Cultura de dados, tornar a Gestão de Pessoas mais humana

Por António Saraiva, Business Development manager, ISQ Academy

Uma cultura de análise de dados é fundamental em processos de mudança, de transformação organizacional. É em si mesma, de per si, uma ferramenta poderosa, nomeadamente quando falamos de gestão de pessoas, auxiliando a optimização do desempenho. Há que a tornar aliada dos processos de tomada de decisão, mas acima de tudo facilitadora de uma comunicação transparente e objectiva. Fornece mesmo directrizes e insights relevantes para uma definição da estratégia.

Deve-se definir a análise de dados como um processo de pesquisa e avaliação e, quando devidamente integrados, a sua utilização confere informação real. É, acima de tudo, um trabalho criterioso que identifica, muitas vezes, tendências e oportunidades, particularmente importantes para a gestão do talento e o desenvolvimento das pessoas. Quando, por exemplo, se conseguem obter dados sobre o potencial de desenvolvimento, recolhemos os tais insights valiosos para aumentarmos competências e, até, recebermos informações pertinentes para a evolução de carreira. Contudo, não devemos considerar estes como exclusivos, há sempre que considerar outras fontes de informação, de forma que possamos tomar decisões objectivas.

Quando se fala de uma análise de dados eficiente e inovadora significa que não reduzidos as pessoas a meros dados quantitativos. Actualmente, esta ferramenta tem de ser precisa e estratégica. Há um carater intuitivo e de fácil leitura que tem de estar presente, de forma que seja muito mais fácil a avaliação do impacto das acções e, sempre que necessário, realizarem-se os ajustes que se revelem determinantes. É nesta lógica que se favorece o desenvolvimento das pessoas e a melhoria contínua das equipas em que as mesmas estão integradas.

Logicamente que a análise de dados é relevante em toda a cadeia de gestão de pessoas, desde o recrutamento e selecção à formação e desenvolvimento, passando pela gestão do desempenho. Mas, também, a relevância do clima organizacional ou dos factores inerentes ao bem-estar das pessoas. No fundo, a análise de dados é um “parceiro” indispensável para quem gere… pessoas, e toma decisões sobre e para as… pessoas.

Com a digitalização cada vez mais presente nos nossos dias e nos processos laborais, a adopção de uma cultura de data-driven (tomada de decisão baseada em análise e interpretação de dados), novas formas de compreender, comprometer e desenvolver as pessoas dentro de uma organização vão surgindo. Se bem que desejamos que os dados e a sua compreensão sejam intuitivos, por outro lado é importante que as decisões não sejam baseadas em intuição ou em experiências passadas. Dados em tempo real e ferramentas de análise e interpretação mais avançadas, tendem a eliminar “impressões” ou percepções erróneas. Se bem que o elemento humano seja precioso, há decisões que devem ser devidamente fundamentadas e estrategicamente avaliadas, com risco de impactarmos negativamente na vida das pessoas, incluindo os designados juízos de valor, ligados aos gostos e percepções individuais.

Ao adoptar-se uma cultura de dados objectiva-se uma postura concreta e transparente. Com recurso a informação real sobre competências e experiências efectivas e actuais, mas também levando em consideração as preferências e aspirações das pessoas. Com uma vantagem acrescida: a organização promove uma ambiente mais justo e inclusivo. Ter dados não é reduzirmos tudo a números e estatísticas, é termos informação válida e objectiva para humanizarmos as organizações.

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