De passas a planos: como transformar desejos em objectivos

Por Alexandra Barosa, directora executiva do Curso de Coaching Executivo da Nova SBE e Managing partner da ABP Corporate Coaching

O início de ano é sempre um momento em que se identifica uma visão para o que se deseja atingir. “É este ano que vou começar…” Embora a tradição já não seja o que era, ainda há quem, na noite de 31 de Dezembro, enquanto come as 12 passas, pense em desejos para o ano que inicia. Mas quantas são as pessoas que efectivamente realizam todos os desejos que imaginaram?

Tanto na vida como nas organizações, identificamos desejos que, quando chegamos ao final do ano, lamentamos não ter obtido. Isto acontece porque desejos são ideias vagas, pouco claras e, como tal, pouco concretizáveis.

Em vez de desejos, devemos, então, traçar objectivos!

Objectivos podem ser observados e servem para orientar as acções. São desejos transformados em metas claras, específicas e tangíveis. A definição de objectivos deve obedecer a determinadas regras para que passem de desejos, sendo o primeiro passo questionar se “será este um objectivo ou apenas um desejo?”.

Para uma definição de objectivos, não vou expor alguns modelos conhecidos, mas vou partilhar algumas das premissas que utilizamos em coaching:

  1. Os objectivos devem ser registados em algum lugar ou de alguma forma. Através de texto, de imagens, o importante é que não fiquem apenas em registo mental e, de preferência, fiquem sempre por perto, junto a locais que passemos o nosso olhar com frequência.
  2. A identificação de mais do que três objectivos de cada vez são, por vezes, o motivo principal para que não sejam atingidos. O nosso cérebro precisa de foco. Já se perguntou por que razão a sua to-do-list está sempre a aumentar? Após a conclusão de um dos 2-3 objectivos identificados a motivação cresce pelo simples facto de conseguirmos eliminá-lo e passar ao seguinte.
  3. É também necessário que se identifique que recursos temos ao dispor que irão garantir a concretização de cada um desses objectivos. Por recursos entenda-se bens materiais, financeiros ou pessoas que serão determinantes para a viabilidade do objectivo. Caso não seja possível a disponibilidade desse recurso, ou identificamos o que fazer para obter os recursos em falta, ou esse não poderá ser um objectivo sob pena de se tornar uma frustração.
  4. Para este propósito será não menos importante a identificação antecipada do que pode impedir a concretização de cada um dos objectivos para que sejam, desde logo, definidas estratégias para superar esse obstáculo.
  5. Por fim, imagine esse objectivo já concretizado – o que vai estar a sentir, fazer, cheirar, ouvir…? Quais os impactos no contexto? Era mesmo esse o objectivo? Ou será necessário algum ajuste?

Convido todos a que façam este exercício e também que definam datas ao longo do ano com que se comprometam a revisitar os objectivos definidos. Por fim, lembremo-nos ainda que certos desejos não devem sequer chegar a objectivos – devem, sim, manter-se apenas como caprichos.

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