Neotalent: «O sector das tecnologias de informação é um dos mais vibrantes da economia»
Move My Talent é o nome do novo programa de mobilidade interna de Neotalent, uma empresa do Grupo Novabase.
A mobilidade interna apresenta-se como uma solução vantajosa em muitos contextos, dado que reduz os tempos de adaptação de novos colaboradores às empresas e ainda permite aumentar os níveis de satisfação daqueles que estão receptivos a essa mobilidade. Recentemente, a Neotalent lançou um novo programa nesta área, com o nome Move My Talent, explicado à Human Resources Portugal por Marta Vicente, head of People.
Em que é que consiste o novo programa de mobilidade interna da Neotalent, Move My Talent?
O Move My Talent é um programa de desenvolvimento profissional que inclui a mobilidade interna como uma das alternativas para a evolução de carreira. Destina-se a todos os colaboradores que trabalhem para clientes externos ao grupo Novabase e que estejam na Neotalent há mais de 18 meses.
O lançamento deste programa interno surge de forma natural, até porque faz parte da nossa cultura sermos rapidamente adaptáveis e criarmos condições de excelência para as pessoas que trabalham connosco. Na prática, é mais uma forma de nutrirmos os nossos valores organizacionais: conhecimento, agilidade, confiança e responsabilidade.
Porquê o lançamento de um programa deste género? Quais os objectivos?
O sector das Tecnologias de Informação (TI) é um dos mais vibrantes da economia, e as dinâmicas de oferta e procura de talento tecnológico são um desafio constante para as organizações, e em particular para as áreas de Recursos Humanos. Na Neotalent, permanecemos atentos a estas tendências e, acima de tudo, empenhados em auscultar as nossas pessoas.
No recente inquérito interno que realizámos, entre Julho e Agosto deste ano – intitulado “Make Your Voice Heard 2021” –, 84% dos participantes referiu que, para si, o futuro do trabalho incluía a existência de mobilidade interna, em que estes tivessem o empowerment para se candidatarem a novas experiências laborais (43%) ou em que a empresa lhes sugerisse novas oportunidades (41%).
Este novo programa, Move My Talent, é uma forma concreta de acolhermos a vontade expressa dos colaboradores de terem mais autonomia para definirem a sua própria carreira na Neotalent. Assim, esperamos reter mais talento, e ainda manter motivadas as nossas equipas, oferecendo-lhes a possibilidade de se desafiarem a si próprias em projectos com os quais se identifiquem em determinada fase da sua carreira, contribuindo para a sua realização pessoal e profissional.
Esta é uma forma de tentar reter talento?
Não só de reter, mas também de desenvolver. Porque, no limite, ao não criarmos as melhores condições para que as pessoas possam crescer e realizar-se na Neotalent estamos a permitir ou que deixem de evoluir ou que saiam da organização. E isso também poria em causa o compromisso último que temos com os nossos clientes, que é o de ter o melhor talento tecnológico ao serviço das suas missões.
Há três anos consecutivos que testemunhamos a diminuição do turnover (taxa de rotatividade) na Neotalent, e continuamos empenhados em reduzir activamente este número, que é já mais baixo do que a média do sector das TI.
Queremos continuar a ser a mais ágil empresa na procura e adequação de talento tecnológico na resposta aos desafios dos nossos clientes. Para isso, precisamos de reter os melhores profissionais da indústria, através de uma aposta contínua na sua carreira e bem-estar.
Foi referido que este programa já foi testado nos últimos meses. Como correram esses testes e quais as conclusões?
O programa que agora lançámos é uma versão melhorada e mais alargada de um projecto piloto que começou no ano passado, em 2020. Esta primeira versão permitiu-nos ter uma amostra suficientemente relevante para ter noção dos impactos da mudança na gestão das equipas e perceber que estávamos no caminho certo. O acolhimento por parte dos clientes e o feedback dos colaboradores envolvidos foi muito positivo, o que acabou por ser decisivo na criação e lançamento desta nova iniciativa interna.
Quem é que são os colaboradores elegíveis para o programa e de que forma se podem candidatar?
Este programa está aberto a todos os colaboradores que estejam na Neotalent há 18 meses e que trabalhem para clientes externos. Na sua base, existe um processo inclusivo e transparente, orientado por uma equipa multidisciplinar.
Como vai funcionar na prática: depois de uma primeira fase de candidaturas, os colaboradores elegíveis passam a ser acompanhados por uma equipa dedicada ao programa. Ao longo do processo de análise pretende-se identificar o propósito do(a) colaborador(a), que poderá ter um caminho mais orientado para o seu desenvolvimento e formação, ou um mais orientado para um processo de transição. Este plano personalizado é sempre construído em conjunto com o(a) profissional, tendo em conta os seus interesses e ambições de crescimento.
