Começar já e sem desculpas

Por Ricardo Oliveira Nunes, Profissional de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas

 

Aprendemos a marcar datas e calendários de acordo com o desconfinamento mas ainda estamos muito longe da data mágica para regressarmos ao que poderemos considerar uma vida normal. Já percebemos, no entanto, que as soluções para a nossa vida e trabalho têm que ser encontradas independentemente do final da pandemia, por isso o melhor é arregaçar as mangas e meter mãos à obra.

Existem muitos temas que vamos ter que abordar já com coragem e assertividade se queremos uma vida e empresas melhores no futuro imediato. Claro que a crise económica pós-pandemia é o maior deles todos, mas não podemos, por causa disso, esquecer pilares fundamentais que sustentam as nossas empresas. Para mim um dos mais importantes é a diversidade, igualdade e inclusão (DII).

Muito se discute sobre as melhores formas para resolver esta questão no mundo empresarial, político e social. As opiniões dividem-se entre a definição de quotas, criação de planos de igualdade e muita sensibilização sobre o tema.

Em minha opinião tudo isto pode ajudar, mas acho fundamental ir bem mais ao fundo da questão. Se não começarmos a atacar o problema bem cedo, através da educação dos mais novos para mudar o paradigma, nunca conseguiremos ter uma sociedade e mundo laboral melhor do que aquele que temos hoje.

Para isso é importante que se fale da diversidade, igualdade e inclusão abertamente e sem pudores nos livros escolares, didáticos, lúdicos, banda desenhada, séries, filmes, etc.

Mas para conseguirmos educar os mais novos sobre este assunto, nós os mais velhos temos que mudar também a nossa maneira de olhar para a vida e alguns precisam de ser mais ajudados do que outros para esta grande transformação.

Empresas e Estado tem que agir de imediato no sentido de mudar o paradigma de forma assertiva. Alguns exemplos do que podemos fazer já:

  • reforçar os apoios e a proteção da parentalidade (mulher e homem),
  • apoio à saúde mental e wellbeing,
  • criação de novos modelos de trabalho remoto sem discriminação salarial, nas promoções e nas contratações,
  • identificação das bias que todos temos (muitas vezes de forma inconsciente) e aprender o melhor modo de as identificar e ultrapassar sem receio,
  • não tolerar que nas organizações existam pessoas que ostensivamente desrespeitem as regras básicas da DII a pretexto de obter melhores resultados,
  • utilizar sempre linguagem inclusiva e não discriminatória.

Muitas outras formas poderiam ser invocadas aqui para atingir este objetivo que é para mim o tema urgente do presente e já não do futuro. Não importa ter tudo de uma só vez, o que defendo é que devemos começar já, sem desculpas ou adiamentos.

E porque não começar pelo mais básico: todas as empresas deveriam ter um simples plano para a DII como têm para a expansão do negócio, talento, inovação, etc. Este pode ser o motor de tudo o resto neste percurso de mudança.

Não é tarefa fácil e não é um caminho simples, mas se queremos mudar mesmo o futuro das nossas gerações, trabalho e empresas, não podemos perder mais tempo. E sobretudo não podemos continuar a adiar esta e outras soluções porque estamos em pandemia. Se alguma lição poderemos tirar destes tempos em que vivemos, é que será sempre com mudanças de mentalidades que venceremos tudo, até um vírus.

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