Entrevista a José Lourenço, Prosegur: O desafio de recrutar «literalmente todos os dias»
Sete mil colaboradores em Portugal, mais de 45 mil na Europa e uma média de contratação de 2500 colaboradores por ano. Este é um dos desafios de José Lourenço, director de Recursos Humanos da Prosegur Portugal. Na empresa há mais de 20 anos, partilha que o maior desafio e prioridade na altura é o mesmo de agora: a atracção, desenvolvimento e retenção de talento.
Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho
José Lourenço integrou a Prosegur no ano 2000. Começou como responsável pela Gestão de Recrutamento, Selecção e Formação na Direcção de Recursos Humanos; em 2007, assumiu a direcção de Recursos Humanos e, sete anos depois, chegou à posição de responsável pela Europa. Assim, não é de estranhar que, quando se pergunta o que o mantém motivado, passado quase um quarto de século na mesma empresa, a resposta passe pelo «constante desafio», pelas «oportunidades de aprendizagem» e pela «carreira» construída, tudo pontos fortes da Prosegur, garante.
A gerir pessoas há mais de 20 anos, quais as evoluções que destaca?
O mundo está em constante transformação, e essa mudança é cada vez mais rápida. A evolução tecnológica e a transformação digital que testemunhámos nos últimos anos têm sido impressionantes. No entanto, mantém-se o papel-chave que o talento continua a ter na gestão o papel da mudança dentro das organizações.
Em relação aos profissionais, assiste- se a uma maior exigência com a perspectiva pessoal. Actualmente, há um foco no chamado equilíbrio do binómio pessoal/familiar e profissional. E assiste-se também a uma mudança no nível do compromisso e uma tendência de carreiras com menor antiguidade numa mesma empresa. No fundo, não deixa de ser algo que temos vindo a assistir na sociedade de hoje e, como tal, assiste-se também a essa evolução no seio das empresas.
Em 2007, quando assumiu a direcção de Recursos Humanos, quais foram as prioridades e os desafios?
Fazer da Prosegur a maior e melhor empresa do sector, com políticas adaptadas ao mercado e às necessidades internas, com uma constante garantia de que a minha equipa de Recursos Humanos estivesse à altura de responder às necessidades dos colaboradores, negócios e, por conseguinte, dos clientes. A melhor forma de atrair, desenvolver e reter o talento também estava bem presente no desenho das prioridades e nos desafios abraçados.
E agora, em 2024, quais são as prioridades e os principais desafios?
As prioridades continuam a ser a atracção, desenvolvimento e retenção de talento. Precisamos de continuar a recrutar os melhores colaboradores, desenvolver as suas competências para que estejam preparados para os desafios que enfrentam, e reter esse talento, uma vez que a perda de profissionais qualificados impacta negativamente as organizações.
Entre os desafios, estão a escalabilidade dos processos de selecção, a retenção de talentos e o aumento da diversidade e inclusão. É também essencial responder às necessidades dos negócios e antecipar problemas de forma proactiva. Além disso, acompanhar a evolução tecnológica é igualmente crucial, com foco na digitalização e automatização dos processos, agora reforçados com o uso de inteligência artificial [IA] em áreas como a selecção de talentos.
Que objectivos e acções prioritários definiram para 2025?
Para 2025, a Prosegur estabeleceu objectivos prioritários em Recursos Humanos para suportar as suas diversas áreas de negócio, que incluem a Prosegur Security, Prosegur Cash, Prosegur Alarmes, AVOS Tech e Cipher. Cada unidade traz exigências específicas para os colaboradores, e a Prosegur planeia fortalecer a formação contínua e a especialização dos seus profissionais, especialmente nas áreas de segurança híbrida, logística e gestão de numerário, e cibersegurança. A aposta na formação contínua, inventivando a valorização e evolução dos colaboradores, é também uma forma de os fidelizar.
Outro foco importante para 2025 será o fortalecimento do compromisso com inclusão e diversidade, promovendo igualmente uma cultura de responsabilidade social e sustentabilidade, ampliando o impacto positivo nas comunidades onde actua.
Nos últimos 10 anos, liderou a área de Gestão de Pessoas para a Europa. Como se compara a realidade portuguesa com a de outros países europeus?
Tenho notado que os desafios mais críticos e as principais preocupações na gestão de talento são bastante semelhantes em todos os países. Há um grande foco no que toca à atracção e retenção de talento, ao desenvolvimento dos profissionais e à inclusão, principalmente como resultado das políticas de imigração. A responsabilidade social e ambiental também ganhou destaque, como uma resposta aos desafios actuais da sociedade, enquanto a sustentabilidade é uma preocupação crescente entre gestores europeus. Ademais, a transformação digital tem impactado os processos de Recursos Humanos em toda a Europa. É claro que cada país possui o seu próprio contexto político, económico e social, o que exige adaptações específicas nas políticas de Recursos Humanos. No entanto, se assistirmos a uma conferência de Gestão de Pessoas em Portugal ou em qualquer outro país europeu, veremos que a agenda de temas em discussão é, sem dúvida, muito semelhante.
Leia o artigo na íntegra na edição de Novembro (nº. 167) da Human Resources, nas bancas.
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