Estudo revela as cinco grandes tendências para o mundo do trabalho em 2023
Perante uma taxa de inflação elevada, com o consequente aumento do custo de vida e uma recessão iminente, à medida que o final do ano se aproxima, a incerteza em relação a 2023 aumenta. De acordo com o “Hiring and Workplace Trends Report 2023”, da Glassdoor e Indeed, o mercado de trabalho irá manter-se bastante resiliente no próximo ano, noticia a Fast Company.
Investigadores entrevistaram milhares de trabalhadores e consultaram economistas para determinar que mudanças são expectáveis em 2023 e eis as cinco maiores tendências.
O mercado de trabalho vai manter-se apertado
Apesar dos despedimentos em massa nas empresas tech, o relatório avança que os colaboradores terão vantagem no mercado de trabalho no próximo ano.
«Em consequência das recentes demissões e congelamento de contratações, é natural que a taxa de desemprego vá aumentar nos próximos meses, mas constituem uma pequena fração do total de empregos disponíveis [nos EUA]», explica Aaron Terrazas, economista-chefe na Glassdoor.
Na verdade, uma recessão não terá um impacto significativo no mercado de trabalho, porque a população em idade activa continua a diminuir em países como Canadá, China, França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos. Espera-se que esse factor mantenha os empregadores à procura de colaboradores e controle os picos de desemprego.
«As economias de muitos países podem desacelerar ou até entrar em recessão, à medida que os bancos centrais trabalham para reduzir a inflação. Mas mesmo que a procura por parte dos empregadores diminua, no longo prazo a oferta permanecerá provavelmente baixa», refere o relatório, citando a diminuição da faixa etária dos colaboradores entre 25 e 54 anos.
Apesar dos prenúncios de recessão, os economistas da Indeed e da Glassdoor acreditam que a contratação continuará a ser um desafio nos próximos anos, impulsionada pela demografia e preferências de evolução. «Os colaboradores continuarão a ter o poder de pressionar por salários mais altos, benefícios melhores, flexibilidade de horários e uma série de outros privilégios.»
O trabalho remoto veio para ficar
De acordo com o relatório, uma das políticas mais populares que os colaboradores usarão para benefício próprio será a opção de trabalhar remotamente, já que este modelo é o preferido dos colaboradores.
«Ainda não descobrimos a receita perfeita do trabalho remoto, mas é seguro dizer que o trabalho remoto funciona», diz Svenja Gudell, economista-chefe da Indeed. «O trabalho remoto pode não ser o modelo certo para todas as empresas e todos os coalborasdores, por isso haverá naturalmente alguma auto-selecção.»
«Os dados da Glassdoor mostram que as funções remotas geram maior interesse por parte dos candidatos a emprego, e as organizações que oferecem opções totalmente remotas têm naturalmente acesso a um conjunto de talentos muito mais abrangente», acrescenta Terrazas.
Melhores benefícios
Ambas as organizações concluíram que os empregadores estão a aumentar os pacotes de benefícios e a “publicitá-los” para atrair mais talento. Os benefícios relacionados com a saúde e bem-estar dos colaboradores aumentaram nas preferências referidas pelos colaboradores. No caso da saúde mental por exemplo, aumentou para 63% em 2022 (comparativamente a 49% em 2019).
Felicidade como métrica de sucesso
O relatório sugere que os colaboradores priorizam a sua felicidade e bem-estar mais do que antes da pandemia. Quase metade dos entrevistados afirmou que a sua expectativa em relação à felicidade no trabalho aumentou no ano passado, e 86% declarou que a forma como se sentem no trabalho afecta a forma como se sentem em casa.
A Glassdoor e a Indeed estimam ainda que 90% das pessoas acreditam que a forma como nos sentimos no trabalho é importante, mas apenas 49% relatam que a sua empresa está a medir a felicidade e o bem-estar.
Dessa forma, «medir e entender o bem-estar dos colaboradores está a tornar-se fundamental para atrair e reter talento».
Ênfase na DEI
A última tendência prevista para 2023 é uma ênfase maior na diversidade, equidade e inclusão (DEI). Mas esse entusiasmo não é sentido igualmente pelos colaboradores. Os investigadores descobriram uma diferença geracional significativa quando se trata de iniciativas relacionadas com DEI.
Enquanto 72% dos colaboradores entre os 18 e os 34 anos afirmaram que considerariam recusar uma oferta de emprego ou deixar uma empresa se achassem que a sua liderança não apoia iniciativas de DEI, essa atitude muda nas faixas etárias mais velhas: apenas 63% das pessoas entre os 35 a 44 anos, 60% das pessoas entre os 45 e os 54 anos, 52% das pessoas entre os 55 e os 64 anos e 45% das pessoas com mais de 65 anos disseram o mesmo.
Para a especialista em DEI e fundadora da The Resource Key, Jourdan Saunders, essa lacuna geracional não a surpreende. «As faixas etárias mais jovens são mais apaixonadas por temas ligados à DEI. Finalmente, as empresas têm agora, mais do que nunca, a responsabilidade de investir nessas iniciativas.»