Empresas estão a contratar mais rápido. E a culpa é da inteligência artificial
A contratação acelerada com recurso à IA pode dar-lhe um emprego imediato, mas será que os empregadores estão a agir demasiado depressa? Na Fast Company analiza-se o tema.
Ainda confrontadas com a escassez de talento, algumas empresas utilizam ferramentas de contratação acelerada para examinar rapidamente os candidatos. A tendência não é isenta de controvérsia.
O mercado de trabalho sob pressão levou os empregadores a acelerar o processo de contratação para conseguir os melhores candidatos antes que eles desapareçam – e cada vez mais, o software ajuda a criar essas ofertas de emprego.
A rapidez é tudo no mercado de trabalho actual. A taxa de desemprego nos EUA manteve-se estável em 3,7% em Novembro, os dados mais recentes disponíveis, e os 10,5 milhões de vagas de emprego ultrapassaram os 6,1 milhões de pessoas que procuram trabalho. O resultado é uma escassez de talento sem precedentes que colocou os trabalhadores numa posição privilegiada. Estão a negociar melhor, a exigir salários mais elevados e a receber várias ofertas de emprego.
Uma grande parte das empresas está a deixar de exigir diplomas universitários, a aumentar as promoções internas e a acelerar o tempo de contratação. Algumas, incluindo a UPS, a Home Depot e a Gap, estão mesmo a saltar completamente as entrevistas de emprego.
Mas a resolução para uma contratação rápida depende cada vez mais do software de IA: 70% das empresas confiam agora em ferramentas automatizadas para avaliar candidatos e verificar antecedentes, e as ferramentas activadas por IA estão corresponder as competências aos postos de trabalho. Isto pode acontecer em minutos e reduz o tempo de contratação para 35 a 40 dias, em média.
A oportunidade bate à porta rapidamente
Nove em cada 10 dos novos contratados que conseguiram um emprego nos últimos seis meses declararam que receberam uma resposta do seu actual empregador no prazo de uma semana, segundo um inquérito realizado pela ZipRecruiter. Pelo menos metade (50,3%) recebeu uma resposta no prazo de três dias após se terem candidatado a um emprego.
Chatbots com nomes como iCims, Phenom e SmartRecruiters permitem agora que um candidato apresente um currículo e marque uma entrevista no local. Ferramentas de IA como o Jobvite, o Modern Hire, o VidCruiter e o HireVue avaliam e classificam a escolha de palavras, microgestos e respostas gerais de uma pessoa em entrevistas gravadas em vídeo. Ferramentas de software como o Predictive Index, o Harver e o Plum levam os candidatos a realizar cenários de trabalho interactivos e a fazer testes online, classificando-os e enviando os melhores candidatos para entrevistas.
Uma joalharia pode dar a um candidato um teste de vídeo interactivo em que lhe perguntam como lidar com um cliente que acha que um colar é demasiado caro. Convencem o cliente a comprá-lo? Oferecem um artigo mais barato? A ideia é decidir rapidamente se pessoa é adequada para o cargo.
Para as vagas de emprego à hora, a McDonald’s utiliza o Paradox.ai, um chatbot com IA que faz perguntas ao candidato sobre o seu historial profissional, o local onde vive e as horas que pode trabalhar. O sistema efectua uma verificação dos antecedentes e, se a pessoa for qualificada, recebe uma oferta de emprego. O software reduziu o processo de contratação de 10 a 14 dias para um a dois dias.
A empresa de relações públicas Otter, no estado da Flórida, EUA, começou a utilizar o software da Breezy HR para manter o seu fluxo de candidatos em movimento. A empresa de 52 pessoas tenciona contratar 12 nos próximos seis meses, e o software alerta constantemente a equipa para as novas pessoas que estão a ser recrutadas. Pede aos candidatos que façam uma avaliação de escrita online, classifica esses testes e envia os melhores candidatos para outra ronda de testes. As pontuações são enviadas semanalmente para a equipa da Otter e, após uma reunião de grupo, decidem quem é entrevistado e quem recebe uma oferta de emprego.
No entanto, este processo acelerado de contratação tem riscos. Ainda existe a preocupação de que a IA possa promover contratações tendenciosas. Os críticos afirmam que perpetua o status quo porque utiliza padrões de selecção inconscientemente preconceituosos, como a linguagem e a demografia, e é programada com base em conjuntos de dados tendenciosos e inadequados.
E, por vezes, as contratações rápidas não são as melhores. Nos EUA, existem empresas que estão a “atalhar” caminho e a pagar salários inflacionados – algumas, mais 45 mil euros do que o normal – só para colocar alguém numa vaga. E isto não é garantia de recrutarem o melhor candidato.
Fonte: Artigo da autoria de Jennifer Alsever no site da Fast Company