Jaba Recordati: Libertar todo o potencial da vida

Há quase 100 anos a promover a saúde e bem-estar de todos, a Jaba Recordati assumiu, recentemente, um novo propósito, ainda mais abrangente e alinhado com os valores da empresa: “Unlocking the full potential of life”. Envolvendo lideranças e colaboradores, o novo propósito vive-se dentro da empresa e isso sente-se por fora, através de investidores e clientes.

 

Ana Teresa Porfírio, directora de Recursos Humanos da Jaba Recordati, define as linhas que sempre orientaram a organização naquele que é o seu papel para a sociedade, mas sobretudo como se vêem e sentem enquanto empresa: «Enquanto companhia do sector da saúde/farmacêutico, o nosso propósito sempre procurou reflectir o compromisso na área da saúde, melhorar os resultados para os pacientes e contribuir para o objectivo mais amplo da sociedade, de promover a saúde e o bem-estar para todos».

No entanto, e ao fim de quase 100 anos de existência, o grupo internacional farmacêutico assumiu, recentemente, um novo propósito, «que define a razão pela qual a nossa empresa existe para além de gerar lucro», explica a mesma responsável. “Unlocking the full potential of life” é, nesse sentido, a nova forma como a organização se vê e a maneira de resumir o trabalho que tem sido feito nos últimos anos. «A Recordati cresceu e mudou ao longo dos últimos 15 anos e é importante que o nosso propósito reflicta quem realmente somos hoje, no que acreditamos e o que nos impulsiona todos os dias a dar o nosso melhor pelos pacientes que servimos», defende Ana Teresa Porfírio.

Assumindo que o propósito não é algo que possa ser concluído ou marcado numa lista, a directora de Recursos Humanos adianta que este estabelece expectativas, tanto internamente (para liderança e colaboradores) quanto externamente (para clientes e investidores), envolvendo os colaboradores e as restantes partes interessadas na definição do seu propósito.

Ressalvando a importância de escutar activamente os colaboradores e da ajuda destes no processo de decisão, a Recordati lançou, no início de 2023, um desafio a todas as filiais do grupo, para que fossem identificados colaboradores com diferentes backgrounds, de forma a constituir um grupo de embaixadores da Cultura Recordati. Este grupo dedicaria tempo «a analisar a declaração de propósito existente, explorando o porquê de nos orgulharmos de trabalhar para a Recordati e o que nos impulsiona», partilha a mesma responsável. Numa companhia presente em 150 países, este trabalho conjunto foi feito numa perspectiva bottom-up, que levou a que este grupo de embaixadores sentisse o propósito como seu, moldando e definindo o renovado propósito que o Grupo tem actualmente: “Unlocking the full potential of life”.

Esta acção não se revelaria apenas factual para este resultado, existindo um outro objectivo que se veio a concretizar com grande sucesso. «Havia a expectativa de que, no regresso aos seus países de origem, a “contaminação boa” deste trabalho fosse facilitada por estes embaixadores, o que acabou por acontecer », adianta Ana Teresa Porfírio. Com um objectivo muito concreto em mente, esta nova definição do propósito pretendia que as pessoas se ligassem a este e o tornassem seu também, que reconhecessem «a sua identidade e o seu significado, e o impacto que esta descoberta e reposicionamento tem na organização como um todo», complementa.

Uma transformação desta envergadura trouxe um orgulho imenso à empresa, mas também alguns desafios. «A mudança é sempre um processo, pelo que leva tempo, é desafiante, põe em causa a cultura vigente, a sua identidade e tem fases e desafios diferentes que devemos saber identificar e actuar. O que não devemos é perder o foco do que nos levou a este projecto», justifica a responsável de Recursos Humanos.

No final, todo este processo levou a que a organização recebesse o reconhecimento do sucesso desta missão e lhe fosse atribuída uma distinção em 2023: «Para nós, o corolário, a validação da forma como decidimos abraçar este desafio de renovar o nosso propósito e como o deveríamos difundir pela filial portuguesa foi, sem dúvida, o resultado de um estudo conduzido pela Purpose Lab que nos atribuiu o primeiro lugar do top 10 das organizações com Propósito em Portugal. O facto de este resultado decorrer das respostas das nossas pessoas ao questionário reflecte que devemos continuar a investir em práticas com propósito e reforçar a cultura e propósito da organização », defende.

