Flash Talk: Ser uma mulher de sucesso no Turismo

Numa área de relevo para a economia nacional, o que é preciso para ser uma mulher de negócios de sucesso? E quão perto está o sector de atingir a total igualdade de género? 

Por Diana Pedro Tavares 

Alexandra Henriques é directora de Marketing da TQ Travel Quality desde 2016 e foi nomeada, no início do ano, responsável pela ITP Europa (International Travel Partnership),rede de agências de viagens que procura discutir oportunidades e soluções, partilhar experiências e boas práticas entre parceiros, entre outros objectivos.

Ao longo da carreira deu aulas, trabalhou em Gestão de Contas e Operações e passou por vários projectos online. Para a Human Resources Portugal, dá o parecer acerca do papel das mulheres empreendedoras no Turismo, os desafios que ainda enfrentam e o que precisam para os ultrapassar.

 

Nos últimos anos, que tipo de mudanças tem notado na sua área, para as mulheres de negócios?

É possível começar a encontrar mais, em cargos de chefia intermédia, no entanto muitas oportunidades ainda são vedadas pelo facto de serem mulheres.

Apesar de, nas universidades de turismo, a maior parte dos estudantes com médias mais altas serem do género feminino, a maioria dos cargos de chefia são ocupados por homens. Aliás, o Turismo é uma indústria feita maioritariamente de mulheres na força de trabalho, apesar de uma notória discrepância nos ordenados.

 

As oportunidades para empreendedoras estão a aumentar de forma igual em todos os países?

Penso que não. Em Portugal ultimamente tem havido um aumento de mulheres empreendedoras no sector, derivado do crescimento, quase “escandaloso”, do turismo em Portugal. Felizmente têm existido muitos subsídios (por exemplo o Portugal 2020) que permitem um crescimento e aparecimento de mais, nesta actividade.

 

Qual diria que é o maior desafio para se ser bem-sucedida?

Encontrar a empresa certa, a chefia certa, que acredita no nosso trabalho e, principalmente, gostar-se muito do que se faz.

 

Lidera pessoas em Portugal, mas, como responsável pela ITP, no cenário europeu, as dinâmicas são diferentes? E os obstáculos?

São muito diferentes. Nos países latinos o método de trabalho é mais descontraído e as empresas detêm menos meios tecnológicos… ainda se gosta muito da comunicação pessoal em detrimento dos ecrãs. Nos restantes países vê-se uma dinâmica mais informatizada e com menos oportunidades para o networking pessoal.

Mas, na verdade, penso que ambas se irão fundir no futuro e, com o trabalho a ser realizado, cada vez mais, a um nível global e multicultural, com vários países e pessoas de diferentes culturas e nacionalidades a trabalhar em conjunto, as diferenças dos métodos de trabalho serão atenuadas, o que irá transformar a forma de organização para melhor.

 

Quão perto está a indústria do Turismo de atingir a total igualdade de género?

Muito longe ainda. Há uma resistência muito grande em colocar mulheres em cargos de chefia e confiar única e exclusivamente na capacidade de trabalho, descartando todos os outros factores. Mas estamos a caminho de uma realidade melhor.

 

Um dos grandes desafios para as mulheres de carreira é a conciliação. Entre vida profissional e pessoal, entre vida profissional e familiar… como vê esta questão no seu sector?

É extremamente complicado, especialmente para quem tem de viajar muito. Tem de haver uma rede familiar forte, de apoio, e uma “self-education” de que menos tempo em família não quer necessariamente dizer tempo sem qualidade.

 

Ao dirigir esta rede europeia, tem contacto com outras mulheres com uma carreira semelhante à sua, em termos de cargos, competências e deveres. Nota diferenças de país para país?

Nas mulheres é onde noto menos diferença. Todas elas são muito lutadoras e confiantes para chegarem a este tipo de cargos. E também existe uma solidariedade enorme entre elas.

 

Pela sua experiência, o que torna uma mulher de negócios bem-sucedida?

Tantos factores…mas acredito que um deles é mesmo a sorte. Podemos lutar muito e não encontrar nunca o nosso lugar. O sentido de oportunidade é também dos factores decisivos para avançar na carreira. Saber o que fazer e quando fazer e ter paciência para aguardar esse momento.

 

Tem planos para apostar nesta matéria, como responsável por uma rede europeia?

Para já apenas melhorar as relações comerciais entre os países da rede, independentemente de serem representados por mulheres ou homens. Para mim, o género não faz qualquer diferença na competência dos representantes.

 

Que dicas daria a uma jovem que queira ter uma carreira na área do Turismo?

Ter formação adequada, pois é extremamente importante estar preparada para os desafios de um mercado de trabalho cada vez mais exigente. Tentar passar pelo máximo de áreas de uma empresa de forma a perceber o todo, o funcionamento geral, e não só uma parte. E aproveitar todas as oportunidades que lhe são dadas sejam elas estágios ou trabalho a termo certo.

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