Já ouviu falar do termo “ghosting”? A tendência já se tornou “normal” no mundo do trabalho, revela estudo

O termo “ghosting” costuma usar-se em relação às apps de namoro quando uma pessoa perde o interesse e rejeita alguém com quem conversa, sem oferecer qualquer explicação. Mas uma pesquisa realizada recentemente pela plataforma de recrutamento Even revelou que também se tornou “normal” na procura de emprego, avança o Daily Mail online.

A pesquisa descobriu que oito em cada dez (79%) candidatos a emprego da Geração Z e da geração Millennial – definidos para o estudo como aqueles com idades entre 18 e 24 anos e entre 25 e 39 anos, respectivamente – fizeram “ghosting” no ano passado.

Enquanto isso, 93% dos candidatos a empregos da Geração Z disseram que simplesmente não compareceram a uma entrevista.

Recentemente, no porgrama inglês Good Morning Britain (GMB), Ryan-Mark Parsons, o candidato mais jovem de The Aprentice em 2019, argumentou que fazer ghosting a uma entrevista de emprego é “empoderador”. «É uma questão de ser selectivo. Se decidiste não assumir essa função, por que precisas de informar o empregador? Eles não tratam os candidatos com respeito. 75% dos empregadores nem sequer respondem aos candidatos depois de estes terem submetido a candidatura.»

O CEO da empresa da Geração Z, Saffron Gilbert-Kaluba, fundador do The Law Chronicle, discorda, argumentando que a prática de fazer ghosting a entrevistas é simplesmente rude e desrespeitosa.

«A pessoa a quem o candidato está a fazer isso respondeu. Não é bom danificar possíveis relações com empresas e pessoas que podem vir a ajudar no futuro. Devemos encarar isso como parte da vida. Até porque é impossível ter resposta para tudo na vida.»

E acrescentou: «O candidato está a sentir-se empoderado por fazer ghosting a alguém que está a dar-lhe uma oportunidade. Acho que é um sinal muito negativo da cultura da Geração Z.»

Segundo Ryan-Mark Parsons, «Demora em média entre três a seis meses para encontrar um novo emprego. É um processo trabalhoso. A maioria das empresas nem envia um e-mail automático. Por isso, parem de refilar e sigam para outro candidato». E acrescentou que, se mudasse de ideias, não entraria em contacto com um restaurante para cancelar uma reserva para jantar.

Um inquérito levado a cabo pelo GMB mostrou que 12% acreditavam ser aceitável não comparecer a uma entrevista de emprego.

A pesquisa da Even perguntou a 1500 empresas e 1500 adultos sobre fazer ghosting no mundo laboral. Quase um em cada cinco membros da Geração Z disse que fazer ghosting a possíveis empregadores era “empoderador” e permitia assumir o controlo das suas carreiras.

Quase nove em cada dez disseram que não compareceram no primeiro dia de trabalho e quase um quarto disse que abandonou o emprego sem avisar.

As empresas afirmaram que a atitude em relação ao ghosting torna o processo de contratação de novos colaboradores mais difícil, realçou Ricky Martin, vencedor do programa The Apprentice.

A sua empresa organiza, várias vezes por ano, dias de avaliação para formandos que desejam ingressar na empresa, mas «uma percentagem crescente daqueles que aceitaram um convite simplesmente não comparece».

«Embora muitos jovens que recrute sejam dedicados e entusiasmados, o seu foco mudou. Por mais entusiasmados que sejam, chegam à entrevista – se aparecerem – a perguntar o que minha empresa pode fazer por eles, em vez do que eles podem oferecer. Os jovens vêem nas redes sociais influenciadores a trabalhar na praia e acreditam que deviam poder fazer o mesmo.»

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