Desporto e Boas Práticas Organizacionais, um auxiliar para a Gestão de Pessoas

Num cenário em constante transformação e de inúmeros desafios para a Gestão de Pessoas, procuram-se abordagens inovadoras. Apesar de já há algum tempo se fazerem diversos paralelismos, a verdade é que o campo do Desporto tende sempre a apresentar insights valiosos. Pode sempre pensar-se que a conexão é inusitada, mas a verdade é que nomeadamente nos desportos coletivos a análise de talentos e de competências diversas explicam resultados de sucesso.

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

Muitas vezes interrogamo-nos porque é que uma equipa vencedora é composta por jogadores com competências, pontos de vista, experiências e personalidades diversas. Claramente existe um trabalho técnico-tático profundo e o desenho de uma estratégia vencedora. Obviamente que tudo resulta de um treino aturado. Mas a riqueza da equipa, está justamente na diversidade dos elementos que a compõem e no que de melhor se pode retirar, desde que se trabalhem automatismos fundamentais, sem esquecer a capacidade intrínseca de cada um possuir uma dose de autonomia suficiente, para em dado momento, poder resolver uma situação mais complexa.

Tal como nestas equipas desportivas, em particular no altjo rendimento desportivo, numa Organização, a força advém da diversidade. Tanto numa como outra, ultrapassam-se muitas vezes os limites culturais e sócio-económicos, entre outros. Muitas das grandes equipas desportivas são constituídas por jovens que vêm dos mais diversos estratos e das mais diversas proveniências. Da diversidade resulta o alcançar de objetivos. São os diversos contributos, fruto de experiências de vida únicas, que conferem o lastro de uma equipa vencedora.

Logicamente o trabalho em equipa tem também o seu quê de imprevisibilidade. Tal como no desporto acontece bastas vezes, lidar com o imprevisto e com resultados que, por vezes, são desfavoráveis, faz parte! E aqui, mais que em outros momentos, a liderança é fundamental. Espera-se, pois, que alguém forneça orientações, mude estratégias e siga por outras abordagens táticas. Até porque nos momentos mais complexos aumenta o risco do conflito interno, com impacto no ambiente da equipa. Há acima de tudo a necessidade do exercício de uma liderança empática e a capacidade de colocar no processo de comunicação a objetividade do detalhe, com transparência e o contributo de todos na obtenção da melhor solução.

Por norma há uma lógica no desporto coletivo de alta competição que prevalece: são convocados para jogar os que se encontram mais aptos, fisica e psicologicamente. Mas quem está no banco, também sabe que o seu contributo é relevante. A qualquer momento pode ter de entrar em ação e, até, resolver! Porque existe uma lógica: estar no banco, não é não fazer parte da equipa, não é não viver o jogo de forma intensa, não é não estar atento aos detalhes do que se passa no terreno de jogo. Da mesma forma, numa organização, todos têm de estar preparados para agir! Evidente que compete à mesma perceber se todos têm as mesmas condições perante as oportunidades. Há que perceber se o ambiente de trabalho é um terreno propício ao desenvolvimento de pessoas e se são garantidas as condições para o melhor exercício das suas competências. Assim como acautelar o bem estar das pessoas: se a saúde física e mental estiver em equilíbrio, cada um saberá qual o melhor contributo para se atingirem resultados.

Perante os desafios atuais, exige-se um elevado desempenho, muitas vezes com superação. Sem dúvida que o Desporto, em particular o de natureza coletiva, se bem que não exclusivamente, oferece-nos boas práticas. O trabalho da Gestão de Pessoas é tão só adaptar à realidade organizacional, seja às equipas, seja mesmo a cada pessoas de per si.

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