Há mais profissionais LGBTQIA+ em Portugal a partilhar a sua orientação sexual no trabalho. E 64% considera que a sua produtividade aumentou. Estudo revela ainda qual o sector mais inclusivo

Cerca de 44% das pessoas LGBTQIA+ em Portugal partilham a sua orientação sexual no trabalho, valor que representa uma melhoria de três pontos percentuais face a 2021 e 64% considera que a sua produtividade aumentou, após revelarem a sua orientação sexual ou identidade de género no seu trabalho. Este valor é ainda superior ao da média europeia, que se fixa nos 42%. Estes são dados da segunda edição do estudo “Diversity at Work” do ManpowerGroup, que conclui ainda que esta capacidade de abertura está também relacionada com a hierarquia da organização.
São os profissionais em posições mais seniores os que mostram maior confiança em partilhar a sua orientação sexual ou identidade de género, com 67% das lideranças executivas a fazerem-no. Este valor relaciona-se ainda com a visibilidade das pessoas LGBTQIA+ em cargos de liderança, isto é, líderes que o comunicam abertamente e de forma visível a toda a empresa, e que atinge os 35% em Portugal, posicionando o país 12 pontos percentuais acima do registado em 2021.
No que respeita à confiança em partilhar a orientação sexual, seguem-se os profissionais em cargos mais juniores, com 57% a estarem disponíveis para se mostrarem abertamente nas suas empresas. Por outro lado, são as posições a meio da hierarquia as mais relutantes em fazê-lo, com 53% dos profissionais em cargos técnicos a revelarem essa confiança, face a 45% dos profissionais das lideranças intermédias.A abertura de cada profissional nesta matéria tem ainda impacto na inovação de toda a empresa. 8,5 em cada 10 de todos os profissionais acreditam que espaços de trabalho diversos, além de mais produtivos, promovem também a inovação e a geração de novas ideias, um resultado alinhado com o registado em 2021.O sector Social assume a liderança no índice de inclusão para trabalhadores LGBTQIA+
No que se refere ao nível de inclusão de profissionais LGBTQIA+ nas empresas, o sector Social, que inclui entidades como ONG’s e fundações, é o que apresenta o índice mais elevado, com o valor de 4,57 pontos num máximo de 5. Segue-se o do Retalho e Distribuição, com um resultado de 4,13 pontos e a área da Hotelaria, Turismo e Lazer, com um índice de 3,79.De seguida, surgem as empresas do sector dos Serviços, com um índice de 3,43 pontos, e da Tecnologia e Telecomunicações, com o valor a fixar-se nos 3,41. Já o setor das Finanças, Banca e Seguros regista 3,26 pontos, seguido do sector da Educação e Investigação, cujo índice de inclusão é de 3,20. O sector Primário, que inclui as actividades de agricultura, pecuária e a pesca, bem como o da Farmacêutica e Química, conquistam o mesmo índice, num valor de três pontos.Por fim, surge a área da Indústria, com um resultado de 2,86 pontos, e o sector da Logística e Transportes, com o índice mais baixo, de 2,62.

 

Apenas 25% das empresas tem programas de diversidade e inclusão, mas 50% dos profissionais da Geração Z prefere trabalhar em organizações com estas políticasDe acordo com os profissionais inquiridos, apenas 25% das empresas conta com programas de diversidade e inclusão LGBTQIA+. Este valor representa ainda uma evolução positiva, quase duplicando o resultado de 13% que se anunciava em 2021, no último estudo.No entanto, 32% das empresas inquiridas dizem que apoiam publicamente a comunidade LGBTQIA+, através de comunicação ou de políticas claras. Este valor, apesar de 12 pontos percentuais superior ao registado em 2021, demonstra um desencontro entre esta percepção e a comunicação pública das empresas e o conhecimento efectivo das políticas internas por parte dos profissionais, que é inferior (25%).  No que respeita às estratégias desenvolvidas pelas entidades, a formação é a medida de inclusão mais difundida, presente em 17% das empresas, seguida dos grupos de apoio, opção desenvolvida por 8% das entidades.Por fim, no que respeita às prioridades dos profissionais, 32% das pessoas LGBTQIA+ dizem escolher empresas com políticas de diversidade definidas, no momento de procurarem emprego, um valor que evoluiu positivamente quatro pontos percentuais face a 2021. No caso da Geração Z, o valor é superior, com metade dos profissionais (50%) a escolherem trabalhar em empresas com estas políticas.

Diminui a violência verbal nas empresas para com a comunidade LGBTQIA+, mas quase metade dos casos são gerados pelos líderes4% das pessoas LGBTQIA+ inquiridas no estudo dizem ter sido vítimas de violência verbal no seu local de trabalho devido à sua identidade de género ou orientação sexual, valor que revela uma redução de oito pontos percentuais comparativamente com os valores de 2021. Apesar da evolução positiva, o estudo conclui também que 42% destas ocorrências partiram de profissionais em posições de liderança.

Quando questionados sobre discriminação, 14% dos profissionais, pertencentes à comunidade LGBTQIA+ ou não, dizem já terem testemunhado comportamentos discriminatórios contra colegas LGBTQIA+ no trabalho. Este valor revela maior otimismo quando comparado com 2021, destacando uma descida de 15 pontos percentuais.

Por outro lado, a discriminação está também presente no momento de entrada dos profissionais numa organização, já que 6% das pessoas da comunidade LGBTQIA+ inquiridas no estudo pensam ter sido discriminadas durante os processos de recrutamento, percepção que é superior a 50%, no caso das pessoas trans.Os dados do estudo foram recolhidos através de mais de 5000 respostas em 14 países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Eslováquia, Grécia, Israel, Itália, Hungria, Portugal, Roménia, Suíça, Reino Unido e Républica Checa).