Estamos perante uma crise de talento ou uma crise de esperança no talento? Dois especialistas deram a resposta

O tema do talento é transversal às diversas áreas organziacionais e esteve em foco na 20.ª conferência Marketter (marca do Multipublicações Media Group), que decorreu esta manhã no Sagres Campo Pequeno. Numa mesa-debate sobre a “Forma de recrutar talentos inteligentes”, Pedro Pires, criativo, esteve à conversa com Alisson Ávila, head of Innovation da NOVA SBE, e Inês Casaca, directora da Randstad, para reflectir sobre como a tecnologia vai mudar o perfil e trabalho dos profissionais.  

 

«Estamos perante uma crise de talento ou uma crise de esperança no talento» foi a provocação com que se deu início ao debate e à qual Inês Casaca respondeu defendendo que a tão falada escassez de talento «deve ser analisada numa lógica do talento que as empresas procuram e também do talento que existe. O talento existe, tem sim é de haver sintonia para colmatar as necessidades das organizações e dos profissionais, e um equilíbrio entre o que é necessário e o que existe no mercado de trabalho.»

Por seu lado, Alisson Ávila acredita que há um excesso de frustração. «As pessoas foram empoderadas, mas não sabem o que fazer com esse poder. Nomeadamente os estudantes que saem das universidades conscientes do que pretendem e quando chegam às empresas estas não conseguem dar as respostas que eles procuram.»

E esse tema é uma preocupação para as empresas, garante Inês Casaca. «Querem reter os seus profissionais e mostrar que têm um caminho para acolher os novos talentos.»

«Esse caminho passa por uma maior agilidade nas organizações, pois os jovens têm outras prioridades além da carreira, como o equilíbrio vida pessoal vida profissional», acrescenta Alisson Ávila.

Neste contexto,  as ferramentas digitais são um complemento e permitem optimizar o trabalho,  “libertam” os colaboradores, que irão desempenhar mais um papel de “curadores” e gestores de projectos, concordam ambos os interlocutores, numa alusão àquele que foi o foco da Conferência: a inteligência artificial.

Para tal acontecer, a formação e capacitação são fulcrais. O problema, refere o head of Innovation da NOVA SBE, prende-se com o facto de muitos profissionais terem «dificuldade em trabalhar com as ferramentas porque não entendem por que razão estão a fazê-lo. Se as organizações construírem um caminho em que a Inteligência Artificial seja um meio para atingir um fim e houver uma estratégia bem delineada com objectivos definidos, haverá envolvimento de todos», acredita. Opinião corroborada pela responsável da Randstad: «A decisão está nas pessoas. Para decidirem o que a tecnologia nos dá, têm de a conhecer e entender.»

Outro tema abordado foi o da idade, que, segundo Inês Casaca, já é lidado de forma diferente nas empresas, «até porque trabalhamos até mais tarde» e os colaboradores especializados querem aprender e ter novas experiências dentro das organizações. A aposta passa pelo reskilling, de forma a usar esse talento, que já existe nas empresas. Ademais, será benéfico para as novas gerações, que podem aprender com elas e também ensinar.  «O mercado assim o exige e tem de haver oportunidades para todos.»

Sendo a competitividade o maior desafio que o País enfrenta actualmente, Alisson Ávila considera um «erro estratégico as organizações não contarem com a experiência dos mais velhos», já que todas as gerações têm contributos para dar. Para fazer melhor com os recursos disponíveis, torna-se necessário desenvolver e implementar «estratégias mais terra-a-terra», principalmente num mercado dominado por pequenas e médias empresas. A nova directiva europeia, relacionada com o investimento sustentável pode ser a oportunidade ideal para as grandes empresas trabalharem mais de perto com as PME nomeadamente na parte tecnológica, sugere o head of Innovation da NOVA SBE.

«Essa capacidade de organização, com prioridades bem definidas de metas a atingir, envolvendo as pessoas para que percebam que a tecnologia pode ser benéfica para o seu dia-a-dia, será o caminho a seguir», conclui a responsável da Randstad.

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