I Have the power. Uma nova era: Melhor ou pior?

Durante a pandemia de COVID-19, inúmeras personalidades indicaram que estávamos perante uma mudança radical na mente humana.

 

Por: Adelino Cunha, CEO da Solfut, da I Have the Power

 

À escala global, os mais espiritualistas estavam entusiasmados porque aquilo que há muito se esperava – uma nova era de reforço da importância da mente e do espírito – estava a chegar com toda a intensidade. Fui um dos que vaticinei de que haveria um pré e um pós-COVID, e claramente se sente isso hoje.

Casais que se divorciaram, casais que passaram a conhecer-se mais e melhor, famílias que se desagregaram e outras que ficaram mais unidas. Vimos exemplos de grande generosidade e também de grande egoísmo, quadros superiores demitiram-se e quadros intermédios progrediram, e nunca como hoje se falou tanto em felicidade, equilíbrio entre trabalho e casa. Consolidou-se a mudança da gestão de recursos humanos para a gestão de talento e gestão de pessoas. Uma questão se coloca: estamos mesmo melhores? Silêncio…

Olhando a nível global, o mundo ficou melhor? E a nível regional? E a nível nacional? E a nível local? E na tua casa? E na tua família? E tu? Estás mesmo melhor? És mais feliz? Sentes-te mais realizada(o)?

Sou matemático, venho do mundo do software, estudo as questões da mente há 43 anos, e continuo a achar que percebo pouco e tenho muito a aprender. Sou um pouco céptico e racional e o que noto é que, salvo honrosas excepções, estamos globalmente piores.

Das inúmeras possibilidades que justificam o estado das coisas hoje destacaria uma razão principal: muitas pessoas não sabem muito bem quem são, neste momento, e buscam incessantemente ganhar um valor que acham que não têm. Notas isso em inúmeros comportamentos:

  • São os posts nas redes sociais, com um excessivo protagonismo, realçando excessivamente o “meu”, o “nosso” e a incrível vida que aparento ter, para que os outros vejam o quão incrível eu sou e assim me dêem valor.
  • São as fotos da gravidez incrível, são os relatos do que sinto pela morte de um familiar que faleceu há 15 anos, são as fotos dos meus filhos, sem ter em conta os riscos que correm, são as frases motivacionais incríveis que espalho para “mudar o mundo”, são os retiros no Brasil com gurus, são as fotos detalhadas do que me está a acontecer a mim, numa live, no hospital, são os incríveis trajectos do caminho de Santiago que no caso foi o pior trajecto que alguém alguma vez percorreu e assim fez da pessoa quase um mártir ou então alguém absolutamente fora da caixa que numa viagem de apenas alguns dias encontrou a iluminação e a sua criança interior…
  • São a luta entre o ter um gabinete maior do que o do outro, em alguns casos medindo e detectando que o meu tem menos cinco centímetros que o do outro director. A necessidade de ter uns headphones de última geração, o precisar de ter o telemóvel especial que custa mais do que um portátil, a necessidade de ter uma protecção metálica do cano de escape do carro da empresa, o exigir que me motivem, me ajudem, me ensinem, me, me, me…

 

Ficaria aqui muito tempo a dar-te exemplos e tu encontrarias muitos mais que mostram um dos factores para o estado das coisas: o excessivo foco no “eu”.

É curioso ainda vermos que, normalmente, quem falha em alguma coisa está excessivamente concentrado em si.

Pessoas que têm medo de falar em público, muitas vezes, vêem-se a falhar, na sua imaginação. Vendedores que têm medo de fechar negócios vêem-se a serem piores pessoas, porque vão ganhar dinheiro e acreditam que quem tem dinheiro é uma má pessoa. Aliás, até acreditam que o dinheiro sobe pelo corpo acima até à cabeça e é o dinheiro que os ataca…

Algumas pessoas em estados depressivos que consideram que são vítimas dos outros, da empresa, da envolvente.

Então, que podemos fazer para criar uma nova era, muito melhor? Fica aqui o meu desafio para ti: treina a tua capacidade de te focares nos outros. Imagina os outros a aplaudirem o teu discurso. Imagina-te a ajudar os outros. Imagina-te a realizar sonhos com a tua família, com os teus colegas, com os teus colaboradores, com os teus clientes. Imagina-te a conhecer outras pessoas, a ajudar outras pessoas, a transformar outras pessoas.

Não acredito em receitas milagrosas nem em passes de mágica para mudar pessoas. Acredito em tecnologia, técnicas, formação, treino, e trabalho, para mudar mentalidades e assim mudar o mundo.

Tenho a certeza de que se experimentares este processo durante um mês, diariamente, o teu mundo ficará melhor, e assim ajudarás a que todo o mundo possa melhorar.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Coaching” na edição de Outubro (n.º 154) da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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