Consulting House: Academias de (Trans)formação

Gostaria de fazer um investimento com uma rentabilidade de 700%? Quem não gostaria? “Qual a cripto moeda?”, pergunta o leitor mais céptico. A boa notícia é que não precisa de pôr o dinheiro da sua empresa em risco. A solução de investimento que permite este retorno pode bem ser uma Academia de Formação.

 

Por: Ricardo J. Vargas, CEO da Consulting House, psicólogo, Executive Coach, Certified Management Consultant pelo IMC USA, Certified speaking Professional pela NSA USA, autor do bestseller internacional Chief Executive Team

 

Esta ideia não é um exercício hipotético. É fruto da nossa experiência e de investigação de gestão publicada. Em 2015, um cliente do México abordou-nos porque queria que a sua área comercial aumentasse a performance dramaticamente. O cliente sentia que não estava a ser realizado todo o potencial da empresa e que o desenvolvimento da equipa podia ser a chave que faltava.

 

Retorno garantido
Após diagnóstico de desenvolvimento organizacional e reflexão estratégica conjunta, decidimos criar uma Academia de Liderança focada nas chefias comerciais, em vez de desenvolver directamente as competências dos vendedores.

O cliente determinou avaliar o impacto da sua academia através de um conjunto alargado de indicadores internos, recolhidos e monitorados habitualmente para avaliação da performance da equipa comercial: volume de vendas, produtividade individual, eficácia de recrutamento, retenção de vendedores, tempo de execução de processos internos, percentagem de reuniões bem-sucedidas, entre outros.

A fase de execução da academia, a formação, durou 18 meses, durante os quais foram dados módulos com interregnos para implementação das metodologias com as equipas. Seis meses depois do último módulo, o cliente mostrou-nos o resultado dos seus indicadores de performance internos: 689% de retorno sobre o investimento (ROI). E ainda não tinha passado um ano sobre o fim do projecto. O desenvolvimento de chefias continuaria a produzir resultados por vários anos.

 

O porquê e o como da solução de investimento
A investigação de gestão mostra que estes números são elevados, mas não são impossíveis.

As empresas criam academias de formação porque querem resultados visíveis e impacto no negócio. Apostam numa jornada de desenvolvimento estratégica, com uma visão e um percurso que produza resultados visíveis e sustentáveis. Estes são benefícios que uma Academia produz e que nem sempre é possível alcançar quando a empresa investe em formação ad hoc sem continuidade no tempo e alinhamento estratégico.

Mas não é qualquer academia que consegue os resultados acima descritos. A quantidade e qualidade do tempo e trabalho investidos pelo cliente na criação de uma academia estão ligadas à capacidade de a mesma gerar um ROI elevado.

Há cinco requisitos para o máximo retorno: (1) uma empresa que se dedique a uma definição estratégica de que tipo de colaboradores precisa para atingir os seus objectivos futuros de negócio; (2) um diagnóstico de gaps e necessidades aprofundado; (3) encontrar parceiros de excelência para concretizar a academia; (4) um processo de desenvolvimento de competências impactante; e (5) definir uma forma de implementação e comunicação estimulante e próxima.

Uma empresa que implemente uma low cost academy – fazer o mesmo caminho com o mínimo de tempo, trabalho e dinheiro investido – corre o risco de a sua academia gerar um ROI reduzido, ou de nem ser capaz de obter retorno do investimento feito.

 

O 70:20:10 Aplicado à cultura e à liderança
Outro exemplo de projecto que segue os princípios descritos, é o de uma empresa nacional, integrada num dos maiores grupos empresariais mundiais há mais de uma década.

A empresa vinha a “fermentar” a necessidade de tornar o investimento em pessoas mais alinhado: com a estratégia da organização; com a cultura da organização e do Grupo; e com a filosofia de aprendizagem 70:20:10. Para além disso, pretendia fomentar uma maior autorresponsabilização e engagement com o processo de evolução profissional, que estava até aí muito dependente da iniciativa dos RH. O desenvolvimento teria de ser mais ágil, ajustado às necessidades e disponibilidades individuais e rapidamente aplicável no dia-a-dia.

Com estes objectivos em mente, a empresa decidiu criar um ecossistema online em que coexistiriam academias de diferentes áreas estratégicas. Fomos desafiados a contribuir com a construção de duas dessas academias: uma com foco em comportamentos e competências desejadas de forma transversal, dirigida a todos os colaboradores; outra focada em competências de liderança, dirigida à leadership team.

