Empresas enfrentam crise no compromisso dos colaboradores

A maioria das organizações continua a não desenvolver as acções correctas no sentido de reforçar e alinhar a sua cultura, segundo um novo estudo da Deloitte.

A falta de compromisso dos colaboradores é o principal desafio com que 87% dos líderes empresariais e de recursos humanos (RH) se deparam actualmente (79% no ano anterior), de acordo com o estudo da Deloitte “Tendências Globais do Capital Humano 2015: Liderar no Novo Mundo do Trabalho”, divulgado hoje. Apesar de identificado o problema, a maioria das organizações continua a não desenvolver as acções correctas no sentido de reforçar e alinhar a sua cultura, colocando possivelmente em risco o seu crescimento futuro.

O estudo, realizado junto de mais de 3300 líderes empresariais e de RH, em 106 países, e um dos maiores estudos globais sobre talento, liderança e RH, revela que o número de inquiridos que avaliaram o compromisso dos seus colaboradores como sendo “muito importante” duplicou de 26% no ano passado para 50% este ano. Cerca de 60% dos líderes empresariais e de RH afirmaram não ter um programa adequado para medir e melhorar o compromisso, revelando não estarem preparados para endereçar esta questão. Apenas 12% afirmaram ter um programa preparado para construir e desenvolver uma cultura forte; enquanto só 7% afirmaram que são excelentes a medir, a controlar e a melhorar o compromisso e a retenção.

«À medida que a procura pelo talento cresce, o equilíbrio de poder nas empresas vai-se alterando do empregador para o empregado», afirma Josh Bersin, director e fundador da Bersin by Deloitte, da Deloitte Consulting LLP. «Por outro lado, os trabalhadores estão a adquirir maior mobilidade, flexibilidade e autonomia, tornando-se, como resultado, mais difíceis de gerir e alcançar. Neste novo mundo do trabalho, as organizações precisam de reinventar a forma como gerem as pessoas e de criar ideias novas e “fora da caixa” para as tornar relevantes».

Necessidade de liderança, de formação e de competências assumem o palco

A falta de competências de liderança – no ano anterior o ponto mais crítico – permanece no topo das preocupações dos líderes empresariais e de RH, com 86% a afirmar ser uma questão prioritária este ano. No entanto, o número de inquiridos que avaliaram este tema como “muito importante” cresceu de 38% no ano anterior para 50% este ano. Um facto interessante é que, de acordo com o “Deloitte Business Confidence Report 2014”, apenas 49% dos C-level executives sondados indicaram estar comprometidos em desenvolver competências de liderança em todos os níveis da organização.

Ao reconhecerem que a falta de competências, a nível geral, poderá dificultar o crescimento do negócio, 85% dos líderes empresariais e de RH classificaram a formação e desenvolvimento como uma questão prioritária, comparando com os 70% no ano anterior, tornando-a no terceiro tema mais crítico no estudo deste ano. Porém, 80% dos inquiridos referiram as competências dos trabalhadores como um tema chave (75% no ano anterior), tendo 35% avaliado a falta de competências em RH como um problema “muito importante”, um crescimento de 10% face ao ano anterior.

Empresas têm dificuldades em simplificar o local de trabalho

Além dos desafios do compromisso e da liderança, o estudo da Deloitte revela que as empresas estão a ter dificuldades em reduzir a tensão no local de trabalho, simplificar os processos de negócio e em reduzir a sua complexidade. Com efeito, 66% dos inquiridos acreditam que os seus colaboradores estão “saturados” com o actual ambiente de trabalho; e 74% classifica a complexidade no local de trabalho como um problema importante. Enquanto mais de metade das organizações ouvidas revela ter algum tipo de programa de simplificação, 25% afirma não ter planos para implementar um programa desse tipo.

Computação cognitiva está a mudar a forma como trabalhamos


O significativo aumento do poder cognitivo dos computadores e aplicações está a desafiar as empresas a repensar a organização do trabalho e as competências que os seus colaboradores necessitam para serem bem-sucedidos. Cerca de 58% dos líderes indicam que “redefinir o trabalho com a computação como talento” é uma tendência importante. Embora muitos executivos se revelem preocupados, poucos percebem efectivamente o impacto da computação cognitiva no talento. Apenas 5% dos executivos sondados afirmam entender claramente o que a computação irá fazer à sua força de trabalho.

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