Entrevista Mário Rocha, Hays: «A pessoa certa pode transformar o negócio e o emprego certo pode transformar a vida da pessoa»
Os Business Service Centres ou Centros de Serviços Partilhados são uma tendência em franco crescimento em Portugal. São cada vez mais as empresas que vêm para o território nacional fixar as suas instalações e recrutar em massa. Em entrevista, Mário Rocha, senior manager da HAYS Portugal, explica de que modo esta realidade tem crescido no último ano e meio e em que áreas.
Por Sandra M. Pinto
Qual é hoje a missão da HAYS e tiveram de mudar a estratégia de Recursos Humanos devido à pandemia?
Na HAYS, acreditamos que a pessoa certa pode transformar um negócio e que o emprego certo pode transformar a vida de uma pessoa. Esta é, desde sempre, a nossa missão: mudar a vida de clientes e candidatos. A pandemia exigiu que tivéssemos que adaptar alguns aspectos relativos à gestão dos colaboradores, nomeadamente, a de passar todas as equipas para teletrabalho e garantir as mesmas dinâmicas de trabalho, produtividade, comunicação e bem-estar de todos.
Exactamente o que são os Business Service Centres ou Centros de Serviços Partilhados?
Os Business Service Centres ou Centros de Serviços Partilhados, no fundo, são funções centralizadas num local ou região específica cujo o objectivo passa por dar suporte a outras empresas do grupo que podem estar localizadas no mesmo país ou noutras regiões.
Podemos falar neles enquanto uma tendência?
Sim, claramente. Há cada vez mais empresas a adoptar este modelo e Portugal surge hoje em dia como uma das principais a opções a ter conta no panorama europeu.
Notam um acréscimo de empresas do sector a procurar Portugal? Qual o motivo?
Sim, podemos afirmar que é bastante notório o crescente equacionar de Portugal para a implementação destes Centros de Serviços Partilhados. Os motivos são vários, entre eles surgem o facto de termos profissionais altamente qualificados, com boas competências e capacidade de dominar diferentes idiomas, mão-de-obra qualificada com custos inferiores a outras regiões europeias, uma boa rede de infraestruturas, a segurança do país, a estabilidade política e o clima também têm grande influência.
Esta realidade tem crescido em pandemia?
Diria que se tem mantido constante (pela positiva) ao longo dos últimos meses.
Recrutam estas organizações em massa?
Sim, em alguns destes projectos isso verifica-se. Muitas vezes, isso traduz-se na necessidade de recrutar em volume de 200-300 pessoas em espaços de tempo relativamente curtos.
Qual a média de colaboradores que cada uma tem?
Varia bastante. É possível encontrar centros que vão desde os 30 colaboradores até aos 600.
De que forma a HAYS interfere neste processo?
A HAYS tem um papel activo nestes processos, através da nossa experiência no suporte destes projectos junto de clientes nacionais e internacionais. Temos equipas que são altamente especializadas no recrutamento para Centros de Serviços Partilhados e com um know-how como não há no mercado.
De que áreas são essas empresas?
Podem variar bastante, tendo em conta que vão desde empresas da área de IT, a indústria, banca, serviços, entre outras.
Qual é o perfil deste tipo de clientes?
Neste panorama encontramos tanto empresas nacionais que decidem criar na sua estrutura uma realidade de Serviços Partilhados, assim como empresas maioritariamente europeias e americanas que decidem deslocalizar alguns processos para outras regiões. Algumas destas empresas são conhecidas pelas marcas e/ou produtos que representam porém, também encontramos empresas mais desconhecidas, mas que se traduzem igualmente em casos de sucesso.
O que procuram eles?
De forma genérica, o que mais procuram são competências técnicas, multiculturalidade e boa apetência para idiomas.
Dentro do nosso território, quais as zonas que preferem?
Em Portugal, temos claramente uma preferência pela zona do Porto e de Lisboa.
Como é o método de trabalho destes centros?
Este tipo de centros têm métodos de trabalho bastante específicos, onde é exigido um grande rigor, sentido de urgência e presença de equipas multiculturais, assim como exposição internacional e possibilidades de mobilidade interna.
Que prós e contras enumeram relativamente a essa escolha?
De forma geral, podemos afirmar que há um equilíbrio entre estas duas regiões do país. Nomeadamente, no que concerne à disponibilidade de recursos, competências técnicas e aptidões linguísticas. Ambas as regiões têm dado uma óptima resposta à exigência que estes projetos requerem.
Qual é o feedback dos clientes em relação a Portugal versus outros países europeus até agora preferidos?
O feedback é bastante positivo e acaba por se traduzir na correspondência com as expectativas criadas, ou seja, temos profissionais altamente competentes, com polivalência e margem de progressão dentro da empresa. Ou seja, vão ao encontro das suas expectativas quando escolhem o país.
De que forma percepcionam o futuro?
Portugal deverá continuar a manter-se como uma das principais opções para empresas europeias e não europeias pela excelente resposta que tem dado a esta tendência e que de resto leva por vezes estes centros a mobilizarem para Portugal novas áreas que não estavam inicialmente previstas.
Quais os maiores desafios que se colocam e de que forma vão ultrapassá-los?
A capacidade de atrair em maior volume alguns idiomas menos comuns como conciliando com a vertente técnica que a função possa exigir.
Será esta uma tendência para continuar no curto/médio prazo?
Acreditamos que sim. Há uma grande probabilidade desta tendência se manter.