Esmagadora maioria dos gestores portugueses defende que redução da carga fiscal ajudaria ao crescimento do País

Apesar da incerteza que caracteriza o cenário actual, a confiança dos gestores na economia nacional apresenta sinais de recuperação. De acordo com esta última edição do Barómetro Kaizen, o grau de confiança registou uma subida para 12,61, em comparação com os 12,19 registados em Abril deste mesmo ano.

Embora investir em inovação e aumentar a eficiência operacional sejam estratégias apontadas para enfrentar os desafios internacionais, os líderes empresariais sublinham no barómetro, também, medidas domésticas para acelerar o crescimento. Entre estas, a redução da carga fiscal (77%) e o investimento em inovação e tecnologia (61%) emergem como essenciais, visando fortalecer tanto a resiliência das empresas, como o potencial de Portugal no cenário internacional. Assim, as políticas de crescimento e as estratégias empresariais convergem para uma resposta integrada, que assegure maior robustez económica.

Adicionalmente, há um optimismo moderado no sector empresarial, com 61% dos gestores a afirmarem que esperam cumprir ou até ultrapassar os objectivos definidos para 2024 nas suas empresas. Este dado sublinha a capacidade das organizações se ajustarem aos desafios e capitalizarem as oportunidades, mesmo num panorama económico em constante transformação.

A proposta de Orçamento do Estado para 2025, foi outro dos tópicos discutidos. Contudo, e de acordo com 83% dos inquiridos, este não parece ter medidas com impacto relevante, em relação às necessidades das suas empresas e, apenas, 14% afirma que as medidas contribuem positivamente para o crescimento da sua organização. Ainda no contexto macroeconómico, os empresários manifestaram-se de forma positiva, relativamente à descida das taxas de juro, pela Fed e pelo BCE, com 50% a afirmar que este decréscimo terá um impacto positivo nos seus custos de endividamento. Os empresários portugueses também opinaram relativamente à inflação, acreditando que as previsões são realistas e que a inflação continuará a mostrar uma tendência decrescente até ao próximo ano.

Num cenário de crescente protecionismo, com as estimativas do FMI a apontarem para um impacto de 6% no PIB global, caso as tarifas comerciais entre os Estados Unidos, Zona Euro e China subam para 10%, as empresas enfrentam desafios de competitividade e acesso a mercados. Questionados sobre como enfrentar este ambiente, os líderes empresariais destacam a importância de investir em inovação e aumentar a eficiência operacional (59% cada), bem como, diversificar os mercados (40%), para garantir resiliência e crescimento.

Ao abordar o crescimento e a competitividade das empresas portuguesas, o tema do financiamento revela-se essencial, especialmente num contexto onde o aumento da presença de Private Equity no tecido empresarial português poderia oferecer novas oportunidades de expansão. No entanto, a maioria dos líderes empresariais (73%) não considera esta forma de investimento uma opção relevante para os seus planos de crescimento. Em vez disso, muitos optam por estratégias mais tradicionais: 61% aponta o financiamento bancário como a sua principal via de suporte, enquanto 31% afirma não recorrer a financiamento externo para expandir.

A transformação digital é vista com grande potencial disruptivo, especialmente em áreas como automação de processos (70%) e análise preditiva (62%), indicando uma aposta clara em ferramentas de AI e ML, para optimizar operações e antecipar tendências de mercado. Em paralelo, os líderes empresariais manifestam um compromisso crescente com os objectivos ESG, embora ainda parcial em alguns casos: 42% afirma um alinhamento total com estes objetivos, enquanto 47% reconhece um alinhamento parcial. Estes resultados demonstram um percurso evolutivo, onde a inovação e a responsabilidade ambiental e social caminham juntas, refletindo uma visão de crescimento sustentável e adaptável aos desafios do presente e do futuro.

Para cumprir e garantir a continuidade desta trajectória de crescimento em 2025, os inquiridos afirmam que as suas maiores apostas serão no aumento de produtividade (59%), entrada em novos mercados/geografias (45%) e, por fim, na Melhoria da força de vendas e da customer journey (40%).

O Barómetro Kaizen é um estudo de opinião desenvolvido semestralmente pelo Kaizen Institute em Portugal junto de administradores e gestores de médias e grandes empresas que atuam no mercado português sobre a sua perspetiva quanto a temas de atualidade, à evolução da economia e do seu negócio, perspetivando tendências e desafios.

A edição de novembro do Barómetro Kaizen inquiriu mais de 220 gestores de empresas que representam, no seu conjunto, mais de 35% do PIB de Portugal.

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