Dar visibilidade ao ADN feminino, hoje e sempre
À partida, pode parecer um sector maioritariamente masculino mas, na realidade, não é. Na Moneris, empresa de contabilidade e consultoria, 77% da sua força de trabalho são mulheres. E, valorizando este ADN, em Março, como habitualmente, quiseram reconhecer o seu contributo e conquistas.
Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho
Não foi novidade. Todos os anos, a Moneris marca o Dia Internacional da Mulher de alguma forma. Mas em 2022, marcando o seu 15.º aniversário, o foco foi «essencialmente a celebração e partilha – dar visibilidade ao ADN feminino, que se manifesta através de variadas formas. Daí promovermos um evento de partilha entre mulheres que representam as diferentes unidades de negócio da Moneris, que vieram de diferentes partes do país, com diferentes idades, funções e tempo de serviço na empresa», conta Sara Nunes, directora de Pessoas e Cultura da empresa.
Actualmente, a Moneris tem 230 mulheres, que representam 77% da equipa. E ocupam 46% dos cargos de liderança. «É uma percentagem significativa, que tem vindo a crescer ao longo dos anos», destaca a responsável, acreditando que, sendo um dos principais focos promover o desenvolvimento de carreira das suas pessoas, será «possível dentro de alguns anos atingir a mesma proporção. O plano de desenvolvimento resulta muitas vezes promoções internas para cargos de liderança», havendo vários exemplos disso, como nas funções de partner e director. É preciso também ter em conta que os objectivos de carreira nem sempre passam por assumir cargos de liderança, e por isso têm «dois streams igualmente valorizados, no que diz respeito à progressão de carreira – um de gestão e um de especialização técnica».
Foi no início de Março que a Moneris promoveu um encontro na sede da empresa, em Lisboa, convidando convidar mulheres de todas as unidades de negócio, desde Chaves até ao Algarve, com diversos backgrounds e experiências: diferentes funções, antiguidade, categorias e idades. Na impossibilidade de juntar as 230 mulheres, vieram cerca de 10%, de pessoas que estão a iniciar a sua carreira na empresa após um estágio curricular, e outras com vários anos de experiência e que já passaram por várias funções e unidades de negócio», faz notar Sara Nunes. «Para bastantes, foi a primeira vez que conheceram colegas de outras geografias e puderam partilhar as suas experiências Moneris. Foi um grupo heterogéneo, que representa a diversidade e capilaridade que nos caracteriza. Este é aliás um dos grandes benefícios da Moneris. A mistura de gerações, de experiências, de dinâmicas e de geografias é muito enriquecedora como equipa, quer para os profissionais que estão connosco há largos anos e continuam numa jornada de upskilling, especialmente nas áreas tecnológica e digital, quer para as dezenas de estagiários que acolhemos anualmente, que veem nesta equipa um potencial de aprendizagem extraordinário.» Em comum, têm «os valores que caracterizam a organização e a motivação em contribuir todos os dias para o sucesso da equipa».
Um dia, integrado numa cultura de igualdade
Considerando que estamos a sair de dois anos de pandemia, onde muitas vezes o distanciamento foi imposto, esta iniciativa promovida pela Moneris «foi recebida com muito entusiasmo pelas participantes, inclusive pelas que tiveram que percorrer grandes distâncias para estarem presentes». O dia começou com uma visita à sede, com o acolhimento do CEO, Rui Almeida. Seguiu-se um almoço especial, no Hotel Real Oeiras, com vista para a piscina e durante o qual a conversa aconteceu fluída, entre partilha de curiosidades pessoais aos desafios do dia-a-dia profissional, as práticas que as diferenciam, numa reflexão em grupo sobre as suas vivências e o plano para os próximos anos. Sara Nunes acredita que, no fim, todas regressaram a casa «com o coração cheio de boas memórias e experiências».
Para além deste evento, que não juntou todas as mulheres Moneris, o momento de partilha e celebração foi também no dia 8 de Março, em cada escritório, «permitindo que todas e todos participem nesta iniciativa, pois acreditamos que para uma mudança transversal relativamente à igualdade de género, é preciso envolver mais os homens – sensibilizá-los para as iniquidades e desequilíbrios ainda existentes entre homens e mulheres, para que possamos, em conjunto, atingir o objectivo por que lutam as mulheres: a igualdade de tratamento e de oportunidade», ressalva a directora de Pessoas e Cultura.
Mas este objectivo, de promover a igualdade de oportunidades, não se esgota em iniciativas isoladas. Sara Nunes salienta que têm implementado «algumas políticas e boas práticas neste âmbito, nomeadamente no que diz respeito a modelos flexíveis de trabalho, quer seja em termos de trabalho remoto ou adaptabilidade de horários. Na nossa sociedade ainda recaem maioritariamente nas mulheres responsabilidades associadas à parentalidade e gestão da vida familiar, daí que uma política de trabalho híbrido, com maior flexibilidade entre vida pessoal e familiar, seja especialmente valorizada pelas mulheres.»
