Entrevista a Clara Costa, Auchan Retail Portugal: O foco no respeito pelas pessoas

Não foi em Gestão de Pessoas que começou, mas era à Gestão de Pessoas que desejava chegar – e chegou. É agora a área que Clara Costa lidera na Auchan Retail Portugal. Desafiaram-na a «fazer das pessoas a força da marca, e que nelas residisse a alavanca da transformação da empresa». É o que tem feito. Na base, está um «ecossistema de respeito, para que cada colaborador sinta mais confiança, em si, nos outros e na organização.»

 

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

Foi em Julho de 2022 que Clara Costa assumiu a liderança da área de Pessoas, Cultura e Transformação na Auchan, mas está na empresa desde 2008. E muito mudou deste então. «Tudo», na verdade: as mulheres estavam em minoria na gestão, não havia equipas de HR Tech, a preocupação com a saúde limitava-se aos acidentes de trabalho… E se há 16 anos, o turnover era 5%, agora está nos 18%. Por isso, sabe que podem não ter as pessoas consigo tanto tempo quanto gostariam, mas o foco é que o tempo em que efectivamente estão «seja bom». Para que «quando alguém sai, saia um embaixador da marca ». Ou seja, «tudo mudou, mas as prioridades continuam as mesmas: as pessoas ». E desengane-se quem pensa que há um “perfil-tipo” – e pouco qualificado – no Retalho. Têm «engenheiros aeroespaciais em Lean, designers nos Recursos Humanos, arquitectas paisagistas e advogados nas lojas. É a preponderância das supercompetências», afirma.

 

Está na Auchan desde 2008, tendo passado pelas áreas de Comunicação e Responsabilidade Social e Corporativa, e de Marca e Transformação. Como encarou esta mudança para a Gestão de Pessoas?
Encarei como o maior desafio profissional e, ao mesmo tempo, como o chegar ao fim de uma etapa, onde começo outra que desejei. É muito interessante trabalhar a mensagem, mas investir e trabalhar nas pessoas resolve a mensagem, a marca, o cliente, a empresa. Tudo.

 

Que empresa encontrou em 2008 e que empresa existe agora?
No início, senti que entrava num navio enorme, complexo, com muita informação. O Retalho tem essa riqueza, de abranger todas as profissões e actividades que conhecemos, desde a agricultura até à arquitectura ou ao sector da Saúde, passando pelos gestores e engenheiros, mais expectáveis. Agora somos ainda mais diversos: tenho engenheiros aeroespaciais em Lean, designers nos Recursos Humanos, arquitectas paisagistas e advogados nas lojas. É a preponderância das supercompetências!

Em 2008, senti que era preciso modernizar, tornar atractivo. As pessoas eram já a prioridade. O foco estava no cliente e no produto. Hoje, a diferença está na forma como nos relacionamos e como acrescentamos valor. A transformação digital trouxe essa mudança, e o conhecimento global também fez progredir as empresas pela exigência do escrutínio das escolhas do consumidor e dos colaboradores.

 

Os desafios eram muito diferentes dos que encontrou agora?
Mudou tudo desde 2008 e, com a COVID-19, ainda mais. Há 16 anos, havia 5% de turnover, hoje procuro o equilíbrio em 18%. As mulheres são a maioria na gestão da empresa, anteriormente não o eram.

O facto de hoje todos comunicarmos e influenciarmos mudou a forma como nos relacionamos e alinhamos o trabalho. A introdução da tecnologia ao serviço das equipas e do cliente identificou novos talentos e competências.

Tenho agora uma equipa de HR Tech, porque tudo passa por processos com suporte tecnológico. Há 10 anos, a preocupação com a saúde das equipas eram os acidentes de trabalho e garantir seguro de saúde para as famílias; hoje, é conhecer e actuar na sua saúde mental e na prevenção.

Isto para dizer que tudo mudou, mas as prioridades continuam as mesmas: as pessoas – os colaboradores, os clientes e os nossos parceiros.

 

O que lhe foi pedido quando assumiu a liderança da Gestão de Pessoas?
Desafiaram-me a fazer das pessoas da Auchan a força da marca, e que nelas residisse a alavanca da transformação da empresa.

 

Que prioridades definiu para o alcançar?
Encontrar nas mais de 8500 pessoas o talento de cada uma e, com isso, melhorar as suas vidas.

 

Quais são os maiores desafios?
Os maiores desafios são proporcionar uma experiência única de bem-estar e desenvolvimento de talento. Afinal, passamos a nossa vida a trabalhar. Mesmo para os que ficam pouco tempo connosco, queremos que seja bom. E quando alguém sai, sai um embaixador da marca. Para tal, criar uma organização ágil, próxima e com as competências de futuro é fundamental.

 

E os temas mais prementes, quais são?
Diria que a criação de um local de trabalho saudável, a promoção da diversidade e inclusão, a motivação e preparação de futuros líderes com competências-chave adquiridas, através da formação de qualidade, e o equilíbrio entre os recursos humanos e a tecnologia serão, seguramente, alguns dos principais desafios actuais desta área.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Fevereiro (nº.158) da Human Resources, nas bancas. 

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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