Esegur: Apostar no bem-estar para melhorar a produtividade
A pandemia trouxe desafios inesperados, provocando mudanças estruturais nas estratégias de suporte e bem-estar aos colaboradores.
O bem-estar já era um tema em discussão na sociedade e nas empresas que têm o colaborador como foco da sua actividade, e ganhou uma nova vida e dinâmica a partir de meados de 2020. Sendo o capital humano escasso, torna-se necessário criar condições para que esteja comprometido, e assim garantir a sua retenção. O bem-estar passou a ser um dos temas centrais, levando as empresas a procurar soluções que permitam medir o custo- benefício do investimento numa base de utilização e diversificar o portefólio de benefícios do empregador, aumentando a sua competitividade no mercado laboral. Isabel Dinis, directora de Recursos Humanos da Esegur, explica a estratégia de well-being da empresa.
Quais as linhas orientadoras da estratégia de well-being na Esegur?
No caso da Esegur, uma empresa de mão-de-obra intensiva com uma actividade de laboração contínua, este tema é um desafio. A nossa estratégia está focada na Responsabilidade Social, na conformidade com a legislação aplicável, nas boas práticas laborais, como os direitos humanos, trabalho e formação, diversidade, igualdade de género, saúde e bem-estar das suas pessoas, bem como a atracção e manutenção do capital humano qualificado na organização, promovendo simultaneamente a motivação dos seus recursos humanos e o aumento da sua produtividade.
Quais são os factores diferenciadores da abordagem ao well-being pela área de Recursos Humanos da Esegur?
A pandemia acelerou efectivamente muitos dos planos traçados pelas empresas para o well-being dos seus colaboradores, nomeadamente a digitalização, o home-office e as novas formas de trabalhar e comunicar. E a Esegur não foi excepção. Actualmente as áreas da estrutura já possuem ferramentas para os colaboradores trabalharem à distância. Muitas reuniões, hoje, são efectuadas de forma remota, rentabilizando o tempo.
A saúde física e a saúde mental têm um impacto importante no bem-estar e, nessa medida, no âmbito dos nossos serviços de medicina no trabalho, integramos um psicólogo de forma a dar apoio psicológico, sempre que necessário, aos nossos colaboradores.
Por outro lado, promovemos a igualdade de oportunidades no que diz respeito à selecção e recrutamento de recursos humanos e investimos na identificação e captação de talento dos mais variados percursos, académicos, profissionais e até pessoais.
Garantimos igualdade de oportunidades na apreciação, avaliação e selecção das candidaturas, proibindo a definição ou aplicação de critérios de apreciação, avaliação e selecção de pessoas em função do género, da etnia ou nacionalidade, da orientação sexual, religiosa, sindical ou política, ou de qualquer outro factor discriminatório. Promovemos o direito à formação e actualização em regime de acesso igualitário e equitativo sem discriminação, sendo que anualmente é elaborado o Plano de Formação de forma transversal e equitativa a toda a organização.
Apostamos nas pessoas; a promoção activa de uma cultura de mérito é sustentada através de ferramentas de avaliação e reconhecimento equitativas.
A progressão de carreira é efectuada de acordo com a aplicação de factores e critérios objectivos e não discriminatórios e o acompanhamento das condições salariais garante mecanismos de paridade.
De que forma esta área do well-being é desenvolvida para o universo de colaboradores, em que uns trabalham nos escritórios e outros fora das instalações da empresa?
Efectivamente a Esegur, na implementação destas práticas, depara-se com a dispersão geográfica inerente à actividade de segurança privada, nomeadamente no que respeita à vigilância humana, em que os seus vigilantes se encontram nos clientes. No entanto, todos têm a acesso às medidas e práticas implementadas.
Da auscultação que fazem aos colaboradores, quais os aspectos mais valorizados no que diz respeito à área de well-being?
Os colaboradores valorizam mais a flexibilidade laboral e as práticas que lhes permitem conciliar a vida pessoal com a profissional.
Com a introdução dos modelos híbridos de trabalho, de que forma é encarado hoje, pela empresa e colaboradores, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional?
A Esegur é uma empresa de mão-de-obra intensiva com uma actividade laboral contínua, pelo que a implementação de modelos híbridos é apenas possível nas áreas de apoio ao negócio, o que representa 10% do seu headcount. Até há muito pouco tempo, foi o modelo adoptado em resultado da pandemia.
