Hard e soft skills: no equilíbrio está a virtude

Por Ana Santos, directora de Recursos Humanos da Warpcom

 

Garantir que atraem e, sobretudo, que retêm os melhores talentos na área das tecnologias é algo que, nos dias de hoje, está permanentemente presente na estratégia das empresas. Quando olhamos para a competitividade do mercado e para a acelerada transformação digital, percebe-se porquê. Porque são precisos cada vez mais profissionais com competências técnicas de excelência. Mas não passa, e não pode passar, só por aí.

As exigências do actual mundo corporativo, directamente ligadas à alta competitividade do mercado, às necessidades dos diferentes stakeholders, à crescente e sofisticada transformação digital, exigem formação técnica, científica e académica adequadas, as chamadas hard skills, aquelas que são responsáveis pela execução do trabalho propriamente dito. Não há como negar que são cruciais para assegurar uma performance de excelência e o sucesso de qualquer empresa.

Todavia, as tais hard skills não bastam por si só, sobretudo quando analisamos o comportamento das novas gerações que, ainda que muito talentosas, por vezes pecam nas chamadas soft skills, aquelas competências que estão relacionadas com a componente humana e relacional, com a atitude, o comportamento, o saber trabalhar em equipa, saber ouvir e ajudar, e que tão importantes são no sucesso pessoal, na construção de uma imagem profissional e no relacionamento interpessoal.

Veja-se o exemplo da geração Alfa, caracterizada por ser uma geração nativa digital, especialmente dotada na interacção com máquinas, o que a torna por vezes menos confortável no que toca a competências interpessoais. Mas, como tudo na vida, e como todos sabemos o quão é importante destacarmo-nos num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, aprender é a palavra de ordem. Ou seja, é sempre possível aprimorar as soft skills que herdámos e que formos desenvolvendo ao longo da vida e melhorá-las. Assim o queiramos fazer.

Com tanta transformação em curso, uma evidência é certa para quem se move neste universo: o equilíbrio entre hard e soft skills tem-se revelado fundamental e, atrevo-me a dizer, é ainda mais importante hoje do que era há uns anos. É assim para os profissionais, porque desta forma o seu desempenho pode ser muito mais bem-sucedido. Para as empresas, porque precisam de profissionais que possuam não apenas o conhecimento técnico adequado para as funções que desempenham, mas para que também saibam e possam trabalhar bem em equipa, comunicar de maneira eficaz e resolver problemas de forma criativa e inovadora.

Mas, para isso, as empresas também têm de pensar mais à frente, porque cabe-lhes a elas – por exemplo, através de programas internos ou com a colaboração de parceiros externos -, proporcionar aos colaboradores as condições, e o acompanhamento necessário, para que estes possam atingir os melhores resultados quer na esfera pessoal quer, obviamente, na empresa que os acolhe, o que se reflectirá no sucesso colectivo.

Este é, aliás, um compromisso e uma cultura empresarial que se recomenda, se pensarmos que hoje, e cada vez com mais frequência, muitas vezes são os profissionais que escolhem as empresas onde querem trabalhar. E no processo de recrutamento constata-se, frequentemente, que os “novos” profissionais querem fazer parte de estruturas que tenham uma cultura de valorização das pessoas e que estejam alinhadas com valores éticos. Além disso, querem sentir que podem acrescentar valor às empresas.

Razões mais do que suficientes para que as empresas se comprometam com o desafio que é criar ambientes empresariais alinhados com valores que fortaleçam a confiança e as capacidades interpessoais das equipas, que estimulem a liderança e a inteligência emocional.

Apesar de toda a tecnologia que nos envolve, nunca como agora o equilíbrio entre hard e soft skills foi tão importante para que o presente, e o futuro, seja feito com talentos promissores. E para que isso seja efectivamente uma realidade é preciso investir continuamente nas pessoas, na sua formação, no reforço de competências e know-how, bem como na criação de um ambiente favorável ao crescimento, tanto no espectro profissional quanto no pessoal.

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