.
São elas:
1. Hiperpersonalização: o fim do modelo “tamanho único”
A primeira grande tendência é a do fim do pacote de benefícios uniforme. O que representa reconhecimento para uns pode ser irrelevante para outros. Em 2026, cada colaborador passará a compor a sua própria combinação de benefícios através de plataformas com lógica de “wallet”, que permitem alocar valores conforme as prioridades individuais: do seguro ao vale infância, passando pela tecnologia e/ou pelo ginásio.
O foco desloca-se da pergunta “O que oferecemos?” para “Como criamos condições para que cada colaborador escolha o que tem mais valor para si?”
2. IA Generativa: do Excel ao copiloto estratégico
A Inteligência Artificial deixa de ser apenas uma ferramenta de automação para se tornar um copiloto estratégico do director de RH. Sistemas inteligentes vão antecipar riscos de rotatividade, identificar sinais precoces de desmotivação, propor planos de desenvolvimento personalizados e apoiar líderes com dados contextuais antes de reuniões críticas.
O maior desafio será equilibrar transparência, privacidade, e responsabilidade, estabelecendo fronteiras claras entre o contributo do algoritmo e a decisão humana.
3. Flexibilidade salarial: quando o colaborador gere a sua própria compensação
Se já existe flexibilidade sobre o tempo e o local de trabalho, porque não sobre a remuneração? Em 2026, a compensação deixará de ser apenas “valor recebido” para se tornar “valor gerido”. O colaborador passa de recetor passivo a gestor activo da sua remuneração.
Segundo João Franqueira, CPO da Coverflex, «a tendência aponta para uma flexibilidade que vai além dos benefícios: o colaborador passará a gerir parte da sua compensação global de forma dinâmica».
Na prática, isto significa converter bónus em dias de descanso, reforçar seguros, escolher entre diferentes composições salariais ou trocar parcialmente remuneração por formação certificada. Este modelo não implica perda de controlo organizacional, mas sim a construção de um sistema baseado em confiança e corresponsabilidade.
4. Aprendizagem contínua: quando o desenvolvimento deixa de ser momentâneo
Num contexto em que funções desaparecem e novas surgem em meses, aprender deixa de ser um momento para se tornar parte do próprio trabalho. O director de RH assume o papel de curador e estratega, desenhando percursos de evolução contínua através de mapeamento proactivo de competências, programas de reskilling e upskilling, e transferência sistemática de conhecimento entre equipas e gerações.
As empresas que apostarem nesta lógica ganharão agilidade e independência, reduzindo a dependência do recrutamento externo.
5. Saúde mental: do extra motivacional ao pilar estrutural
O bem-estar consolidar-se-á como pilar central da gestão de pessoas. O salário emocional deixa de ser um complemento simbólico para se tornar um pilar estratégico de sustentabilidade humana e organizacional, com acesso contínuo a apoio psicológico confidencial, programas de literacia emocional, plataformas de bem-estar digital e políticas explícitas sobre descanso e desconexão.