Actualmente estamos em regime presencial. Todavia o paradigma mudou e a Esegur dá a possibilidade de, por acordo com o colaborador, o modelo híbrido ser adoptado. As ferramentas estão implementadas e por isso é só utilizá-las.
Que programas existem na Esegur, direccionados aos colaboradores, nesta área do well-being?
A Esegur promove uma política de responsabilidade corporativa, contribuindo para a integração da vida pessoal e profissional. Destacam-se:
- A possibilidade de serem atribuídos horários flexíveis, podendo as suas pessoas escolher horários de início e fim de jornada;
- A redução de horário sem que haja perda de retribuição;
- A possibilidade dos colaboradores trabalharem remotamente;
- As parcerias com instituições que permitam a fruição de benefícios ou vantagens no âmbito da saúde e bem-estar, desporto e turismo;
- A possibilidade dos colaboradores cuja actividade/função pode ser desenvolvida à distância e de forma remota, trabalharem em regime híbrido.
De que forma considera que estes programas contribuem para a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores?
As vantagens destes programas são a redução do absentismo; o aumento da produtividade; a melhoria do ambiente de trabalho; a redução dos riscos psicossociais do stress e de burnout.
Quais as métricas utilizadas para medir o sucesso destes programas?
Na Esegur, as métricas utilizadas são as taxas de absentismos e os níveis de produtividade e rentabilidade. A Esegur também aplica um questionário de avaliação de riscos psicossociais, cujos resultados são analisados e definidas acções consequentes. Iniciámos esta prática em 2019, sendo que iremos aplicar novamente o questionário em 2023.
Que desafios existem ao delinear uma estratégia de well-being suficientemente abrangente para incluir toda a população de colaboradores da Esegur?
Os grandes desafios consistem na dispersão geográfica e actividade de laboração contínua que dificulta a implementação e acessibilidade.
E quais são as prioridades da Esegur, no âmbito do well-being, para estes os próximos tempos?
A Esegur tem como prioridade futura dinamizar e implementar acções direccionadas à qualidade de vida, quer ao nível físico, quer ao nível emocional e social dos nossos colaboradores, fomentando uma cultura de bem-estar e proporcionando maior equilíbrio profissional e pessoal.
Que tendências de futuro identifica na área do well-being a nível global? Quais as grandes inovações?
As alterações e os desafios constantes que têm surgido no ambiente de trabalho e na esfera de negócios têm conduzido as organizações a repensarem as suas políticas de capital humano e a identificar estratégias e programas sustentáveis com foco no bem-estar dos colaboradores e na obtenção de resultados positivos.
Cada vez mais, as organizações procuram promover um espírito colaborativo de modo a melhorar os níveis de compromisso das equipas e as actividades por si realizadas.
Estudos de mercado referem que, em 2020, mais de 60% das empresas demonstraram uma crescente preocupação na área de well-being, uma tendência que se irá manter nos próximos anos, impulsionada por novas necessidades e realidades que vieram para ficar.
A pandemia trouxe desafios inesperados, provocando mudanças estruturais nas estratégias de suporte e bem-estar aos colaboradores. Do mesmo modo, acelerou efectivamente muitos dos planos traçados pelas empresas, nomeadamente a digitalização, o home-office, novas formas de trabalhar e de comunicar. Mas com os avanços, crescem também os desafios. O foco no colaborador aumentou, sendo importante garantir uma boa saúde mental e que a ajuda necessária esteja ao alcance a qualquer momento.
No entanto, as empresas ainda enfrentam alguns desafios à implementação destes programas. O desinteresse dos colaboradores por estas iniciativas, a dificuldade das empresas na promoção do compromisso e o investimento na área de bem-estar, são algumas das principais barreiras.
Efectivamente as vantagens ultrapassam as barreiras e as empresas que optaram por esta solução verificaram a redução do absentismo; o aumento da produtividade; a melhoria do ambiente de trabalho e satisfação com o empregador e a redução dos riscos psicossociais do stress e de burnout.
Este artigo faz parte do Especial “Well-Being” publicado na edição de Outubro (n.º 142) da Human Resources.
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