Estudo revela quanto vai crescer o investimento das empresas em Engenharia e Investigação e Desenvolvimento

O investimento global das empresas em Engenharia e Investigação e Desenvolvimento em engenharia (EI&D, da sigla em inglês) devem aumentar fortemente nos próximos quatro anos a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 10% até 2026, apesar das incertas condições económicas actualmente, revela o Global Engineering and R&D report, da Bain & Company.

À medida que as empresas aceleram os gastos com a digitalização, manter o ritmo acelerado do investimento da indústria em engenharia digital e recursos relacionados vai ser central para a forte tendência projectada do investimento global.

Os investimentos digitais devem registar uma CAGR de 19% de 2022 a 2026, quase o dobro da taxa de crescimento da despesa total investida em EI&D, segundo mostra o inquérito da Bain & Company efectuado a mais de 500 executivos séniores em todo o mundo.

O relatório da Bain & Company revela que a maioria dos altos executivos inquiridos planeia aumentar os gastos em EI&D, apesar da instabilidade económica actual. Entre os sectores que ainda planeiam aumentar esses gastos estão o automóvel e a mobilidade, o aeroespacial e a defesa, os dispositivos médicos, a indústria e serviços avançados, a energia e os recursos naturais e as telecomunicações.

Segundo o estudo, nas recessões anteriores, como a crise financeira global de 2008-2009, os gastos com EI&D foram mais resilientes do que o crescimento do PIB. E entre 2014 e 2021, o gasto mundial em EI&D cresceu quase quatro vezes mais rápido do que o PIB. Isto deve-se, entre outras coisas, ao facto de que um grande volume de trabalho de EI&D tende a estender-se por um prazo mais longo e, portanto, a ser menos frágil do que outros tipos de gastos.

O relatório da Bain mostra ainda que 73% das empresas de EI&D reportam um défice de talento e que essa divisão vai aumentar à medida que os baby boomers se forem aposentando mais rapidamente do que os recém-formados e os engenheiros a meio da carreira transitam para funções não relacionadas com a engenharia. Globalmente, a percentagem de engenheiros que abandonam os seus empregos em empresas de engenharia aumentou para entre 16% e 17%, um aumento de mais quase dois pontos percentuais do que há três anos.

Quase três quartos dos directores de tecnologia (CTO, da sigla em inglês) entrevistados pela Bain & Company disseram que reduzir o tempo de lançamento no mercado é uma prioridade para os departamentos de engenharia, enquanto 70% dizem que incorporar novas tecnologias em produtos e serviços é uma prioridade fundamental.

Sinalizando uma mudança estratégica, 60% das empresas planeiam aumentar o outsourcing de ER&D nos próximos três anos, de acordo com o estudo da Bain & Company. Tradicionalmente, as grandes empresas têm externalizado cerca de 18% do trabalho de EI&D em valor. Esse nível é francamente inferior ao do sector de serviços de TI, que passou por uma transformação semelhante nos anos 2000 e hoje externaliza 46% das actividades.

Além de acelerar a inovação, a externalização e a deslocalização também ajudam as equipas executivas a lidar com a escassez crónica de talento e a crescente pressão dos custos. Mais de 80% dos altos executivos entrevistados relatam lacunas de talento em áreas que exigem um conhecimento digital, incluindo a engenharia de dados, a análise de dados, a inteligência artificial, a segurança cibernética, a IoT (Internet of Things) e a conectividade, mas também em outras áreas cruciais, como a engenharia de sistemas.

Destacando esta tendência, 73% dos entrevistados disseram que o conhecimento do sector ou da tecnologia é o factor mais importante na selecção de um parceiro de outsourcing. Isto contrasta com os 59% de entrevistados que referiram o custo como o factor principal.

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