Já antes da pandemia existiam exemplos de flexibilização de trabalho, mas é inegável que veio generalizar estes novos modelos. «Flexibilidade e adaptabilidade são agora as palavras de ordem», reconhece, ressalvando no entanto que «o work life balance pode traduzir-se em algo de diferente para as pessoas consoante a fase de vida em que se encontram, onde vivem, a rede pessoal e familiar que têm. Não presumimos ter um modelo que sirva todas as pessoas da mesma forma, por isso, dentro das políticas estabelecidas pela empresa, as pessoas vão recorrendo ao formato que melhor responde às suas necessidades», revela. «Várias mulheres e homens apreciam a oportunidade de trabalhar a partir de casa, contudo temos também vários exemplos de pessoas, incluindo mulheres, que sempre privilegiaram poder ir para os escritórios. »
Não obstante, esta maior flexibilidade não é isenta de desafios, nomeadamente «gerir o atenuar dos limites entre o trabalho e a vida pessoal. Podendo estar conectados 24 horas, é importante garantir o desligamento. O bem-estar das pessoas é essencial» e por isso a Moneris vai este ano dedicar-se a fortalecer algumas práticas que promovem a saúde mental e o bem-estar, nomeadamente acções de sensibilização.
O que se pretende é, «nos próximos anos, desenvolver práticas que respondam ao que as mulheres – e não só – valorizam», garante a responsável. «O ponto de partida é criar fóruns de discussão, dos quais este evento foi um exemplo, nos quais as mulheres possam partilhar os seus desafios, objectivos e necessidades, para que possamos actuar nas áreas mais impactantes para as nossas pessoas.»
No que diz respeito à igualdade na progressão de carreiras, a preocupação na Moneris é «assegurar que as mulheres têm acesso às mesmas oportunidades, em condições equitativas». A directora de Pessoas e Cultura explica que «as progressões assentam num sistema de avaliação de desempenho definido com base numa política de meritocracia, que prevê a evolução e progressão das pessoas com base no seu desenvolvimento e desempenho ao longo do ano». Actualmente, «está a ser restruturado o sistema de incentivos, com critérios muito específicos, claros e transparentes, que valorizam o contributo de cada pessoa para o sucesso da empresa. O resultado será um aumento da remuneração variável para todos os colaboradores, através da partilha de resultados da organização no que diz respeito à sua liquidez, rentabilidade e criação líquida de novo negócio.»
O facto de a Moneris ter 18 escritórios espalhados pelo país, representa possibilidade de mobilidade, mobilidade essa muitas vezes facilitadora da progressão e desenvolvimento na carreira.
O impacto nos resultados
Sara Nunes não tem dúvidas de que as políticas de Gestão de Pessoas da Moneris têm «um enorme impacto nos resultados da empresa e no seu fortalecimento como uma empresa de referência no sector da contabilidade e consultoria. «Quando falamos de prestação de serviços, falamos de pessoas. E mesmo num contexto B2B, os negócios são feitos de pessoa para pessoa. Acreditamos na melhoria constante e desafiamo-nos a optimizar e restruturar as nossas políticas para dar resposta aos desafios actuais.»
Continua: «O sector está em constante evolução, não só do ponto de vista fiscal e técnico, mas sobretudo pela transformação digital por que está a passar. Este desafio exige um mindset de enorme abertura dos profissionais, que estão a adaptar-se a um novo enquadramento paperless e totalmente digital. Na Moneris, tentamos que seja uma oportunidade de crescimento para as pessoas. Nestes primeiros dois meses do ano, concretizamos um enorme investimento em formação tecnológica, com uma média de 25 horas de formação por colaborador», destaca. «A formação é muito valorizada e tem um peso crescente na nossa organização, com um especial foco nas áreas tecnológica, técnica e comportamental. Além disso, comparticipamos o exame de acesso à Ordem dos Contabilistas Certificados, para os colaboradores que pretendem evoluir neste sentido.»
Conscientes de que «as expectativas dos colaboradores vão muito além da remuneração base – que está a ser actualizada de forma gradual – têm assim sido criadas uma série de iniciativas de valorização das pessoas.
É o conjunto de todas estas iniciativas – muito para lá de celebrar um dia do calendário – que a cultura Moneris se vai desenvolvendo constantemente, no dia-a-dia. «Consolidar a nossa identidade é um dos nossos maiores desafios, devido não só à nossa capilaridade geográfica, como também ao facto de termos crescido por via aquisitiva», reconhece Sara Nunes, e motivo pelo qual têm desenvolvido algumas estratégias, nomeadamente através da comunicação interna e partilha de informação pela intranet. Mas esta diversidade é também o que dos diferencia, por ser «enriquecedora. Temos um blend geracional que é muito benéfico para as equipas», afirma. «Através do acolhimento de estágios e pessoas a iniciar a sua carreira profissional, garantimos que há uma partilha bidirecional de conhecimentos, valores e competências. As nossas pessoas com mais de 30 anos de experiência na área não só partilham a sua proficiência e conhecimento com as gerações mais novas, como também beneficiam do seu espírito inovador e capacidade de adaptação.»
