Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio: Ordem dos Psicólogos Portugueses propõe estratégia nacional que envolva diferentes sectores
No âmbito do Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, que se assinala hoje, dia 10 de Setembro, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) propõe que seja fomentada uma Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio, que envolva diferentes sectores, incluindo Saúde, Educação, Justiça e Media.
Prevenção do Suicídio: Intervenções e Políticas Públicas Efectivas é um documento apoiado em evidência científica que tem como principal objectivo contribuir para o desenvolvimento e implementação de estratégias efectivas de prevenção do suicídio em Portugal.
O suicídio é um problema de saúde pública que representa um fenómeno reconhecidamente complexo, no qual dimensões psicológicas, médicas, morais, religiosas, sociais, económicas e políticas se cruzam, resultando em mais de 700 mil mortes anuais em todo o mundo. Em Portugal, embora se estime que a prevalência do suicídio tenha vindo a decrescer lentamente nos últimos anos, o número de mortes por suicídio continua a ser mais elevado do que em qualquer outro país do sul da União Europeia. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2021, registaram-se 8,9 suicídios por 100 mil habitantes, numa ocorrência de cerca de três suicídios por dia. Os comportamentos suicidários ocorrem não apenas na população adulta, mas também em crianças e adolescentes, sendo o suicídio uma das principais causas de morte entre os jovens portugueses.
A prevenção efectiva do suicídio requer políticas e medidas coordenadas que respondam à realidade nacional e aos determinantes sociais e fatores de risco individuais que tornam os comportamentos suicidários mais prevalentes em determinado grupo populacional e em determinada região do país.
De entre as principais propostas e recomendações, algumas já antes sublinhadas pelas Ordem dos Psicólogos Portugueses, destacam-se neste documento:
· Desenhar campanhas nacionais efectivas de prevenção do suicídio. Cumprir o rácio recomendado de um psicólogo por cada 500 alunos/as, nas Escolas.
· Cumprir o rácio recomendado de um psicólogo por cada 5000 utentes, no Sistema Nacional de Saúde.
· Fomentar a colaboração intersectorial para uma Estratégia Nacional (Promover a colaboração entre diferentes sectores, incluindo Saúde, Educação, Justiça e Media).
· Fomentar a colaboração intersectorial para uma Estratégia Nacional. Desenhar políticas públicas com base em determinantes sociais e fatores de risco.
Neste documento que a OPP disponibiliza estão ainda algumas das recomendações para a acção e estratégia a concertar com os decisores políticos como:
Recolher e monitorizar, de forma sistemática, dados sobre o suicídio. É necessário que, além das estatísticas referentes ao número de casos de suicídio em Portugal, se registem dados sociodemográficos, métodos e meios utilizados – criando-se registos epidemiológicos que orientem as intervenções a implementar junto de dado grupo populacional.
Restringir o acesso a meios de suicídio através de maior regulamentação. Sendo estratégicas efectivas, alterações legislativas que limitem o acesso a armas de fogo ou que regulamentem a venda de e substâncias tóxicas utilizadas para fins suicidários. O acesso a armas de fogo pode ser mediado por uma avaliação do funcionamento psicológico realizada por psicólogos/as – assegurando-se a aptidão face a eventuais factores de risco.
Criar mecanismos de segurança em locais de risco. De forma a prevenir o suicídio em locais conhecidos por tal (e.g., pontes, linhas ferroviárias, viadutos, etc.) é necessário instalar mecanismos de protecção (e.g. barreiras físicas), de vigilância (e.g., câmaras, pessoal de segurança) e/ou de dissuasão (e.g., telefone de emergência) – a decisão de instalar estes mecanismos deve também considerar as perspetivas da sociedade civil.