Entrevista a Sara Alberto, Casa Mendes Gonçalves: A prioridade: «que todos se sintam em Casa»
Detém as marcas Paladin, Peninsular e Dona Pureza, e é o maior empregador do concelho da Golegã. Humildade, família e inquietude são os valores que guiam a Casa Mendes Gonçalves, por isso trabalham diariamente para ser uma empresa de relações, como uma família, assegura a directora de Pessoas, Sara Alberto.
Por Tânia Reis | Fotos Nuno Carrancho
Lidera há cinco meses a área de Pessoas e Cultura da Casa Mendes Gonçalves e acredita que o sucesso organizacional depende de estratégias eficazes que coloquem as pessoas no centro das decisões. O papel do gestor de Pessoas é precisamente assegurar que isso acontece. Este ano, além do plano de bem-estar e do programa de gamification, vão implementar um projecto-piloto para a semana de quatro dias.
Com mais de 20 anos de experiência, que principais evoluções destaca na Gestão de Pessoas?
Estes últimos 20 anos têm sido marcados por transformações significativas, impulsionadas por mudanças tecnológicas, sociais, económicas e culturais, que têm logicamente impacto na Gestão de Pessoas. Com um papel muito mais activo das pessoas, as empresas têm reconhecido que a vinculação, a satisfação e o bem-estar dos colaboradores são essenciais para o seu sucesso. Isso resultou na criação de ambientes de trabalho mais inclusivos, flexíveis e voltados para o desenvolvimento individual. Na realidade, as pessoas estão cada vez mais no centro da gestão, porque lá se colocaram e porque as empresas o fizeram também, é um processo alinhado.
Genericamente falando, quais são hoje os grandes temas da Gestão de Pessoas?
Os grandes temas actualmente incluem diversidade, equidade e inclusão, com foco em criar ambientes representativos e justos, integrando a transformação digital, fazendo uso de ferramentas como inteligência artificial e people analytics. O trabalho remoto e os modelos híbridos continuam a ser uma prioridade, assim como a saúde mental e o bem-estar, essenciais para o compromisso e a produtividade. Há também grande atenção ao desenvolvimento contínuo de competências – upskilling e reskilling – e à gestão baseada em propósito, alinhando os valores organizacionais aos dos colaboradores. A liderança ágil e a experiência do colaborador também ganham cada vez mais destaque.
Começou a sua carreira numa tecnológica e nove anos depois transita para o ramo alimentar, sectores significativamente diferentes. Os desafios também são?
Embora tenham características distintas, ambos enfrentam desafios semelhantes, pois lidam com questões humanas universais. Independentemente do sector, o sucesso organizacional depende de estratégias eficazes que coloquem as pessoas no centro das decisões, e o papel do gestor de Pessoas é, acima de tudo, assegurar que isso acontece, entendendo as diferenças no perfil dos colaboradores e alinhando a gestão às necessidades do negócio.
Há cinco meses, aceitou liderar a área de Pessoas e Cultura da Casa Mendes Gonçalves, o que a fez apostar nesta oportunidade?
Há um alinhamento perfeito entre os meus valores e os da Casa: humildade, família e inquietude. Procuramos ter a mente aberta a outros pontos de vista, a novas experiências, e estamos disponíveis para, com humildade, aprender continuamente. Trabalhamos para ser uma empresa de relações, como uma família, com bons relacionamentos internos e externos. Nunca estamos satisfeitos, estamos constantemente a questionar tudo, a procurar fazer o impossível.
Que principais desafios encontrou?
Assegurar uma Gestão de Pessoas equilibrada que garanta uma cultura única, numa realidade onde temos mais de 400 colegas a trabalhar, gerindo a diversidade de género, étnica, cultural, etária, socioeconómica, cognitiva, de habilidades e capacidades, de experiências e formação, entre outras, é efectivamente o maior desafio.
E que prioridades definiu?
Antes de mais, é essencial ouvir e estar próximo das pessoas. Todas as decisões devem ter em conta o que elas efectivamente valorizam e, neste sentido, foi criado um plano de bem-estar que assegurou conversas com cada um dos colaboradores, a sua chefia e a área de Pessoas. Neste plano, além da vertente profissional que facultará dados essenciais para a gestão de desempenho e desenvolvimento profissional, foram abordados temas ao nível do bem-estar físico, emocional, social e financeiro. Os resultados deste plano são essenciais para a aplicação das políticas, procedimentos e práticas e para o foco da nossa equipa de Gestão de Pessoas que cobre as áreas de atracção, gestão, retenção, desenvolvimento e bem-estar, a par da estratégia e melhoria contínua, à qual se juntará agora uma nova área, a diversidade, equidade e inclusão. A nossa prioridade é que todos se sintam em casa.
Numa região como a Golegã, que tem cinco mil habitantes, atrair talento será, no mínimo, mais desafiante… Como o fazem?
Procuramos aproximar a Golegã do mundo e trazer o mundo à Golegã! Acreditamos que só através do conhecimento podemos mudar o mundo e que isso é possível mudando o nosso local, por isso desenvolvemos e temos em fase de implementação várias iniciativas para facilitar a atracção e retenção de pessoas, que passam por facilitar acesso a habitação local e apoio na sua integração local, nomeadamente na ligação com entidades de ensino e de saúde, na criação de zonas de co-work e co-living, no estabelecimento de parcerias com Institutos para o desenvolvimento de programas de estágio e formação qualificada, entre outros. Criar estas condições possibilita não só a atracção de talento para a Golegã, mas o próprio desenvolvimento do talento que já temos na região e dentro de casa.
Leia o artigo na íntegra na edição de Janeiro (nº. 169) da Human Resources.
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