Fruto de um trabalho de estreita cooperação, estas duas academias representam um case study de como se pode assegurar um alinhamento cultural de uma empresa, através de um modelo de desenvolvimento suportado por uma plataforma online que fornece as ferramentas, conteúdos e exercícios do-it-yourself para que as pessoas se desenvolvam de forma estruturada nas vertentes do 70 (learning from experience) e 20 (learning from others) do modelo 70:20:10.

 

Modelo de actuação
Os exemplos anteriores ilustram o modelo de actuação da Consulting House. Dependendo das necessidades do projecto e dos objectivos do cliente, podemos actuar na criação de Academias de Formação enquanto:

Strategic Partners: apoiamos a definição da estratégia, montamos a academia, desenhamos a arquitectura de aprendizagem, definimos requisitos para os conteúdos, recrutamos e seleccionamos os parceiros de know-how, definimos a governance, participamos na gestão, avaliamos o impacto, medimos o ROI, etc. Em algumas situações já fomos chamados a fazer o revamp de academias ou universidades corporativas que não estão a funcionar como desejado.

Know-how Partners: investigamos e desenhamos conteúdos impactantes, mantemos os conteúdos actualizados ao longo do tempo, apoiamos os clientes na transformação do seu conteúdo interno em módulos de formação eficazes e entusiasmantes, etc. Em alguns casos, fornecemos conteúdos chave-na-mão. Isto é, criamos módulos perfeitamente ajustados que depois ficam propriedade intelectual dos clientes.

Delivery Partners: entregamos módulos de formação ao mais alto nível de qualidade, em áreas pedagógicas em que lideramos. Por vezes em co-monitoria com os formadores do cliente. Podemos ainda, em vez de entregar, treinar as pessoas que fazem o delivery para tornarem-se bons pedagogos e assegurar o impacto das acções.

Em alguns projectos trabalhamos em todas estas capacidades. Em outros, apenas em algumas. Estas capacidades são aplicadas a Academias de Liderança, de Serviço, de Valores e Competências Core transversais na empresa, e Academias Técnicas.

 

Formar pessoas para uma profissão que não existe
As Academias Técnicas podem ser em áreas cujo know-how dominamos ou que o cliente domina. Quando a Consulting House foi contactada por uma empresa multinacional para formar colaboradores numa função que não existia no mercado, abraçámos a oportunidade com entusiasmo.

O principal desafio prendia-se com o simples facto de o conhecimento técnico que a empresa pretendia divulgar estar apenas centralizado num número reduzido de pessoas, que estão espalhadas por diferentes países. Em cima disto, existiam ainda formas muito distintas de trabalhar nas diferentes geografias, sendo necessário estandardizar os processos antes mesmo de poder escalar as competências.

É neste contexto que nasce a “Recipe Academy”: um percurso formativo 80% online e 20% presencial para a formação de “Recipe Developers” numa multinacional de robôs de cozinha. O intuito era desenvolver uma área de negócio que alimentasse o negócio principal, aumentando a utilização dos produtos, a satisfação com os mesmos e criando uma rede de divulgadores e fãs comprometidos.

Enquanto Strategic Partners apoiámos a concepção de um business case para obter aprovação do Executive Board; definimos as competências a desenvolver; desenhámos toda a arquitectura e currículo da academia; e apoiámos na gestão do projecto e das equipas envolvidas recorrendo a uma abordagem agile.

Como o know-how a transmitir na academia não era expertise da Consulting House, formalizámos e extraímos o conhecimento implícito das únicas seis pessoas no mundo que tinham o know-how necessário. Esse conhecimento foi transformado numa estrutura e sequência de aprendizagem capaz de treinar um número ilimitado de pessoas em menos de metade do tempo necessário até aí.

Finalmente, o delivery viria a ser feito por formadores internos do cliente, pelo que foi necessário capacitá-los para tal, garantindo os mais elevados níveis de qualidade internacional.

 

Parece muito investimento
Os exemplos aqui sugeridos de Academias de Formação alinhadas com a estratégia podem sugerir que é necessário um grande esforço. Além do que empresas mais pequenas possam fazer. Mas não tem de ser assim. Temos academias que começam com projectos reduzidos, mas escaláveis. Inicialmente dirigidas a um target específico, podem crescer organicamente transformando-se numa intervenção articulada, estrategicamente alinhada e de longo-prazo. Desde que isso seja previsto de início.

Por isso, se tem um projecto deste tipo na gaveta, fale connosco. Podem estar aí os seus 700% de retorno.

 

Este artigo faz parte do Especial “Academias” publicado na edição de Março (n.º 159) da Human Resources.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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