Estará no autoconhecimento o futuro dos Recursos Humanos?
O ritmo acelerado em que vivemos e trabalhamos leva a que muitos procurem, cada vez mais, não só o sucesso ou felicidade, como também o desenvolvimento pessoal. Contudo, esta viagem pode vir a tornar-se especialmente confusa caso não existam as ferramentas certas para nos orientarem, nomeadamente em termos do autoconhecimento.
Por Pedro Monteiro, sales manager da GoodHabitz em Portugal
É cada vez mais essencial compreendermos bem quem somos, quais as nossas capacidades, que valores nos guiam ou que desejos ou limitações pautam o nosso caminho para conseguir de facto alcançar valores como a felicidade ou sucesso. Sendo assim, considero que o autoconhecimento pode ser a chave-mestra para a evolução de empresas e colaboradores – no presente e no futuro.
O processo de desenvolvimento pessoal começa exactamente com autoconhecimento – algo simples, mas em que nem sempre pensamos. Numa óptica de Recursos Humanos, este pequeno passo pode fazer toda a diferença, dado que se as empresas derem aos colaboradores oportunidade de se conhecerem, dar-lhes-ão também a possibilidade de descobrir o que realmente os torna únicos.
E é nisso que devemos trabalhar! Naquilo que nos distingue dos demais e que faz com sejamos uma mais-valia numa organização. Como é que isto pode ser feito, a nível prático? Pode ser mais fácil do que pensamos. O avanço da tecnologia trouxe-nos a este momento onde já existem ferramentas bastante simples, intuitivas e até lúdicas para abrir a porta ao autoconhecimento. Entre as disponíveis, destaco os assessments on-line.
Os assessments, no contexto português, são tipicamente utilizados em processos de recrutamento para aferir “competências alheias” ou, em alguns projectos específicos de desenvolvimento de competências, nomeadamente, de liderança. Porém, os mesmos podem e devem ser utilizados para desenvolvimento de talento de forma mais abrangente e inclusiva, tendo como foco o colaborador e o seu autoconhecimento, permitindo-lhe descobrir-se a vários níveis.
Vamos fazer um exercício rápido: sabe qual é o seu estilo de comunicação? Ou de onde vem a sua motivação? Ou até que traços de personalidade tem (e que podem ser potenciados com determinadas formações)? Os assessments (que não têm necessariamente de ser testes longos e enfadonhos) podem, através de perguntas simples e directas e aplicados do ponto de vista do crescimento individual, permitir aos profissionais descobrirem tudo isto e muito mais. E conseguem ir mais longe, dando-lhes a oportunidade, de forma imediata, de realizar formações ajustadas ao seu perfil, que têm a capacidade de colmatar possíveis lacunas ou potenciar algumas das suas características ou competências mais distintivas.
Porém, acho importante marcar uma linha entre os tradicionais assessments e aqueles cujo objectivo é o autoconhecimento e desenvolvimento do colaborador. Nestes últimos, o foco está em procurar pelo potencial do colaborador, o que o torna único e indispensável a uma organização.
Nos assessments tradicionais, comummente utilizados em recrutamento, mas não só, o colaborador responde a questões que implicam muitas vezes algum tipo de julgamento, têm normalmente uma duração longa, estão cheios de termos complicados ou pouco familiares e são, sem dúvida, bastante dispendiosos.
Para que o autoconhecimento e desenvolvimento pessoal possam estar ao alcance de todos, os assessments devem ser feitos a pensar no desenvolvimento pessoal contínuo e, por isso, breves, e de fácil interpretação, com uma componente lúdica, estimulando a curiosidade para que cada um possa aprender mais sobre si mesmo e sem o peso da obrigatoriedade de os fazer.
Por tudo isto, este tipo de testes beneficia as empresas a vários níveis. Ao nível macro, promove o desenvolvimento dos colaboradores de uma forma geral, uma sólida cultura de aprendizagem, alimenta um sistema de gestão de talento com resultados agregados e pode assim impactar indicadores de negócio importantes como é o caso da rotatividade. Porque com eles também podemos saber o nível de motivação, compromisso, entre outros indicadores relevantes, e podemos actuar sobre eles sempre que necessário.
Num nível de equipa, melhora não só a comunicação, como também a cooperação e rendimento entre as várias partes. Por sua vez, ao nível individual, de cada colaborador, aumenta o autoconhecimento, a sua motivação, o desenvolvimento pessoal e, consequentemente, fomenta uma melhor performance.
Numa altura em que as empresas estão cada vez mais comprometidas com o crescimento dos seus colaboradores, não me restam dúvidas de que os assessments focados no desenvolvimento pessoal já estão no radar de interesse dos colaboradores e organizações e que o autoconhecimento virá a assumir uma posição central no futuro dos Recursos Humanos.