Há cada vez mais saídas voluntárias nas empresas. Sabe porquê?

Um estudo da Mercer conclui que há cada vez mais saídas voluntárias nas empresas em Portugal, reflectindo uma «maior volatilidade e dinâmica do mercado laboral». Conheça outras conclusões. 

 

De acordo com o estudo Total Compensation Portugal 2019, que analisou 111 692 postos de trabalho em 430 empresas no mercado português, as saídas voluntárias subiram para cerca de 10% em 2019, ou seja, o dobro em relação ao ano passado.

Porque é que os portugueses mudam de emprego? Um dos motivos poderá estar relacionado com a remuneração, uma vez que, este ano, os aumentos salariais não foram além dos 2% para quase todos os níveis de responsabilidade. O salário base anual dos recém-licenciados no primeiro emprego, por exemplo, situa-se, em média, entre os 12 704 euros e os 16 594 euros.

No próximo ano, as empresas admitem aumentos salariais «ligeiramente» superiores face a 2019, entre 1,97% e 2,32%, sendo que as revisões salariais são, por norma, realizadas uma vez por ano (85%), maioritariamente em Março (32%) e Abril 22%).

A avaliação individual (85%) e o posicionamento na grelha salarial (64%) são os factores que mais peso assumem para a atribuição de aumentos salariais, enquanto a antiguidade e o nível funcional destacam-se como os factores menos influentes, apurou a Mercer.

 

Intenções de contratação
O número de empresas com intenções de recrutar sofreu uma ligeira quebra. Apenas 44% das empresas prevêem aumentar o número de colaboradores este ano, enquanto a previsão para 2020 aponta para um acréscimo (46%), o que «evidencia a continuação de sinais positivos na criação de emprego a nível nacional». Por outro lado, 47% das organizações afirma que irá manter o número de colaboradores e 9% prevê reduzir a equipa ainda em em 2019 e 6% no próximo ano.

Tiago Borges, Rewards leader da Mercer Portugal, defende que a economia portuguesa encontra-se actualmente num período de recuperação, «mais balanceado pela contribuição da procura externa e interna». E explica: «A procura interna mostrou-se mais resiliente neste período, tendo vindo a acelerar, beneficiando de taxas de juro historicamente baixas e da recuperação dos níveis de confiança. (…) Em 2020, as estimativas apontam para um abrandamento do crescimento económico na zona euro. Mas, ainda assim, a Comissão Europeia estima um crescimento do PIB de 1,7% em Portugal». Quer isto dizer que, estes valores mantêm Portugal a crescer acima da média europeia, «pelo que se pode considerar que o país atravessa um período de convergência face à Zona Euro».

Acrescentando que este facto «tem necessariamente reflexos ao nível do emprego e dos salários», prevê que,  «apesar de um contexto internacional menos favorável, continue a verificar-se uma pressão sobre os salários da generalidade das funções e níveis funcionais em Portugal».

 

Benefícios atribuídos pelas empresas em Portugal
Mas o salário já não é tudo, o que obriga os empregadores a ser mais criativos para aumentarem os seus níveis de retenção. Actualmente, segundo a Mercer, o plano médico é o benefício mais atribuído pela esmagadora maioria das empresas (92%).

Cerca de 46% das organização opta também por conceder um complemento de subsídio de doença, mais 5% que no ano passado. Para a maioria, o valor pago não ultrapassa os 35% do salário base do colaborador. Mais: 66% assegura o pagamento dos três primeiros dias de baixa não comparticipados pela Segurança Social.

Pouco mais de 40% das organizações opta por atribuir um plano de pensões e 36% cobre mais de metade (69%) do custo total das despesas associadas à educação dos colaboradores. Já o valor médio de subsídio de refeição, atribuído a cada colaborador, situa-se, em média, nos 169 euros mensais.

A atribuição de viatura (88%), dias de férias extra (60%), empréstimos ou adiantamentos (35%) são outros dos fringe benefits concedidos pelo patronato português.

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