Iscte Executive Education: Inovação constante
Num mundo em constante mudança, a formação adapta-se e também inova.
O Iscte Executive Education continua a ter um posicionamento na formação de executivos que consiste em pilares de internacionalização, abertura de catálogo, incorporação de tendências e trabalho com empresas. José Crespo de Carvalho, presidente do Iscte Executive Education, em entrevista à Human Resources Portugal, comenta as inovações da formação nos últimos dois anos.
De que forma o Iscte Executive Education tem vindo a adaptar a sua formação à realidade das empresas portuguesas depois das transformações causadas pela pandemia?
Passando a ter modelos presenciais, híbridos e online. E passando a ter igualmente modelos compostos por partes presenciais e partes online e alguns touch points de discussão de casos.
Em que medida as mudanças dos últimos tempos mudaram o posicionamento e a estratégia do Iscte Executive Education?
O posicionamento, olhado sob o ponto de vista de produtos x mercados, e aquilo que o mercado deve entender de nós, assenta em três pilares.
Primeiro pilar: internacionalização, i.e., expansão internacional para China, Brasil, Médio Oriente, Índia e alguns países Ocidentais com quem temos vindo a ter trabalho, caso dos EUA.
Segundo pilar: abertura de catálogo e incorporação de tendências. Ou seja, mais sortido de produtos em largura e profundidade muito embora, neste caso e devido aos efeitos inflacionistas, tenhamos que impor alguma moderação. No entanto, não podemos deixar de incorporar novas tendências e temáticas que são essenciais no processo formativo. Não é apenas capacitação. Trata-se mesmo daquilo que parece ter caído em desuso: formação. Porque a formação ajuda a ser capaz e a ter o conhecimento necessário e mais do que o necessário, i.e., aquele que pode trazer mais conhecimento. A formação traz consigo – espera-se – a curiosidade intelectual e a imaginação. A capacitação é só a parte funcional limitada. Para saber fazer e estar do lado aplicacional não basta capacitar. É preciso ligar os “dots”.
Terceiro pilar: área corporate e trabalho com empresas, que podem ser nacionais ou de outras origens ou países. Temos semeado muito nestas dimensões e estamos a começar a ter o payback desse investimento.
Qual o impacto deste período de tempo, tão transformativo, na oferta formativa e nos programas?
Este período foi todo transformativo. Houve permanente transformação. Diria até mudança profunda. Pandemia e agora guerra e inflação. Estamos em permanente mudança. Isso tem um preço que é o desgaste das equipas. Se podemos chamar a alguma coisa “novo normal” é o nível de inovação que temos tido. Mas inovar dá muito mais trabalho do que o business as usual. E cansa as equipas e os docentes. Porém, haja vontade, e tudo se fará. Os tempos são cheios de oportunidades.
Quais são, hoje, os factores que tornam única a experiência de estudar no Iscte Executive Education?
O lado aplicacional é certamente o mais diferenciador. Formamos para saber fazer. Para passar instrumentos e ferramentas aplicáveis e formas de pensar que permitam independência decisional, autonomia, capacidade para olhar para a solução em vez de ficar apenas pela análise do problema. Adicionalmente, o nosso corpo docente faz na prática, nas empresas, pelo que tem essa experiência que é uma enormíssima mais-valia para os participantes. Conjuga a parte mais académica com a experiência prática de empresas.
Actualmente, a formação que as empresas procuram é mais uma forma de upskilling ou de reskilling?
Não vejo com essa nitidez essa dicotomia. Procuram as duas coisas e os dois lados da moeda. Se assim não for mal estaríamos. Porque apenas o upskilling não chega e porque apenas o reskilling não chega. Temos de juntar algum pensamento lateral a isto. Precisamos de saber fazer melhor o que fazemos e de construir novos skills. Ou seja, ambos porque o nível de exigência da envolvente é tão grande e tão pouco percebido que a junção das duas dimensões e o debate com o cliente do que pretende fazer é central. A co-criação é essencial.
Considera que a formação executiva sai reforçada destes últimos dois anos de transformação nas empresas?
Considero que destes últimos dois anos, sai reforçada. Dos últimos meses, de guerra e inflação, vamos ter muito menos reforço e rapidamente as empresas e universidades entram em modo de “mar vermelho”. Preço, preço, preço. E isso é o pior que nos pode acontecer.
Depois de dois anos com várias alterações quanto ao método de ensino, a formação de executivos é hoje maioritariamente presencial ou online?
Diria que entre o online, o híbrido e o presencial as quotas são mais ou menos similares. Daria 1/3 de alocação para cada uma.
E quais os desafios destas mudanças no modelo de ensino?
Essa questão é difícil porquanto antecipamos e conseguimos perceber alguns desafios. Mas mentiríamos se disséssemos que sabemos quais são todos os desafios. Aliás tenho analisado com alguma perplexidade as posturas de quem diz e responde a estas questões como fechadas. Não há questões fechadas. E quem o afirma não está a ser verdadeiro.
Há, porém, um desafio que penso que temos de vencer que é conseguir compatibilizar alunos em sala concomitantemente com alunos em casa. Todos na mesma sessão. Esse para mim é dos maiores desafios a que se terá de responder. Ou não. Podemos não considerar essa como uma modalidade a oferecer. Mas quando o cliente o pretende temos de andar atrás das melhores soluções.
Exemplo: faço uma dinâmica qualquer, não uma simples sessão convencional de slides. Como posso transpor a experiência desta dinâmica para quem fica em casa? De que maneira? São duas lógicas diferentes. São duas aproximações diferentes. E é complexo. Há, nalgumas áreas, formas de o fazer, mas não é simples.
E há muitos mais desafios. O do conteúdo mais apropriado para quem está em processo formativo é essencial. Não o conteúdo que sei que o docente sabe. Mas o conteúdo que sei que o docente não sabe e tem de ir aprender porque é esse que faz sentido.
Quais as novas competências que se exigem aos líderes e que podem ser adquiridas pela via da formação?
Independentemente do que nos diz o World Economic Forum ou muitas casas de consultoria continuo a batalhar pela possibilidade de um participante se tornar autónomo na decisão, capaz de olhar para uma situação e desenvolver um use case que lhe permita colocar-se do lado da solução. Isto envolve pensamento complexo, pensamento crítico, capacidade para aplicar de forma rápida instrumentação que tenha sido usada no journey formativo. E exige curiosidade de imaginação. É uma arte.
Que novidades estão previstas desde já para Setembro?
Um disclaimer inicial: se há coisa que temos procurado fazer é dessazonalizar a formação. Ou seja, Setembro será igual a Maio ou Dezembro. Começa-se em qualquer altura. Há propostas formativas a qualquer altura.
Dito isto, a operação do mestrado em digital technologies for business (tecnologias digitais para o negócio) que abre um espaço bom para gestores e outros aprenderem tecnologias sem terem de ser engenheiros. É como se fosse uma aproximação de programação sem código. E há várias outras que a seu tempo tomarão conhecimento. Uma coisa é certa, parados não estamos. Muito produtivos e muito capazes de dar algumas respostas que são e serão muito interessantes para os participantes. E muitas respostas a nível internacional. Muitas mesmo. Por isso é fundamental termos os olhos postos no mundo. E contrariarmos esta espécie de ideia de que a globalização parou. Quando a espuma passar a globalização voltará mais forte que tudo e haverá os preparados para ela e os não preparados. Queremos preparar para ela, qualquer que seja a sua configuração.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Formação” publicado na edição de Junho (n.º 138) da Human Resources.
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