Fernando Braz, Salesforce Portugal. Pode uma só geração determinar a utilização futura da IA generativa?
Os colaboradores responsáveis pelas decisões quotidianas que impulsionam uma empresa são aqueles que actualmente não aproveitam a IA generativa e não a compreendem totalmente.
Por Fernando Braz, Country leader da Salesforce Portugal
Será a geração Z a determinar até que ponto a inteligência artificial (IA) Generativa vai realmente fazer avançar na forma como vivemos e trabalhamos. Nascidos num mundo de smartphones, assistentes virtuais e internet, o nível de conforto entre os “nativos digitais” com o ritmo da mudança tecnológica e o seu impacto na sociedade será uma força motriz para a adopção generalizada da IA.
No entanto, a capacidade da geração Z em confiar na IA Generativa é tão importante como a capacidade de esta tecnologia tornar a vida de todos mais fácil. Talvez mais do que qualquer outra geração, exigem tecnologia com consciência. A geração Z quer compreender como funciona a IA generativa e garantir que seja segura ou protegida. Adicionalmente, querem ter a certeza, por exemplo, de que as suas informações não serão utilizadas em nenhum outro lugar sem o seu consentimento.
Neste sentido, existem boas notícias para as empresas preocupadas com os consumidores que se autodenominam de não adoptantes, não familiarizados com a IA generativa e que não têm a certeza de como a tecnologia vai afectar as suas vidas. Quase metade afirma que utilizaria a IA generativa se esta fosse mais fácil de usar ou integrada na tecnologia que já utiliza. Adicionalmente, 51% dizem que o cenário poderia mudar se as empresas fossem mais transparentes sobre como utilizam esta tecnologia.
Acredito que existam três etapas que os líderes empresarias podem seguir ao explorar, construir e implementar plataformas de IA bem-sucedidas. Vamos ver quais são:
1) Preencher a lacuna entre como a geração Z usa a inteligência artificial e como quer utilizá-la
Apesar do entusiasmo em torno de como esta tecnologia pode facilitar as nossas vidas, 38% dos utilizadores de IA generativa utilizam-na apenas por diversão. Dito isto, a geração Z está interessada em tirar partido da IA no local de trabalho para ajudar a optimizar a sua produtividade. Também desejam que a tecnologia seja integrada nas ferramentas que já usam. À medida que as organizações constroem e implementam IA, concentrar-se em ferramentas que tornem os trabalhadores mais produtivos pode aumentar a adopção e diminuir a resistência, acelerando a empresa rumo ao futuro.
2) Incorporar práticas de inteligência artifial transparentes e éticas
Para abordar as preocupações éticas da geração Z, incluindo questões como o preconceito, a privacidade e a transparência de dados, e para manter a sua confiança, é importante que os líderes garantam que as ferramentas e plataformas de IA oferecem explicações transparentes para as suas acções. Em casos específicos, pode ser necessário envolver um ser humano no processo para corrigir quaisquer problemas ou erros.
3) Promover a colaboração entre aqueles que se sentem confortáveis com a IA generativa e aqueles que tomam essas decisões de negócios Os colaboradores responsáveis pelas decisões quotidianas que impulsionam uma empresa são aqueles que actualmente não aproveitam a IA generativa e não a compreendem totalmente. Esta lacuna de conhecimento leva a opiniões divergentes sobre para onde devem ser direccionados os recursos e as prioridades de financiamento da tecnologia. Se as empresas não conseguirem colmatar a divisão entre os proponentes da IA e aqueles que lhe resistem, é provável que encontrem desafios para aproveitar eficazmente o potencial desta tecnologia emergente.
Este artigo foi publicado na edição de Janeiro (nº. 157) da Human Resources, nas bancas.
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