Entrevista a Susanne Hägglund, directora-geral da Volvo Car Portugal: Ousar. Aprender. Falhar. E ser bem-sucedido.
«Sou uma líder apaixonada pelos negócios e sempre trabalhei no triângulo dos negócios, das pessoas e da transformação.» É assim que Susanne Hägglund, que, desde o início de 2022, está à frente dos destinos da Volvo Car Portugal, se apresenta. E é desses três vértices que nos fala, sem fugir a nenhum tema.
Por Ana Leonor Martins
Para os objectivos que pretende concretizar como directora-geral da Volvo Car Portugal ao facto de ser uma mulher num mundo – e numa posição – (ainda) de homens, Susanne Hägglund fala com entusiasmo do desafio que abraçou, num país que só conhecia como turista. Fala de uma indústria a passar por uma «enorme transformação» e de uma empresa que assume um propósito de sempre e «para a vida» – ser uma marca pessoal, sustentável e segura; fala de liderar em tempos de incerteza e da sua própria liderança; fala da importância de ousar experimentar coisas novas, nem que isso signifique falhar. E fala de gerir pessoas, da importância que isso assume, para si, quanto líder, e dos desafios que representa; fala de atracção e fidelização de talento e do que hoje os profissionais mais valorizam – mas também do que ela própria valoriza nas suas pessoas, pois sabe que só com elas pode cumprir a missão que assumiu: acelerar a estratégia da Volvo Cars para o mercado nacional. E é isso que está a fazer.
Como encarou o desafio de vir liderar os destinos do Volvo Car Portugal?
Quando recebi a proposta, fiquei realmente entusiasmada e honrada. Sou uma pessoa que não tem medo de desafios.
Já conhecia o nosso país? O que mais a marcou, pela positiva e pela negativa?
Já conhecia Portugal enquanto turista, mas não mais do que isso. Portugal é, de facto, um país fantástico, com uma cultura ímpar, pessoas muito simpáticas, um clima maravilhoso e uma natureza espantosa e diversificada. Acredito que os suecos e os portugueses trabalham muito bem entre si. Há algo nórdico no povo português, que não é tão impulsivo como noutras culturas latinas.
Apesar das diferenças culturais, todos nós somos pessoas, independentemente do país onde nascemos; como líderes todos queremos ser notados, confirmados, informados… Queremos sentir-nos valiosos e valorizados.
Que diferenças culturais sobressaem?
Acredito que o povo nórdico procura ser mais estruturado e eficiente, o que pode ser visto como uma grande diferença cultural, mas a verdade é que gostamos de alinhar e procurar consensos. Em Portugal, a chave para o sucesso no trabalho passa, em primeiro lugar, pelo estabelecimento de uma relação. Os portugueses, tendem a ser mais emotivos, calorosos e impulsivos nas suas decisões. Isto é algo que aproxima ambos os países.
Assumiu o cargo em Janeiro de 2022, com a missão de acelerar a estratégia da marca para o mercado português. Que estratégia é essa e que objectivos definiram?
A indústria automóvel está a passar por uma enorme transformação, onde temos de equilibrar dois conceitos distintos. Se, por um lado, temos de optimizar o negócio actual, por outro, temos de nos preparar para o futuro.
Não obstante, o propósito da Volvo é para a vida – de uma forma pessoal, sustentável e segura. Pessoal, pois acreditamos que as pessoas são o centro de tudo e, por isso, estão no centro de toda a nossa estratégia. Sustentável, pois, sendo parte do problema, é fundamental que sejamos parte da solução. Segura e para a vida, uma vez que é parte do nosso ADN desde o nascimento da marca.
Tendo como pano de fundo este propósito, que acompanha a marca desde a sua génese, diria que “Crescimento, Electrificação e Digitalização” são a base de toda a nossa estratégia comercial, de hoje e do futuro.
Queremos crescer e continuar a ser uma alternativa relevante no top três do segmento premium. A nossa aposta é na electrificação total, objectivo que pretendemos alcançar até 2030.
Em Portugal, essa transformação está a acontecer mais rapidamente, com o mercado a dar sinais muito positivos, pelo que o nosso objectivo é sermos totalmente eléctricos já por volta de 2027. E estamos cada vez mais próximos! Em Novembro, atingimos 40% de vendas de modelos 100% eléctricos.
Por outro lado, mas não menos importante, estamos também a modernizar e a optimizar o nosso canal de vendas, para assegurar que podemos proporcionar aos nossos clientes uma experiência pessoal e premium, independentemente do canal em que têm contacto com a marca – seja nos canais digitais ou através das nossas instalações físicas e redes de concessionários.
Que prioridades de acção definiu para atingir essas metas?
São tantas coisas que nem sei por onde começar. Para mim, vencer é apostar, é ousar testar, é aprender, é falhar e é ser bem-sucedido nas nossas tarefas e objectivos.
Mas é claro que estou particularmente focada em algumas iniciativas estratégicas, umas mais de curto-prazo, outras de médio/longo-prazo. Quero, juntamente com a equipa, manter a dinâmica de vendas, apesar de todos os desafios que existem dentro da indústria relacionados com a cadeia de fornecedores. Em linha com esse objectivo, e intrinsecamente relacionado, pretendemos lançar com sucesso os nossos novos veículos eléctricos. O novíssimo Volvo EX90, que apresentámos em Novembro, e um novo SUV mais pequeno, que iremos apresentar na segunda metade de 2023, um automóvel que será absolutamente fantástico para o nosso mercado.
Tal só acontece, a médio e longo prazo, se também nos focarmos na nossa viagem para facilitar a transição dos nossos clientes para a electrificação total. Este é um dos meus grandes objectivos.
Leia a entrevista na íntegra na edição de Dezembro (nº. 144) da Human Resources, nas bancas.
Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.