«No decorrer deste ano, que marca o nosso 15.º aniversário, queremos mais do que nunca reforçar esta cultura, juntar as nossas pessoas, promover a partilha, celebrar em conjunto», conclui.
Três perguntas a seis mulheres
A propósito da iniciativa de celebração do Dia Internacional da Mulher, a Human Resources ouviu algumas das mulheres presentes, colocando-lhes três perguntas:
- Que importância tem para si a iniciativa de assinalar o Dia da Mulher?
- Que práticas mais valoriza na Moneris?
- O que é que considera mais diferenciador na cultura da empresa, e que eventualmente justifica que goste de trabalhar na Moneris?
São os seus testemunhos que agora partilhamos, na primeira pessoa.
Rita Soares, Business Unit Managing Partner, na Moneris desde 2007
1. Somos muitas mulheres na Moneris e na profissão de contabilista, a principal profissão na empresa. Por isso é importante que se assinale também este dia.
2. Todas. As formações, as iniciativas que assinalam dias especiais – como o Dia da Mulher, o Dia da Mãe ou o Dia do P. Falta-nos uma iniciativa para assinalar o Dia do Contabilista… Valorizo as avaliações de desempenho, as reuniões de partners, as iniciativas de team building, as iniciativas de responsabilidade social, entre outras, e também as iniciativas de acolhimento, mas ainda temos que melhorar aqui.
3. Gosto de trabalhar na Moneris porque considero que oferece um mundo de oportunidades. Pela diversidade geográfica, pela possibilidade de trabalhar em conjunto com outras unidades, pela possibilidade de dentro de portas termos diversas soluções a dar ao cliente. A nossa cultura está em construção, temos caminho a fazer e sinto que posso contribuir para isso, e que já contribui de alguma forma.
Ana Henriques, consultora, na Moneris desde 2019
1. Muito importante. O reconhecimento prestado contribui para um maior sentimento de pertença ao grupo.
2. Valorizo as iniciativas de teambuilding, as acções de solidariedade e os eventos de confraternização, como por exemplo no Natal.
3. A preocupação permanentemente em acompanhar as últimas tendências, a flexibilidade permitida, através também do teletrabalho, o suporte e apoio das chefias directas, a autonomia proporcionada na execução do trabalho e o respeito pela conciliação da vida pessoal e profissional.
Joana Costa, assistente de contabilidade, na Moneris desde 2021
1. Enorme importância. Celebrarmos o Dia da Mulher é celebrar a libertação, honrarmos a importância que temos no mundo e sabermos quais os nossos direitos e também deveres, sem nos sobrepormos a ninguém. Sermos iguais num mundo de igualdade.
2. A compreensão activa no que toca à vida dos trabalhadores no geral.
3. Saber que as altas posições de chefia não têm de ser só ocupadas por homens.
Elisabete Martins, consultora senior de Recursos Humanos, na Moneris desde 2000
1. Uma vez que é um dia que homenageia as mulheres pelas suas conquistas, pela igualdade e respeito, ao longo da história, é importante que a Moneris dê destaque a esta data, valorizando todas as mulheres que trabalham no Grupo.
2. A comunicação e o reconhecimento pelo trabalho prestado.
3. Considero diferenciador o reconhecimento pelo esforço, dedicação e sentido de responsabilidade com que os trabalhadores fazem o seu trabalho e a disponibilidade para ajudar, se necessário.
Susana Mendes, responsável de facturação e cobranças, na Moneris desde 2001
1. Têm alguma importância.
2. Para além da parte formativa, valorizo este tipo de eventos, pois permite o convívio e a troca de experiências entre as nossas diferentes realidades.
3. No meu caso, em particular, e dado todo o historial da passagem do nosso escritório para a Moneris, experienciei um processo que me ajudou a crescer, tanto profissionalmente como pessoalmente, e isso fez toda a diferença; ensinou-me a gostar do que faço.
Sílvia Domingues, contabilista, na Moneris desde 2021
1. Acho importante ser assinalado o Dia da Mulher na Moneris, não só para não ser esquecido todo o que foi conquistado ao longo dos anos por todas nós, mas também para demonstrar o que ainda falta conquistar em termos de igualdade entre homens e mulheres.
2. As práticas que mais valorizo na Moneris são a entreajuda e troca de conhecimento entre todos os seus colaboradores, bem como a entrega e envolvência da empresa na sociedade.
3. O que considero mais diferenciador na cultura da Moneris é precisamente toda entreajuda entre os colaboradores, bem como o bom ambiente que existe, como também a evolução a nível profissional e pessoal.
Esta reportagem será publicada na edição de Março da Human Resources.