«Muito também se perde no teletrabalho», afirma Fernando Neves de Almeida, managing partner na Boyden Portugal

Sobre os resultados do XXX Barómetro Human Resources, Fernando Neves de Almeida, managing partner na Boyden Portugal, acredita que, apesar das vantagens do teletrabalho, «muito também se perde: aprendizagem com colegas no local de trabalho e entreajuda, uma liderança mais complexa de exercer, uma diminuição do espírito de pertença e engagement e uma maior dificuldade em aculturar novos membros».

 

«O que me chama a atenção neste barómetro é o número de pessoas que considera que o teletrabalho veio para ficar de uma forma mais generalizada. Como já tive oportunidade de manifestar em artigo de opinião anteriormente escrito, esta pandemia veio, em minha opinião, acelerar algumas mudanças que já estavam a ocorrer na nossa sociedade. Uma delas, o recurso ao teletrabalho. A tecnologia já está madura e as vantagens que pode trazer para as empresas e para os indivíduos é clara em alguns casos: menos custos com espaço, menos tempo com deslocações e maior flexibilidade de organização do trabalho. No entanto, chamo a atenção que muito também se perde: aprendizagem com colegas no local de trabalho e entreajuda, uma liderança mais complexa de exercer, uma diminuição do espírito de pertença e engagement e uma maior dificuldade em aculturar novos membros. Assim, eu não seria tão taxativo na resposta a esta questão. Não creio que o teletrabalho tenha vindo para ficar, em maior dimensão do que a evolução normal da cultura organizacional o tornaria uma realidade. Acelera um pouco o processo, quanto mais não seja porque a legislação a isso obriga, mas evoluirá naturalmente. Quer queiramos quer não, somos animais sociais que buscamos prazer na interacção pessoal, coisa que muitos de nós extraímos da presença física nos locais de trabalho. É um “plus”, mesmo para quem gosta muito do que faz.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Maio da Human Resources, no âmbito da XXX edição do seu Barómetro.