Esta gestora de investimentos vai reforçar as políticas de voto sobre remunerações, diversidade de género e clima

A Allianz Global Investors (Allianz GI), gestora activa de investimentos, publicou a análise anual sobre a sua política activa de voto (proxy voting) nas assembleias gerais anuais de accionistas globalmente, baseada na sua participação em 9137 assembleias de accionistas e o seu voto em cerca de 100 mil propostas de accionistas e gestores.

A AllianzGI votou contra ou absteve-se em pelo menos um ponto da agenda em 71% de todas as reuniões a nível mundial. Opôs-se globalmente a 18% das propostas relacionadas com o capital, 24% das propostas relacionadas com a gestão e, globalmente, 41% das propostas vinculadas à remuneração, o que reflecte as expetativas elevadas em relação aos padrões de governança.

Por um lado, a remuneração dos executivos volta ser um dos temas mais preocupantes na Europa, com o maior número de “votos contra” na Alemanha (48%), Itália (55%) e Bélgica (61%). Sublinham-se as preocupações com a transparência, especialmente na Alemanha e em Itália, quanto à divulgação clara da ligação entre desempenho e retribuição (pay-out). Os maiores avanços encontram-se entre as grandes empresas europeias que agora incluem indicadores-chave ESG nas suas políticas de remuneração, algo que a Allianz GI defende há vários anos.

Por outro lado, foi apresentado, no ano passado, um número recorde de propostas por parte dos accionistas; contudo, o nível médio de apoio diminuiu para aproximadamente 22% desde o seu pico de 33% em 2021.

Houve uma queda significativa nas resoluções “Say on Climate” em 2023, tendo a Allianz GI votado em apenas cerca de 30 propostas relacionadas com o clima apresentadas pela gestão – face às 50 em 2022. Na Europa, a maioria destas propostas vem de empresas em França e do Reino Unido, sendo a Austrália o país com maior impacto fora da Europa.

A qualidade dos conselhos de administração é fundamental, já que a governança anda de mãos dadas com os melhores resultados financeiros e os elevados padrões de sustentabilidade. Em 2023, a Allianz GI continuou a votar contra quase um quarto (24%) de todos os administradores que se candidataram a eleições, ao mesmo tempo que se opôs a várias empresas onde considerou que o board e/ou os comités do conselho não eram suficientemente independentes (2022: 25%), quer porque os directores tinham um extenso mandato, quer porque eram representantes de accionistas importantes.

Olhando para a política de voto em 2024, a Allianz GI revela que vai continuar a fortalecer as suas directrizes de voto no que diz respeito aos aspectos da sustentabilidade de três formas principais:

i. Remuneração: Actualmente, a Allianz GI vota contra as empresas europeias de grande capitalização que não incluem indicadores-chave de desempenho ESG nas suas políticas de remuneração. Para 2024, este requisito é alargado para além da Europa e a empresas mais pequenas.

ii. Diversidade de género: A Allianz GI vai definir metas mais rigorosas de diversidade de género no conselho de administração (board) de determinados países, aumentando a proporção para 40% nas grandes empresas do Reino Unido, Itália e França e também espera a presença de pelo menos uma mulher no board de todas as empresas cotadas na Ásia. O compromisso da Allianz GI com a diversidade de género foi a principal motivação para cofundar o 30% Club Investor Group Germany 20231, e para copresidir esta iniciativa em França e na Alemanha.

iii. Clima: 2023 saldou-se por uma diminuição no número de resoluções “Say on Climate”. Uma vez que a gestora atribui grande importância às estratégias de transição climática, a política de voto foi atualizada para responsabilizar cada vez mais os gestores, caso uma empresa não tenha em vigor uma estratégia credível de zero emissões líquidas. No futuro, vai basear a sua decisão na sua metodologia proprietária Net-Zero Alignment Share2, que fornece um meio concreto para comparar o progresso das empresas de forma consistente em todos os sectores e mercados.

Ler Mais