Está a ponderar implementar uma política de regresso ao escritório? Não o faça sem antes verificar esta checklist

As empresas que recentemente regressaram ao modelo presencial reportaram uma diminuição considerável na motivação dos colaboradores e um aumento de saídas. Se está a pensar implementar uma política de RTO (Return To Office), esta é a oportunidade de reconsiderar a sua abordagem para evitar repetir os erros (dispendiosos) de outras empresas, aconselha a Insightful.

 

As razões apresentadas para o regresso ao escritório baseiam-se nos seguintes pressupostos:

  • O trabalho presencial é melhor para a colaboração entre equipas;
  • Estar fisicamente presente no escritório ajuda a preservar a cultura da empresa;
  • Os colaboradores são mais produtivos quando são supervisionados fisicamente.

Contudo, um inquérito revelou que um em cada 10 líderes empresariais está a aumentar os dias presenciais para levar os colaboradores a demitir-se. E está a funcionar: 8 em cada 10 empregadores relataram perda de talento devido a este factor.

De acordo com um estudo, 98% dos colaboradores preferem trabalhar remotamente, pelo menos a tempo parcial. Os motivos apontados são:

  • 90% dos trabalhadores remotos afirmam beneficiar da flexibilidade e do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional;
  • 93% dos colaboradores acredita que o trabalho remoto melhorou a sua saúde mental;
  • 74% são a favor do trabalho remoto para poupar tempo e stress relacionados com as deslocações.

Ainda assim, apesar destas vantagens, mais de metade dos colaboradores afirma que a remuneração é a maior influência na sua satisfação no trabalho. No entanto, 43% referiram ter sido solicitados a regressar ao escritório sem qualquer aumento salarial.

Este cepticismo e desconfiança entre empregadores e empregados em relação ao RTO tem vindo a aumentar, provocando cada vez maior tensão.

Conhecidas multinacionais avançaram com políticas rígidas de regresso ao escritório nos EUA. Meta, Google e Apple exigem três dias por semana no escritório. Na Dell são três dias presenciais por semana para os trabalhadores híbridos, já os remotos não são elegíveis para promoções. Na Tesla e na Amazon o trabalho é full-time presencial. A insatisfação dos colaboradores tem sido transversal às seis empresas, algumas com protestos, outras com demissões.


‍Checklist pré-decisão: como evitar armadilhas

Uma política de RTO (se não for implementada com cuidado) apresenta riscos e consequências para toda a força de trabalho. Antes de avançar, há vários factores a considerar.

Comece por perguntar o seguinte: Está a resolver o problema certo?

A primeira questão é simples: porque é que o RTO é necessário? Que desafios espera resolver? Muitas empresas assumem que determinados problemas estão relacionados com o trabalho remoto, mas geralmente não é esse o caso. A desconexão decorre de esforços de engagement insuficientes, fluxos de trabalho rígidos sufocam a criatividade e programas de mentoria pouco claros limitam o desenvolvimento, seja no escritório ou remotamente.

Da mesma forma, os problemas de desempenho podem surgir da falta de visibilidade do trabalho, e não da localização. Antes de exigir o RTO, considere se estes problemas podem ser resolvidos com melhor liderança, processos mais claros e as ferramentas certas, sem sacrificar a flexibilidade.

Utilize ferramentas analíticas para identificar o problema

As ferramentas de análise da força de trabalho podem ajudar a identificar as lacunas reais e a abordá-las com insights baseados em dados – como a frequência da comunicação, a eficácia e impacto na produtividade, as horas de produtividade e gestão de tempo, gestão de projectos e fluxos de trabalho, progresso e desenvolvimento, conclusão de tarefas, etc. – antes de avançar para o RTO.

Tem dados para sustentar a sua posição?

Os colaboradores que foram obrigados a voltar ao escritório queixam-se frequentemente de que já provaram que são produtivos remotamente. É importante sustentar a sua justificação do RTO com dados, e não apenas com suposições. Fazer isto irá ajudá-lo a explicar claramente aos colaboradores como o RTO beneficiará a empresa. ‍Se os dados não suportam o seu raciocínio, talvez queira reconsiderar o RTO.

Teve em consideração as preferências dos colaboradores?

Os líderes estão a enfrentar pressão para trazer as equipas de volta ao escritório, mas esta transição é mais bem-sucedida quando equilibra os objectivos do negócio com as necessidades dos colaboradores.

Muitos empregadores podem não compreender por que razão os colaboradores preferem o trabalho remoto — seja pelo equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, a saúde mental, a redução do stress na deslocação ou o aumento do foco — e sem esta percepção, os riscos de falta de engagement e turnover aumentam.

Para descobrir estas motivações, realize inquéritos anónimos ou focus groups, fazendo perguntas específicas sobre o impacto do trabalho remoto no bem-estar, na produtividade e nos desafios diários dos colaboradores.

A recolha destes dados pode revelar insights valiosos e possíveis compromissos que vão ao encontro dos objectivos de produtividade e do bem-estar dos colaboradores, levando a um regresso ao escritório mais tranquilo e colaborativo.

 

Vai disponibilizar flexibilidade ou incentivos?

Um regresso ao escritório sem opções de flexibilidade ou incentivos pode parecer restritivo, levando à frustração e, potencialmente, a um maior turnover.

Os modelos híbridos, em que os colaboradores dividem o tempo entre escritório e casa, oferecem um meio-termo que preserva a produtividade e, ao mesmo tempo, permite flexibilidade. Se um modelo híbrido não for viável e o RTO total for essencial, considere formas de compensar os colaboradores pela perda de flexibilidade, seja através de um aumento de salário, benefícios adicionais ou programas de bem-estar que satisfaçam as exigências do trabalho no escritório.

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