Menos de 20% das empresas portuguesas cumpre prazos de pagamento aos fornecedores

São apenas 18,1% as empresas que pagam aos seus fornecedores dentro dos prazos acordados. Dois terços das empresas pagam com atrasos até 30 dias e há 5,5% de empresas com atrasos superiores a 90 dias. O atraso nos pagamentos é uma situação transversal a todos os setores e a todas as regiões em Portugal.

Os dados são de Maio e pertencem à 9ª edição do estudo sobre comportamentos de pagamento das empresas, realizado pela Informa D&B. O estudo vai ser divulgado através de um conjunto de conferências em diversos pontos do país – “Programa Compromisso Pontual” – numa iniciativa promovida pela ACEGE, CIP, IAPMEI, Ordem dos Contabilistas Certificados e Apifarma, que têm o apoio da Informa D&B e do Santander.

O montante agregado por pagar aos fornecedores atinge cerca de 68,2 mil milhões de euros. Os atrasos nos pagamentos podem gerar graves constrangimentos na liquidez das empresas credoras, sobretudo nas de menor dimensão, afetando a sua disponibilidade para fazer frente aos compromissos já assumidos ou a investimentos.

Depois de ter atingido um pico de 27,1 dias no final de 2020 a média de dias de atraso caiu durante a pandemia, atingindo o valor mais baixo de 21,9 nos finais de 2022. No entanto, desde essa data voltou a crescer, sendo no final de Maio deste ano de 23,1 dias.

Os atrasos nos pagamentos são transversais a todas as dimensões de empresas. Mas a percentagem de cumpridoras é maior entre as microempresas (21,6%), sendo cada vez menor à medida que aumenta a dimensão da empresa.

Nas grandes empresas, apenas 3,7% cumpre os prazos acordados com os fornecedores. No entanto, é também nas microempresas que está a maior percentagem de empresas com grandes atrasos, assim como é maior o número médio de dias de atraso.

Em relação ao panorama internacional, Portugal está entre os países onde menos empresas cumpre os prazos de pagamento. Nos países analisados na última edição do estudo ‘Payment Study’ elaborado com dados de 2023 pela CRIBIS D&B, e no qual a Informa D&B participa com informação das empresas portuguesas, a Dinamarca (94,2%), a Polónia (82,7%) e a Nova Zelândia 81,4%) são os países com maior percentagem de empresas cumpridoras. Portugal, o Egipto e a Roménia são os países onde menos empresas cumprem os seus compromissos de pagamento com os fornecedores.

No contexto europeu, a Directiva Europeia de Pagamentos, introduzida em 2013, parece ter tido efeito na maior parte dos países, ao contrário do que aconteceu em Portugal. A percentagem de empresas que em Portugal cumpre os prazos de pagamento está a afastar-se dos números registados na Europa.

No final de 2023, 47,7% dos países europeus monitorizados pela CRIBIS D&B pagavam dentro dos prazos, uma percentagem que era de 19,2% em Portugal. Esta é a maior diferença dos últimos anos, uma diferença que chegou a ser de 14 pontos percentuais em 2009 e de 17pp em 2015.

De acordo com o indicador de Risco Delinquency da Informa D&B, que reflecte a probabilidade de, nos próximos 12 meses, uma entidade registar um atraso de pagamentos superior a 90 dias a pelo menos um dos seus credores, quase 9% de empresas mostra um risco médio-alto ou elevado. Cruzando este dado com o indicador de Resiliência Financeira, considerando as empresas com níveis de resiliência mais baixos, a Informa D&B identifica cerca de 41 mil empresas com maior risco de atrasos significativos nos seus pagamentos aos fornecedores.

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