Contexto atual: nova realidade, novos indicadores!

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

 

É frequente ouvirmos e lermos que as escolhas e as decisões que agora tomamos, poderão condicionar o futuro de gerações. Nunca tivemos tanta informação e ferramentas à nossa disposição para que essas escolhas e decisões sejam as mais corretas.

Mas nunca, também, nos sentimos tão presos de uma indefinição sobre quais os melhores passos. O vaivem do impacto pandémico deixa-nos a navegar numa agitação constante, num clima de incerteza e de receio que as melhores previsões se aproximam mais do pesadelo do que da esperança.

Mas não vale a pena cruzarmos os braços, esperando que tudo passe, ou arriscarmos decisões erráticas. Mas a tendência para a precipitação decisional está a ganhar contornos preocupantes. A decisão de desvalorizar a pandemia, por cansaço, ou exacerbá-la, por medo, tende a extremar posições. E no meio de tudo isto, temos Pessoas!

Ao longo dos tempos todas as Organizações foram criando e monitorizando os seus quadros de indicadores, aos mais diversos níveis do seu desempenho, acreditando que aí conseguiriam controlar os seus resultados. Uns mais financeiros, outros de performance dos colaboradores e, até, ao nível do bem-estar dos mesmos. Em conjunto, pretendiam-se pessoas imbrincadas e motivadas na Organização.

Até que uma pandemia baralha esses indicadores. E curiosamente são mais indicadores que geram o confronto com uma nova realidade. Todos os dias somos confrontados com números que impactam em um conjunto de restrições que Países democráticos e livres nunca esperaram vir a ter! São números que determinam o desenvolvimento de uma Economia, da qual depende o conforto dos cidadãos! São números que estão a ter repercussões em medidas que estavam planeadas no tempo e que se apresentam de forma abrupta: recurso ao trabalho remoto, racionalização do headcount organizacional! São números que fazem disparar problemas de saúde mental e que geram, especificamente, níveis de stress altíssimos que se repercutem não só no meio laboral, mas também no contexto escolar, familiar e na Sociedade em geral!

Pensemos positivo! Há uma disponibilidade financeira, nomeadamente comunitária, como nunca existiu, que se presume de caraterísticas solidárias, fazendo face a uma recuperação e a uma tão propalada resiliência perante o impacto pandémico. Há uma reflexão sobre o bem estar das pessoas, com um foco acentuado no conceito geral de Saúde, físico e mental. Mas será suficiente?

O foco está nas decisões, mais uma vez. Mas que indicadores são a base para decisões corretas? Os de um plano de vacinação de sucesso, mas cujo objetivo de imunidade de grupo vai aumentando de acordo com as variantes que vão grassando? Ou os números de casos, óbitos e internamentos que vamos observando? Talvez estes sejam tão só os novos indicadores de risco organizacionais que temos de ter em linha de conta.

Mais que restringir, há que responsabilizar. A todos os níveis. Exigir cumprimento de medidas sanitárias é um dever, não só uma obrigação. Um maior equilíbrio entre o desempenho e o bem estar pode aumentar a confiança e a motivação. Transparência é fundamental: no que que queremos e no que oferecemos. Perfila-se, pois, um novo desafio: desenharmos e monitorizarmos indicadores de sustentabilidade de uma (nova) Sociedade!

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