Lifelong learner: preparado para se tornar um?

Esqueça o que pensa que sabe sobre educação. Apague o paradigma tradicional de ensino linear, fragmentado e repetitivo, que marcou o século passado. Para estarmos preparados para os desafios do século XXI, é preciso interiorizar que, daqui para a frente, temos que aprender, desaprender e aprender novamente.

Por Sandra Turchi, directora e fundadora da Digitalents

 

No século XXI, todos, sem excepção, vamos precisar de nos tornar “lifelong learners”. Eternos aprendizes seria a tradução literal do termo, que começou a ser usado ainda no já distante  ano de 1993, mas cuja popularização é recente. Aprendizes contínuos, no sentido de busca incessante por novos conhecimentos e, principalmente, experiências.

Uma educação voltada a uma função específica, exercida pelo resto da vida, não faz o menor sentido nos dias de hoje. O paradigma do século XX, de educação tecnicista, definitivamente não vai preparar ninguém para os desafios no século XXI. Estruturas que até pouco tempo serviam, agora estão a desmoronar – sobretudo em relação às novas gerações.

Na era digital, o conhecimento é conectado, não-linear e interdisciplinar. O “mindset” é outro. E a única maneira de estar preparado é entender a aprendizagem, não como processo condicionado a determinado número de anos, ou a uma etapa específica da vida, mas como um projecto de longo prazo, que começa na primeira infância e não tem data para acabar. A aprendizagem ao longo da vida, aprendendo, desaprendendo, e aprendendo novamente, será a única forma de nos mantermos em conexão com o mundo.

Toda essa transformação traz desconforto e insegurança. Mas a questão passa pelas nossas próprias escolhas: vamos permanecer nostálgicos em relação ao passado ou seguir em frente, autodesafiando-nos, aprendendo e evoluindo constantemente. É necessário coragem para “deitar fora” muito do que aprendemos no passado. A propósito: costumo sempre usar a expressão “non-stop learning” para falar sobre esta necessidade de aprendizagem contínua e permanente.

Adquirir novas competências, que substituam as que caducaram, deve ser uma constante. Melhor ainda do que tentar obter essas competências na vida adulta, é estimulá-las nas crianças desde cedo. Isso pode ser feito nas escolas através de estratégias e práticas já testadas e comprovadas. Aprendizagem por projectos, mentoring, mentalidade de crescimento (growth mindset) e metacognição (o aprender a aprender), são algumas delas.

A preparação para os novos tempos pode – e deve – começar na sala de aula. O quanto antes. O mais importante é os alunos e, principalmente, os educadores de hoje, terem a consciência de que, para produzirmos pessoas bem-sucedidas, realizadas e capazes de criar e cocriar no mundo actual, todos nós – crianças, jovens e adultos – teremos que estudar a vida inteira. Dessa forma, aprender a aprender passa a ser imprescindível. Porque, parafraseando o meu amigo Romeo Busarello, “não vivemos só uma época de mudança, mas uma mudança de época”.

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