Elisa Tarzia e João Eduardo Tourinho, Associação 351: «Portugal tem atraído investidores, jovens empreendedores e nómadas digitais»

A Associação 351 nasceu para apoiar e guiar empreendedores na caminhada de crescimento das suas ideias e negócios. Quatro anos depois juntam mais de 1300 membros espalhados por todo o País. Conversámos com Elisa Tarzia, vice-presidente, e João Eduardo Tourinho, membro da equipa de moderação da Associação 351.

Por Tânia Reis

 

Uma lacuna na cooperação entre actores do ecossistema empreendedor em Portugal e a falta de orientação para aqueles que estavam a começar a implementar as suas ideias através de um modelo de negócios disruptivo foram os motivos que levaram à criação da Associação. Hoje são um ponto de encontro aberto, inclusivo e colaborativo para empreendedores, mas alertam para a necessidade de actualização nos processos burocráticos e para a aceleração das tomadas de decisão.

 

Como nasceu a 351 – Associação Portuguesa de Startups?

Elisa Tarzia: A 351 nasceu em Julho de 2019 como uma comunidade informal que se propunha a impulsionar o ambiente de startups em Portugal, bem como a apoiar novas ideias de negócio. A equipa fundadora compreendeu que havia uma lacuna na cooperação entre actores do ecossistema empreendedor em Portugal, nomeadamente entre incubadoras, aceleradoras, venture builders e investidores, e teve a visão de criar um espaço online no qual novos fundadores poderiam procurar mentores ou encontrar parceiros que lhes permitissem alavancar os seus projectos.

Também notaram que havia falta de orientação para aqueles que estavam a começar a implementar as suas ideias através de um modelo de negócios disruptivo e, ao sentir que tinham de ajudar, decidiram estabelecer um local online onde fosse fácil criar conexões e pedir auxílio em necessidades específicas. Hoje em dia, quatro anos depois, passámos de iniciativa informal a entidade oficial, através da Associação criada em Setembro de 2022, mantendo-nos fiéis aos princípios que nos nortearam desde o início.

 

Como funciona a 351?

João Eduardo Tourinho: Somos um ponto de encontro aberto, inclusivo e colaborativo para aqueles que procuram empreender e fazer parte do ecossistema em Portugal. Operamos como um organismo vivo e dinâmico, que oferece apoio, inspiração e oportunidades de networking, por intermédio de eventos mensais, como o Startup Grind Lisbon e o CreativeMornings LX, além de encontros semanais como o Coworking Thursdays, que acontece todas as quintas-feiras e permite a quem trabalhe remotamente descobrir novos espaços de coworking, de forma gratuita.

Aqui, há uma participação regular de empresários nacionais e estrangeiros, que têm a oportunidade de se relacionar com os verdadeiros protagonistas dos nossos ecossistemas – empreendedores como eles, bem como empresas, investidores e prestadores de serviços. Com ferramentas como estas, a nossa missão consiste em capacitar quem quer aventurar-se no mundo das startups e proporcionar acesso aos instrumentos necessários para levar os seus projectos ao próximo nível.

 

Quantos membros fazem parte da comunidade actualmente?

Elisa Tarzia: Em apenas quatro anos, a 351 emergiu como a maior e mais dinâmica comunidade de startups em Portugal, congregando já mais de 1300 membros dedicados. Estes estão espalhados de norte a sul do país, apesar de notarmos uma maior concentração de pessoas e iniciativas em Lisboa.

 

Quais os objectivos futuros traçados? Quais já foram alcançados?

João Eduardo Tourinho: Ao longo deste curto período, o nosso impacto tem sido notável, tendo implementado mais de 10 iniciativas inovadoras, de entre elas: a Portugal Tech Week, semana de empreendedorismo em Portugal que tem como ambição consolidar o país como um dos principais hubs globais de tecnologia e inovação, e reunir mais de 200 eventos durante cerca de 10 dias, englobando inclusivamente a Web Summit; eventos como o Beer in the Bloq e o Tales & Beers, em Lisboa e no Porto respectivamente, e ainda palestras inspiradoras de empreendedores que acontecem nas 351 Talks. Também contamos com o apoio e envolvimento activo de 70 voluntários, alocados a diferentes iniciativas, número que tem crescido e superado as nossas expectativas.

Para além destas metas alcançadas, trabalhamos diariamente para atingir objectivos futuros, rumo a uma expansão internacional, tendo inclusive estabelecido uma parceria estratégica com uma das maiores aceleradoras do mundo, a Techstars. Estamos a almejar trazer dois programas internacionais de prestígio para Portugal no próximo ano através desta parceria, sendo eles: o Techstars Startup Weekend, um evento intenso de 52 horas, com oportunidade única para acelerar ideias e fomentar a partilha de conhecimentos entre futuros empreendedores; e a Techstars Community Leaders Academy, um programa exclusivo que oferece formação e conecta os líderes mundiais do ecossistema empreendedor.

Até ao momento, este programa ainda só marcou presença no Brasil e na Coreia do Sul, pelo que nos orgulhamos de conseguir trazê-lo para Portugal como terceira localização.

 

De que forma estão a ajudar os empreendedores a investir no país? Quais os principais desafios com que se deparam?

Elisa Tarzia: Sumariamente, a associação facilita parcerias estratégicas e a partilha de recursos. Ao criar um ambiente de entreajuda, através da atracção de capital nacional e estrangeiro, facilitamos o investimento dos empreendedores no país a longo prazo.

Pela nossa actuação inclusiva, a 351 fomenta a inovação disruptiva, ou seja, novas tecnologias ou novas ideias de negócio que quebram com o padrão e produzem mudanças significativas na vida das pessoas.

Por outro lado, ainda enfrentamos desafios relacionados com os processos burocráticos, que estão desactualizados, e geram atrasos. Além disso, as tomadas de decisão podem ser mais lentas em comparação com outros mercados, resultando em possíveis frustrações.

 

O que torna Portugal atractivo para este investimento?

João Eduardo Tourinho: Portugal reúne boas condições para dar o apoio necessário ao investimento. É um país multicultural, com excelentes condições para o trabalho remoto e lugares de sonho para aproveitar a tranquilidade quando se “desliga”. Graças a estas condições, agregadas ao facto de ser um país pacífico dentro da União Europeia, Portugal tem atraído vários investidores, jovens empreendedores e nómadas digitais, sendo também um dos destinos escolhidos pelos entusiastas da inovação.

Além disto, as universidades portuguesas são reconhecidas pela sua elevada qualidade, o que leva à formação competente de profissionais em vários domínios, nomeadamente na área da tecnologia – o foco predominante da maioria das startups.

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