Já ouviu falar em musicoterapia empresarial? Saiba como funciona e os seus benefícios
A musicoterapia empresarial é uma prática pioneira e inovadora que aponta uma nova tendência nas organizações ao integrar empresa e música. Promove, principalmente, a comunicação e a saúde. No fundo, é a aplicação da música para produzir uma condição de bem-estar no indivíduo.
Nas palavras da musicoterapeuta Mirian Steinberg, a musicoterapia enfatiza a escuta nas organizações, a cultura musical, a arte e a saúde no trabalho.
«Tem o seu foco tanto na escuta externa do ambiente de trabalho quanto na escuta interna, visando favorecer a comunicação intra e interpessoal, a promoção da saúde integral enquanto potencial máximo de produtividade», esclarece.
A comunicação envolve as relações consigo e com o outro e dá-se também através de elementos não verbais, que implicam informações trazidas pelo corpo, pelos gestos, pela voz, pelos sentidos, pela cultura, etc, e na comunicação verbal, que é a linguagem falada.
«Tecnicamente, estimular a escuta, os movimentos e os sentidos favorece a comunicação verbal e a não verbal, que por sua vez traz a excelência no atendimento aos clientes, no desenvolvimento de vendas, nas capacidades de gestão, na liderança e na qualidade», refere.
A actuação do musicoterapeuta no ambiente de trabalho acontece através da musicoterapia activa ou receptiva.
«A musicoterapia receptiva (escuta musical e sonora) é utilizada com recurso a diversas estratégias, tais como: música ambiente, previamente seleccionada e comandos sonoros e musicais visando direccionar a escuta para aspectos relevantes da música (timbre, intensidade, ritmo, alturas melódicas), com isso pretende-se estimular aspectos cognitivos como a concentração, a atenção e a memória, além de promover o relaxamento e a redução das tensões», sublinha Mirian Steinberg.
Mas o musicoterapeuta vai mais longe, ao actuar directamente em grupos utilizando o silêncio, a percepção de sonoridades, a musicalidade e a expressão vocal-sonora-musical e corporal, ampliando as funções do ouvir e do escutar no trabalho, fazendo paralelos dessas experiências com situações laborais.
«A musicoterapia activa representa o fazer musical que proporciona um alívio das tensões conscientes e inconscientes através da eliminação dos conteúdos internos, experimentando possibilidades de se relacionar consigo mesmo, com o trabalho e com o outro», esclarece a especialista, «a música promove a libertação de substâncias químicas que trazem sensações de prazer, aumentando assim a imunidade, a saúde física e a sensação de prazer, além de trazer espontaneidade, integração, desinibição e um melhor relacionamento, melhorando a produtividade e a motivação em equipas, assim como na liderança, pois relaciona os instrumentos usados pelos líderes nas dinâmicas musicoterápicas».
Na opinião da musicoterapeuta Shilar Ingrid Menta, as empresas estão a despertar para a necessidade de investir no bem-estar dos colaboradores, seguindo os indicadores da maior e mais recente pesquisa da Universidade de Harvard, que demonstra que «mais do que dinheiro, fama e poder, as pessoas actualmente procuram conexões sociais e qualidade nas relações».
Nas palavras de Shilar Ingrid Menta, uma mudança no clima organizacional através da humanização do ambiente de trabalho torna os colaboradores mais felizes, criativos e com maior capacidade de comunicação e concentração. «Pessoas alegres relacionam-se melhor consigo mesmas e com os demais», refere, «pelo que o impacto positivo é o aumento na produtividade e rentabilidade das empresas».
Encontrar o equilíbrio
Para a musicoterapeuta Shilar Ingrid Menta, ao promover a integração dos hemisférios, é possível activar e equilibrar o uso dos talentos e potencialidades. «A música também ajuda a reduzir o stress, pois aumenta a produção de endorfina e dopamina, relacionadas com o bem-estar e o prazer», refere, «num processo de musicoterapia organizacional é feito um resgate da memória emotiva musical de cada indivíduo, criando-se assim elos entre as pessoas».
Os benefícios para a empresa são inúmeros, como a redução do absenteísmo e da rotatividade, melhoria do clima corporativo, maior integração, comunicação mais assertiva e fortalecimento do trabalho em equipa. «Ao adoptar a musicoterapia organizacional todos beneficiam: as empresas tornam-se mais produtivas e humanizadas, os colaboradores mais satisfeitos, as famílias mais harmoniosas e a sociedade mais consciente e feliz», sublinha.
A musicoterapia empresarial está relacionada com três factores principais: ciência, arte e relação.
Enquanto ciência, visa intervenções objectivas e resultados práticos, como a música ambiente e a performance realizada com os devidos critérios do musicoterapeuta, que incluem reconhecimento da empresa, avaliação e auto-avaliação, consultas, diagnóstico, intervenções, monitorização e formação.
«Procura resultados que favoreçam a autorreflexão e a liderança participativa, o aumento do rendimento, a redução do stress e do absenteísmo; visa incentivar a autoestima e integração e, consequentemente, desenvolve novas habilidades e estratégias no trabalho», acrescenta Mirian Steinberg.
Enquanto arte, a musicoterapia no trabalho promove um sentido estético e sensível, trazendo bem-estar e criatividade para lidar com situações do quotidiano com mais eficiência e habilidade.
«Utiliza elementos da música como timbres, ritmo interno e externo, melodias e alturas, harmonia, instrumentos musicais, voz e movimentos corporais, trazendo elementos de percepção auditiva e musical como base para a formação e para uma melhor gestão do tempo», refere.
A musicoterapia empresarial enfatiza as relações trazendo elementos integradores da música, como a cultura musical, a comunicação verbal e não-verbal. «Já que a música é uma linguagem universal, integrando as suas bases na organização consegue-se maximizar o desenvolvimento humano», afirma Mirian Steinberg.
A prática da musicoterapia empresarial tem como finalidade melhorar o rendimento e a produtividade, o bem-estar e a saúde integral, além de ajudar o desenvolvimento, trazendo humanização e responsabilidade social ao trabalho.