COLOCAR O PROPÓSITO AO SERVIÇO DE TODOS

O propósito deve servir não apenas a organização, mas também os stakeholders e a comunidade. Para o êxito do mesmo é importante que valores que a empresa defende – como a qualidade e segurança do produto, integridade, desempenho, sustentabilidade e protecção de pessoas – se relacionem com o propósito da mesma. Sobre essa temática, Ana Teresa Porfírio refere que o propósito de qualquer organização deve estar no centro daquela que é a cultura da organização, sendo que os líderes têm um papel de o tornar claro através da ligação à visão, missão e valores da empresa, contribuindo para o desenvolvimento das equipas e melhorias dos resultados, independentemente dos contextos. Essa realização traduz-se, então, «em sabermos quem somos como organização, equipa e pessoas, e como é que eu, individualmente, consigo encontrar o meu propósito individual e colocá- lo ao serviço da minha organização, ou seja, trazer significado àquilo que faço no meu dia-a-dia», reitera a directora de Recursos Humanos.

Precisamente, uma das primeiras iniciativas que a Jaba Recordati levou a cabo no ano de 2023 foi reflectir internamente de que forma este renovado propósito poderia impactar o projecto de “give back to Community”, algo intrinsecamente relacionado com os valores da empresa. «Decidimos reposicionar o projecto [give back to Community] alinhado com o propósito, identificando três eixos de actuação (saúde, diversidade e sustentabilidade), com o propósito no centro do projecto», começa por explicar Ana Teresa Porfírio, prosseguindo com a contextualização de outras acções: «Em Setembro, fizemos a apresentação do renovado Recordati Care e, em Outubro, marcámos este reposicionamento com uma acção com toda a organização, onde, para além de nos associarmos a um projecto que integra na sua intervenção social os eixos da Recordati Care, pudemos também apresentar de forma detalhada como o propósito da companhia está presente em tudo aquilo que desenvolvemos no nosso dia-a-dia de trabalho.»

Além dos valores, visão e missão, o propósito influencia, igualmente, a cultura organizacional e na Jaba Recordati não é diferente. «A cultura de qualquer organização é um componente que impacta no ambiente de trabalho e nos valores da organização, que se traduzem por sua vez em práticas visíveis. Isto quer dizer que a cultura vivida na organização nos dá informação acerca da percepção de satisfação no trabalho, dos níveis de engagement dos trabalhadores e até da sua produtividade», sublinha Ana Teresa Porfírio. Sendo o propósito reconhecido como um impulsionador que molda a cultura e tem um impacto nos pontos acima identificados, a verdade é que também influencia na retenção do talento. O desafio foi não ter o foco apenas no “o quê” e no “como” do negócio mas puxar este foco também para o “porquê”. «Há um autor que afirma que o objectivo último do papel do propósito na cultura de uma organização é alinhar valores com valor, sendo que o que se gera daqui é sempre amplificado para os stackeholders», remata a directora de Recursos Humanos.

OLHOS POSTOS NO AMANHÃ

Como é que uma empresa como a Jaba Recordati comunica, então, o seu propósito, enquanto empresa, aos seus clientes, parceiros e investidores? Alinhando o seu propósito como a sua identidade, a Jaba Recordati procurou que algo que fosse único, construído de dentro para fora e envolvendo todos. «Continuamos num trabalho de interiorização no nosso ADN. Para isso, reunimos periodicamente com o grupo de embaixadores de cultura para análise dos resultados das acções já implementadas e para o desenvolvimento de novas acções», aponta.

Indo um pouco mais longe e tentando perceber a forma como fazem chegar o seu propósito aos clientes e parceiros, a aposta recai na simplicidade com impacto directo: «Coisas tão simples como fazer aparecer o nosso propósito de forma mais ou menos subtil em todos os materiais, suportes, tecnologias de que dispomos. Decorámos, também, a nossa sala de formação com o nosso propósito, usamos diferentes versões do propósito de acordo com o stakeholder que pretendemos alcançar, continuamos a trazê-lo para as nossas práticas (que resultam da cultura) e ajustamo-las ao propósito, entre muitas outras iniciativas», explica.

Para manter e fortalecer o seu propósito renovado no futuro, a Jaba Recordati está já a desenvolver iniciativas que continuem a reforçar a sua cultura de Propósito para 2024, através, por exemplo, da criação de diferentes grupos de trabalho internacionais para desenvolver projectos em áreas como D&I, Core Competencies, Global Initiatives, ESG, entre outras. «Acreditamos que o reforço da nossa identidade enquanto organização através do propósito e com o contributo individual de cada um impacta positivamente a nossa cultura, conduzindo a melhores resultados e a um posicionamento diferenciado no sector farmacêutico», conclui Ana Teresa Porfírio.

Este artigo faz parte do Especial “Propósito Organizacional” publicado na edição de Fevereiro (n.º 158) da Human Resources.

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