Queremos que todas as pessoas sintam que na Neotalent há sempre margem para continuarmos a aprender, a enriquecer a nossa experiência, a arriscar novos caminhos, a escolher novas aventuras… rumo à nossa concretização pessoal e profissional.
De que forma é feita a avaliação interna que se segue? Quais os critérios para a tomada de decisão sobre a mobilidade de um colaborador?
A avaliação das candidaturas ao programa Move My Talent é feita com base nas respostas dos colaboradores a um questionário inicial e, num segundo momento, a análise é complementada por uma entrevista informal com um dos elementos da equipa multidisciplinar dedicada à gestão deste programa.
A expectativa de cada colaborador(a), o nível de satisfação com o projecto actual ou o risco de saída são factores-chave na condução destes processos. Na verdade, muitas vezes não se trata apenas da mobilidade em si, mas da preparação das pessoas para novos desafios. Isso passa pela definição de Planos de Desenvolvimento Individuais, que pressupõem formação, identificação de novas experiências e self-learning, construídos à medida e de acordo com aquelas que são as oportunidades internas.
O compromisso da Neotalent é o de humanizar ao máximo estes processos e torná-los cada vez mais orgânicos, dando às pessoas o empowerment e a responsabilidade inerente aos mesmos.
Qual é a adesão que esperam por parte dos colaboradores?
Com base na experiência do projecto original, acreditamos que exista alguma adesão, mas mais orientada para o desenvolvimento profissional. A verdade é que na Neotalent já temos um processo muito criterioso de selecção de projectos e de combinação destes com as competências e expectativas dos nossos colaboradores e este programa vem acrescentar alguma versatilidade.
Quando questionadas sobre o que significa a cultura Neotalent, por grau de importância, 78% das pessoas inquiridas no mais recente questionário interno, refere o “desenvolvimento profissional”, logo seguido de “carreira” (58%) e de “responsabilidade” (50%). Este feedback enfatiza aquilo em que acreditamos: que somos uma empresa orientada para o desenvolvimento de Talentos, garantindo a liberdade de escolha e a equidade no acesso a novas oportunidades profissionais.
Existem áreas onde esta mobilidade interna faz mais sentido? Quais e porquê?
Os programas de mobilidade interna e desenvolvimento profissional fazem sentido em todas as áreas, pois devem ser – por definição – inclusivos e parte integrante da gestão de pessoas. Pelas características e circunstâncias actuais do mercado de talento, prevemos que este programa tenha maior incidência nas equipas de consultoria em Tecnologias de Informação. Existe uma constante procura por novas experiências e renovados desafios tecnológicos, que vemos como uma oportunidade e uma vantagem competitiva, face à diversidade de projectos e de clientes de referência que temos e que podemos oferecer aos nossos colaboradores.
Em termos gerais, como se caracteriza a importância deste tipo de programas que promovam a mobilidade interna?
Vivemos actualmente num mundo designado por BANI (Brittle, Anxious, Non-linear and Incomprehensible — Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível), no qual as áreas de Recursos Humanos têm um papel fundamental, principalmente quando falamos de modelos de trabalho flexível, saúde mental e de uma fervorosa área de TI caracterizada pela escassez de profissionais especializados. Olhar para os modelos de negócio e adaptá-los é indispensável. Os programas de mobilidade interna são um mecanismo que, bem aplicado, torna as empresas mais ágeis, principalmente como forma de retenção e de captação de novos talentos.
Adicionalmente, fazer um diagnóstico regular que permita recolher este tipo evidências é crucial para a definição de uma estratégia assente nas pessoas, que depois se concretiza na criação de programas como o Move My Talent, que se traduzem num impacto positivo para toda a organização.
Quais as vantagens e desafios desta lógica de mobilidade interna face a um processo de recrutamento externo? Uma das grandes vantagens da mobilidade interna é o aumento da agilidade na gestão do talento. Por um lado, reduzimos o tempo e custo necessários de adaptação a uma nova empresa e/ou projecto. Por outro, maximizamos a experiência interna do colaborador e os tempos de resposta aos clientes, em comparação com o recrutamento externo.
O mercado está cada vez mais exigente e os clientes também, o que os leva a confiar em empresas que, como a Neotalent, consigam ter uma resposta imediata àquilo que são as exigências actuais de cada área de negócio. Proporcionar esta possibilidade de mudança não é sinónimo de instabilidade, mas sim de solidez naquilo que é a nossa missão: acreditar nas nossas pessoas e colocar os talentos certos no sítio certo, à medida das necessidades dos clientes.
Esta entrevista faz parte do Especial “Mobilidade Interna” na edição de Outubro (n.º 130) da Human Resources nas bancas.
Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.