Gallup revela as profissões consideradas mais honestas e éticas (e também as menos confiáveis)
Três em cada quatro norte-americanos consideram os enfermeiros altamente honestos e éticos, o que os torna a profissão mais fiável na análise anual da Gallup. Os professores do ensino primário estão em segundo lugar, com 61% de aprovação, enquanto os militares, farmacêuticos e médicos também conquistam grande confiança da maioria dos norte-americanos.
As profissões menos confiáveis, com mais de metade dos adultos a dizer que a sua ética é baixa ou muito baixa, são os lobistas, os membros do Congresso e os repórteres de TV.
Das restantes ocupações analisadas no inquérito em Dezembro de 2024, seis (incluindo polícias, clero e juízes) são vistas de forma mais positiva do que negativa. Os outros nove, incluindo principalmente banqueiros, advogados e executivos de empresas, são vistos de forma mais negativa do que positiva, com não mais de 50% a classificar a sua ética como baixa.
O ranking está alinhado com as avaliações públicas das funções nos EUA nas últimas duas décadas. Médicos, professores primários e militares foram as profissões mais fiáveis, enquanto os empregos nas áreas da política, vendas, empresas e comunicação social foram os menos fiáveis.
Desde que a Gallup adicionou a profissão de enfermeiro ao inquérito anual em 1999, esta obteve a classificação mais elevada em todos os anos, excepto em 2001, quando os bombeiros — incluídos apenas nesse ano — obtiveram uma classificação recorde de confiança de 90% após a resposta aos ataques do 11 de Setembro.
Índices estagnaram no ponto mais baixo
A Gallup começou a medir a confiança pública em diversas profissões em 1976, abrangendo inicialmente 14 funções. Ao longo dos anos, a lista foi-se alterando, com algumas ocupações acrescentadas e outras removidas. Desde 1999, 11 profissões foram monitorizadas anualmente, enquanto outras foram incluídas periodicamente.
A classificação ética média muito alta/alta das 11 profissões principais desceu de 40% ou mais no início dos anos 2000 para perto de 35% durante a maior parte da década de 2010. Aumentou ligeiramente em 2020, atingindo o índice mais elevado (38%) durante sete anos, reflectindo o aumento da confiança pública nos profissionais de saúde e nos professores durante a pandemia. Depois disso, a média desceu todos os anos até 2023, quando atingiu os 30%, e aí se manteve em 2024. Isto reflecte o declínio a longo prazo da confiança nas instituições dos EUA.
As classificações médias de honestidade e ética relativamente baixas em 2023 e 2024 reflectem pontuações reduzidas para algumas profissões, em particular, desde 2021.
- A confiança nos médicos caiu 14 pontos percentuais desde 2021. Depois de atingir um máximo histórico de 77% em 2020, atingiu agora os 53%, o mais baixo desde meados da década de 1990.
- Os prestadores de cuidados, farmacêuticos, enfermeiros e profissionais de lares de idosos — que estiveram em alta durante a pandemia — atingiram níveis abaixo das classificações médias pré-pandemia.
- Os juízes registaram uma descida de 10 pontos, atingindo 28% na sua classificação de honestidade e ética, a mais baixa para esta profissão que, antes de 2021, se situava entre os 43% e os 53%.
- As opiniões sobre as forças policiais têm variado, mas após a subida de níveis de confiança em 2020 e 2021, a sua classificação caiu para 45% em 2023 e 44% hoje.
- O clero perdeu mais seis pontos na confiança pública desde 2021, continuando a tendência de queda a longo prazo.
As classificações das demais 15 profissões medidas em ambos os anos não se alteraram de forma considerável.
Os que mais diminuíram no longo prazo
As tendências de longo prazo pintam um quadro ligeiramente diferente, reflectindo mudanças políticas e sociais mais amplas.
Desde o início da monitorização da Gallup nos anos 2000, foi registado um declínio de 26 pontos na honestidade e ética percepcionadas no clero, a maior descida entre todos os grupos. A proporção de pessoas que dizem que o clero tem uma ética elevada ou muito elevada desceu de uma média de 56% em 2000-2009 para 30% actualmente.
O declínio da religiosidade dos norte-americanos durante este período contribui para a perda de confiança no clero, no entanto, os escândalos de abuso sexual de crianças da Igreja Católica também parecem ter contribuído para a queda da confiança no clero, incluindo em 2002 e 2018.
A segunda descida mais significativa verificou-se com os juízes, com uma queda de 21 pontos desde o início dos anos 2000. Algumas destas mudanças ocorreram logo no início, caindo de uma média de 49% em 2000-2009 para 46% em 2007 e para 43% em 2020. Mas, desde então, as elevadas classificações dos juízes caíram para 28%, acompanhando as recentes quedas na confiança no Supremo Tribunal, bem como no sistema judicial e nos tribunais em geral.
A decisão de 2022 do tribunal superior que anulou o caso Roe v. Wade, bem como os vários processos judiciais contra Donald Trump desde 2020, podem explicar os declínios nestas classificações.
Embora a confiança na polícia tenha variado ao longo dos anos, a percentagem de norte-americanos que manifestam confiança elevada é actualmente 15 pontos inferior à da década de 2000. Os professores do ensino básico, médicos, farmacêuticos e banqueiros também tiveram quedas de dois dígitos no mesmo período.
A confiança em várias outras profissões caiu modestamente, incluindo os repórteres de TV, cuja queda de nove pontos desde a década de 2000 reflecte o declínio da confiança mais ampla dos norte-americanos nos meios de comunicação social. A confiança nos jornalistas, profissionais de publicidade, de lares de idosos e lobistas tem sido consistentemente baixa ao longo dos anos, com poucas alterações.
Os mecânicos são a única profissão que apresentou uma melhoria nas classificações desde a década de 2000, subindo de 24% nessa década para 33% em 2024.