COP26, a liderança e a vontade de fazer acontecer

Por Luís Roberto, Managing Partner da Comunicatorium e Professor convidado do ISCSP-ULisboa

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021, também conhecida como COP26, reuniu  em Glasgow mais de 100 lideres mundiais para discutirem o futuro do planeta.

Ao longo de duas semanas foram debatidos como garantir a eliminação das emissões de carbono até meados do século,  e como não ultrapassar o aumento da temperatura global em 1,5°C.

Definir os recursos financeiros necessários ao cumprimento das metas, foi um tema quente, já que as nações mais ricas, haviam prometido anteriormente canalizar 100 mil milhões de dólares por ano, para ajudar os países mais pobres na adaptação às mudanças climáticas, promessa esta que não foi cumprida.

Esta era a cimeira onde se apostava tudo. A cimeira onde se apelava ao consenso, falhou. Um verdadeiro fracasso, e a decepção é a opinião generalizada.

Apesar de alguns acordos pontuais entre países, o resultado ficou aquém das expetativas iniciais para se alcançar as metas até 2030, estimando-se que estejamos a caminho do aumento do aquecimento do planeta em 2°C.

Na hora da declaração final, o Presidente da COP26, pediu explicações à Índia e China, depois do retrocesso na ultima hora sobre o fim do carvão.

Qual foi então, o desafio que os lideres mundiais não foram capazes de ultrapassar?

A cimeira de Glasgow tinha como principal meta,  atingir um conjunto de objetivos com os quais os lideres estavam comprometidos, desconhecendo como podem ser alcançados, sabendo no entanto que não podem ser alcançados repetindo o que já foi feito, ou apenas melhorando o passado.

Quando normalmente falamos sobre liderança e nos skills que um líder deve possuir, ocorre-nos enumerar a confiança, a clareza, a criatividade, o foco, a empatia, comunicar bem e inspirar o grupo.  Falha-nos muitas vezes, o compromisso, ou aquilo a que chamaria, a vontade de fazer acontecer.

De forma prática o que pode impedir a liderança, de fazer acontecer ? O medo ? a incerteza ?

É precisamente nesta realidade  que um verdadeiro líder pode-se destacar.

Uns mais rápidos que outros, importa compreender a razão das incertezas como ponto de partida para as novas oportunidades de desafiar, e não apenas como meros obstáculos à decisão.

Sabemos que as incertezas podem criar situações difíceis de gerir, mas é justamente esse cenário, que pode ajudar um líder a desenvolver a sua criatividade na forma como gere  consensos.

Precisava-se, tal como referido diversas vezes por analistas e comentadores, que a Cimeira do Clima, fosse geradora de consensos entre os lideres mundiais, face à emergência em que o planeta se encontra.

Este seria o momento em que os Países apresentariam os seus planos de ação  para a redução das emissões de carbono. Mas, mais que um plano, este era o momento de torná-lo realidade face à nova realidade.

Tal como nos negócios, os líderes mundiais têm que se adaptar ao que é novo.

Dos líderes mundiais espera-se que despertem  a vontade de fazer acontecer, e a assumir em si  mesmo, esse compromisso .  Se não o conseguirem,  ”com o tempo, os seus seguidores deixarão de segui-los”. Tal como nos negócios.

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