Comissão Europeia pede mais contenção salarial em Portugal

Em 2022, Portugal registou uma perda média de poder de compra salarial na ordem dos 0,2%, abaixo da média da zona euro, onde a perda real foi de 2,3%. Segundo as novas previsões económicas da primavera da Comissão Europeia (CE), este ano pode acontecer uma ligeira recuperação, que rondará 1,3%, mas no próximo ano, o ritmo do salário médio real por trabalhador colapsa novamente e ficará praticamente estagnado (0,2%).

 

Apesar disso, de acordo com o Dinheiro Vivo isso não impediu o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, em pedir mais contenção nos aumentos salariais que estejam ou venham a ser negociados para não gerar «uma espiral inflacionista» no País.

Em conferência de imprensa, o antigo ministro das Finanças italiano traçou, primeiro, um panorama optimista sobre Portugal. Disse que ia crescer «o dobro» da média da zona euro e da União Europeia neste ano e no próximo e que o défice público até pode vir a ser um dos mais baixos do clube da moeda única.

No entanto, há partes da economia onde a procura e os lucros não são suficientes e onde os salários (nominais) estão a ser arrasados pela inflação. E outras partes onde a procura é elevada e aí as actualizações salariais podem ir longe.  Paolo Gentiloni lamentou o primeiro caso e advertiu logo que o segundo tem de ser muito acompanhado e, eventualmente, evitado.

Segundo o comissário, na economia portuguesa, «há sectores onde se registou uma procura mais forte, o que permitiu margens de lucro que acomodaram aumentos dos salários».

No entanto, à medida que a inflação se vai enraizando, as margens de lucro de muitas empresas podem começar a cair e isso «reduz o espaço» para que continue a haver novos aumentos de salários.

Neste novo estudo da primavera, a CE espera que «os ajustamentos salariais no contexto de um nível de emprego recorde mantenham pressão sobre os preços dos serviços», por exemplo.

Depois de os preços nacionais terem disparado mais de 8% no ano passado, este ano será sobrecarregado com um novo aumento (inflação) de 5%.

Mas «não podemos ser complacentes» com esta dimensão dos aumentos das remunerações, repetiu o comissário. Nem mesmo em Portugal, pelo que Paolo Gentiloni advertiu especificamente o País: disse que «é preciso evitar que o crescimento dos salários alimente uma espiral inflacionista.»

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